Foto: Alvaro Pegoraro / Folha do MateCelson Faleiro mostra o raio-x que comprova as fraturas sofridas no nariz após queda de escada enquanto trabalhava
Celson Faleiro mostra o raio-x que comprova as fraturas sofridas no nariz após queda de escada enquanto trabalhava

O dia 22 de fevereiro jamais sairá da memória de Celson Faleiro, de 44 anos. O motivo, no entanto, não é nada agradável. Nesta data, ele fazia trabalho de limpeza na região central de Venâncio Aires, utilizando uma escada, quando escorregou e caiu, por volta das 10h50min. Foi socorrido e, cerca de dez minutos depois, profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) entravam com o paciente no plantão 24 horas do Hospital São Sebastião Mártir (HSSM) para a sequência dos procedimentos.

Foi a partir daí, segundo relato do morador da localidade de Cerro dos Bois, que ele começou a se ver envolvido em uma situação delicada. Faleiro – auxiliado pelas lembranças da esposa – conta que ao chegar no hospital foi informado que havia sofrido um corte na testa e, provavelmente, fraturado o nariz. Contudo, precisaria ser submetido a exame de raio-x para a confirmação da suspeita. Logo recebeu curativos nas áreas atingidas e foi levado para a realização do exame. Após, ficou à espera do resultado.

Faleiro afirma que já estava no corredor há três horas “quando me chamaram para costurar a testa e saiu o resultado do raio-x, que mostrou que eu tinha quebrado o nariz em dois lugares”. Um médico especialista foi chamado, recorda o paciente, e teria dito que seu caso demandava um procedimento cirúrgico, que não era possível a realização pelo Sistema único de Saúde (SUS) e custaria cerca de R$ 3 mil. Além disso, conforme declarações de Celson Faleiro, a cirurgia seria feita dois dias depois e não naquele momento. “Eu estava todo sujo de sangue, apavorado e tentei conseguir o dinheiro”, relembra ele.

PRESSãOO morador de Cerro dos Bois garante ter sofrido “uma certa pressão” para assinar documentos pelos quais concordaria em “acertar a cirurgia particular”. Mas, como não tinha certeza de contar com os recursos necessários para o custeio do procedimento, continuou os contatos com familiares e alguns amigos, até que chegou ao vereador Eduardo Kappel (PP), seu conhecido. O político, que também é advogado, foi até a casa de saúde e, ao tomar conhecimento da situação, orientou Faleiro a se retirar do local, pois seria levado a profissional médico da confiança de Kappel, o otorrinolaringologista Gilmar Coutinho.

A versão de Faleiro foi levada à tribuna da Câmara, na sessão de segunda-feira, 6, pelo vereador do PP. Kappel declarou que “em 15 minutos, o Gilmar Coutinho colocou o nariz dele no lugar e cobrou apenas uma consulta normal”. Em razão dos fatos, o progressista solicitou que um representante do HSSM vá ao Legislativo na sessão da próxima semana para comentar sobre a situação. Segundo ele, “foi uma tentativa de tirar o dinheiro desta família a todo o custo”. O vereador disse ainda que uma enfermeira teria se negado a entregar os exames feito no hospital sob a alegação de que demorariam alguns dias para ficarem prontos. “Enquanto eu ajeitava a consulta, ela ofereceu até o parcelamento da cirurgia”, falou.

FêMURAo ouvir o relato de Kappel na tribuna, o vereador Ciro Fernandes (PSC) falou sobre outro caso de suposta tentativa de cobrança de procedimentos médicos na instituição de saúde venâncio-airense. “O que o senhor fala é uma verdade, e isso vem acontecendo há muito tempo. A população se omite em denunciar porque tem muito medo de precisar novamente do médico e não ser atendida”, disse Fernandes, para em seguida acrescentar: “Não faz muito tempo a mãe de uma amiga minha teve o fêmur fraturado e tentaram de todas as formas cobrar uma cirurgia num valor altíssimo, não tenho certeza se era R$ 10 mil ou R$ 20 mil. Seguraram o que deu, até que conseguiram fazer a cirurgia pelo SUS.