Assim que fizeram a primeira entrega da safra de tabaco de 2017, Leandro Hickmann e Carina Pires seguiram para o escritório da Emater/RS-Ascar. Era hora de tirar um sonho do papel: diversificar a produção. Com as orientações dos extensionistas, investiram na produção de morangos semi-hidropônicos em estufa. “Queríamos algo diferente, mas que desse renda maior ou pelo menos igual à do tabaco”, explica Hickmann.

Com o auxílio técnico, o casal pôde aprender mais sobre o cultivo da fruta, qualificar a produção, por meio de técnicas biológicas, e compreender a relevância de outras atividades na propriedade rural de Linha Antão. “Se não fosse pela Emater, teria sido praticamente impossível. Seguimos com 35 mil pés de tabaco, mas o morango nos proporciona um retorno financeiro imediato na venda”, comenta Carina. Cerca de dois anos depois do investimento, os 2,3 mil pés de morango produzem entre 40 e 50 quilos da fruta, por semana. A venda é feita diretamente aos consumidores. “As próprias pessoas fazem a propaganda, um fala para o outro. A procura é muito grande e a produção nem chega”, conta a agricultora.

Em junho e julho do ano passado, o casal também participou do projeto-piloto Sistema Colhe e Pague, encabeçado pelo departamento de Turismo de Venâncio Aires. Desde lá, aos fins de semana, a propriedade abre as portas para interessados em colher e comprar morangos. “Tiramos dúvidas das pessoas, explicamos como é a produção, falamos da importância das abelhas sem ferrão para a polinização dos moranguinhos”, destaca Leandro. “É uma experiência diferente e prazerosa para as famílias.”

Foto: Juliana Bencke / Folha do MateLeandro e Carina recebem os visitantes para colher e comprar morangos, aos fins de semana
Leandro e Carina recebem os visitantes para colher e comprar morangos, aos fins de semana

Gestão Sustentável: programa para conhecer a agricultura familiar e qualificar os processos

Iniciado em 2016, o Programa de Gestão Sustentável da Agricultura Familiar conta com a participação de 84 famílias em Venâncio Aires. A exemplo dos empreendedores de Linha Antão, integram o projeto produtores de gado de leite, gado de corte, hortaliças, grãos, tabacos, piscicultura e agroindústrias.

A iniciativa do Governo do Estado é executada pela Emater/RS-Ascar e propõe que, a partir de assistência técnica, os agricultores conheçam a fundo sua propriedade, desafios e possibilidades, incluindo desde questões contábeis e financeiras até aspectos ligados à produção.

“A família começa a enxergar a importância de anotar as informações e controlar para onde está indo o dinheiro. Assim, passa a ter uma visão macro da propriedade e prever um resultado final”, observa o chefe do escritório municipal da Emater, Vicente Fin.

De acordo com ele, além de proporcionar uma visão mais ampla dos empreendimentos e estimular uma gestão sustentável, o programa garante um mapeamento da situação da agricultura no Rio Grande do Sul, a partir dos relatórios periódicos enviados à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo. “É uma forma de ver com clareza como estão as propriedades e como está, por exemplo, a questão da sucessão familiar, e a partir disso, assim, embasar políticas públicas.”

 

Autoanálise nas propriedadesA partir da assistência técnica da Emater/RS-Ascar, as famílias participantes conheçam e analisem seus resultados financeiros, para pensar em planos a curto, médio e longo prazo. Um dos fatores que chama atenção, segundo o chefe da Emater, Vicente Fin, é a importância da produção de alimentos dentro das propriedades. “Com o programa, as famílias passam a enxergar, financeiramente, o quanto elas produzem e deixam de gastar com a aquisição de alimentos, por exemplo.”