A tão aguardada duplicação da RSC-287 ainda irá demorar mais alguns meses para sair do papel. Inicialmente, como projetado por Leandro Conterato, diretor-geral da Rota de Santa Maria, concessionária que administra o trecho entre Tabaí e Santa Maria, em participação no painel Gente & Negócios, da Folha do Mate e Rádio Terra FM, as obras seriam iniciadas em setembro. No entanto, novos estudos técnicos mudaram o cronograma preestabelecido – que projeta para novembro as primeiras ações.
Segundo Conterato, o desafio da concessionária é fazer a compatibilização das obras de duplicação, que estão por iniciar, com as de reconstrução definitiva dos trechos destruídos pelas enchentes de maio. “Pelo volume de obras e pontos, diante do cronograma original proposto em contrato, serão necessárias alterações. Para a recomposição dos trechos iniciais e com o objetivo de causar o menor impacto para os usuários, primeiro vamos construir a duplicação, liberar o tráfego nessa pista e, depois, reconstruir a parte destruída”, explicou, em entrevista ao programa Terra em Uma Hora, da Rádio Terra FM, nesta sexta-feira, 13.
Dessa forma, ele elenca como trechos prioritários, onde serão iniciadas as obras, Venâncio Aires (Vila Mariante, cerca de cinco quilômetros destruídos pelas águas do rio Taquari e que contam com desvios temporários), Candelária, Paraíso do Sul e Santa Maria. Estes pontos têm operação de desvios ou pontes provisórias, projetados para serem usados, de forma emergencial, por alguns meses. “Eles são prioridades, principalmente por questões de segurança, afinal, em caso de novas enchentes ou eventos climáticos extremos, podem novamente colapsar”, acrescentou.
E os eventos climáticos extremos são o principal motivo para o atraso na construção. Conterato afirmou que, para a reconstrução e duplicação nestes trajetos, será necessário observar novos parâmetros de dimensionamento, para prevenir futuros riscos. “Para definir quais serão esses parâmetros, como a inclusão de pontes secas e a nova cota final da rodovia para segurança, precisamos de estudos técnicos de hidrologia e hidráulica, que são complexos. Em decorrência disso, demandará mais tempo para desenvolver o projeto, apresentar para o Estado, ter aprovação e o sinal verde para as obras.”
Acessos
Conterato ainda comentou sobre um dos assuntos que mais preocupa os moradores próximos da rodovia: os acessos para as propriedades e localidades. Conforme o diretor-geral da Rota de Santa Maria, historicamente não havia controle para a construção de acessos e, agora, com a nova concessão e o objetivo de uma duplicação que modernizará a rodovia, os acessos precisam seguir questões de segurança e padrões normativos.
Ele afirmou que a desatenção ao entrar ou sair dos acessos atuais é a segunda maior causa de acidentes na RSC-287, no trecho administrado pela concessionária. “Teremos padrões, como distância mínima entre acessos, sinalização e segurança. Por exemplo, não poderemos ter um acesso a cada 20 metros em uma rodovia duplicada e que pensa o futuro com o atendimento de alto nível”, disse.
Para isso, será necessário construir vias locais para conectar os acessos à rodovia, que ainda passam por análises internas entre Governo do Estado e Rota de Santa Maria, para desenvolver a melhor forma de executar os trabalhos e não gerar problemas durante a duplicação. “É uma discussão que segue para encontrar uma solução para que possamos iniciar as obras com o mínimo de impacto para a população.”
“Não podemos reconstruir igual e sofrer com as mesmas consequências, esse é um alinhamento entre a concessionária e o Governo do Estado para a duplicação com novas características para prevenir danos em caso de novos eventos climáticos extremos.”
LEANDRO CONTERATO
Diretor-geral da Rota de Santa Maria
Pedágio
• Projetada inicialmente para 30 de agosto, a definição sobre a revisão anual da tarifa do pedágio da RSC-287, no trecho entre Tabaí e Santa Maria, administrado pela Rota de Santa Maria, do Grupo Sacyr, foi adiada para a segunda quinzena de setembro.
• A confirmação, feita pela Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Rio Grande do Sul (Agergs), tem como justificativa a inclusão dos cinco itens de reequilíbrios econômico-financeiros requeridos pela concessionária necessitam de maior análise técnica.
• Segundo o diretor-geral da Rota de Santa Maria, Leandro Conterato, o trâmite segue internamente na Agergs para calculo que leva em conta a inflação, desconto de possíveis apontamentos da agência reguladora e efeitos de equilíbrios de contrato. “É um calculo complexo, mas em, no máximo duas semanas, devemos ter uma resposta definitiva e, assim que tivermos, será avisado com antecedência para os usuários.”
• Dos cinco pedidos, o de maior impacto é de R$ 45.534.318,27, devido a sobrecustos arcados pela concessionária no primeiro ano da concessão, decorrentes de obras adicionais, não previstas no contrato, que tiveram que ser executadas. O pedido atende a solicitações na qualidade do pavimento entre os quilômetros 28 e 176 quilômetros de concessão da RSC-287.