O vice-prefeito de Venâncio Aires, Celso Krämer (PTB), confirmou na manhã de ontem que está trabalhando para que Eduardo Kappel (PTB) seja o presidente da Câmara de Vereadores em 2019. No entanto, ele não concorda que é o governo que está bancando o parlamentar para o comando do Legislativo: “As tratativas são como presidente do PTB, não como vice-prefeito. Sou um homem de palavra, e como há um acordo entre os partidos da base do governo, o Duda (apelido de Kappel) é o próximo presidente”, sustenta.
Embora admita que tem mantido contato com líderes partidários e vereadores em relação à eleição da Câmara, Krämer garante que faz isso fora da Prefeitura e não se vale do cargo de vice-prefeito para pressionar quem quer que seja. “Há muita fofoquinha aí, principalmente de gente que em breve vai pular da barca. Eu estou negociando como presidente do partido, porque eu preciso defender o PTB, ver o que é melhor para a gente”, declara, acrescentando que não confere a informação de que reuniu a base do governo, no fim de semana, para mobilizar os ‘caciques’ das siglas no sentindo de sensibilizarem seus vereadores pró-Kappel.
A repercussão veio depois que a Folha do Mate publicou, em seu site, logo depois da sessão da Câmara desta segunda-feira, 10, que o governo estaria bancando Kappel para a presidência. A informação correu solta nos bastidores do Legislativo, inclusive com vereadores governistas confirmando que Krämer teria convocado lideranças para pedir apoio para o progressista. Segundo apurado pela reportagem, o prefeito Giovane Wickert (PSB) teria conhecimento da mobilização. Assim que a matéria foi para o site e redes sociais, dois vereadores se manifestaram a respeito do assunto: Nelsoir Battisti (PSD) e Ciro Fernandes (PSC), ambos dizendo que não sabiam de tratativas. Battisti foi ainda mais longe, afirmando que Kappel não tem o seu apoio: “Ele sabe, já disse isso para ele”.
PREFEITOOntem, o prefeito Giovane Wickert também rechaçou a tese de que é o governo que está bancando Eduardo Kappel para a presidência da Mesa Diretora no próximo ano. “Mantenho a mesma postura de todas as vezes que fui perguntado a respeito da eleição da Câmara. É um poder independente e não vou interferir nesta situação”, assegura. Ele diz que tem contato direto com muitos vereadores, mas que não tomou iniciativa de falar sobre o assunto. “Cheguei a ser procurado pelo vereador Eduardo e disse a ele que a candidatura era legítima, que deveria ir em frente e tentar convencer os seus colegas, mas deixei claro que não ia ajudar ninguém, nem prejudicar, muito menos pressionar em relação à votação”, revela.
Para Wickert, a eleição da Câmara poderia estar praticamente resolvida, “mas ninguém deixa claro que vai ser candidato, por isso surgem especulações a todo o momento”. O prefeito afirma que, seja quem for o escolhido para presidir a Câmara, “o importante é que tenha uma boa relação com o Executivo”. O chefe do Executivo também comenta que Kappel sofre resistência entre os colegas porque costuma fazer ataques, inclusive ao governo, do qual faz parte, e acaba desestabilizando um ambiente que seria propício a ele. “Há um acordo e a intenção é de cumprir o que está previsto, mas eu preciso lembrar que o prefeito não vota, por isso quem quer ser presidente tem que conseguir os votos dos vereadores”, argumenta.
“O Eduardo quis concorrer em 2017. Ele ameaçou montar uma chapa, por isso o acordo deu uma balançada. Mas acho que, apesar dos momentos de distanciamento, o acerto será mantido.”GIOVANE WICKERTPrefeito de Venâncio Aires
“Quem não gosta do Duda tinha que ter tido peito para dizer que não era favorável ao nome dele quando definimos os presidentes para os quatro anos. Agora, não adianta ficar plantando mentiras.”CELSO KRÄMERVice-prefeito de Venâncio Aires e presidente do PTB
O acordo que prevê Eduardo Kappel (Progressistas) como presidente da Câmara em 2019 foi firmado no início de 2017, na chácara do vereador Adelânio Ruppenthal (PSB). Gilberto dos Santos (PTB) e Sandra Wagner (PSB) foram presidentes por força do acerto, e Nelsoir Battisti ou Zé da Rosa, ambos do PSD, são os nomes para o último ano.
Kappel: “Tenho oito votos, mas a eleição vira em dez minutos”
Embora o cenário seja favorável – coisa que até bem pouco tempo era diferente -, Eduardo Kappel diz que não pode descuidar das negociações. Ele afirma que tem convicção, no momento, de oito votos a seu favor, mas não cita os nomes dos colegas que espera que o apoiem, nem descarta uma possibilidade de ser surpreendido. “Tenho 43 anos e já acompanhei muitas eleições para a Mesa Diretora da Câmara. Tenho oito votos, mas a eleição vira em dez minutos”, argumenta o vereador do Progressistas.
Ela garante que, até o dia da votação, vai se dar o direito de ficar em silêncio e esperar o resultado do pleito. “Está chegando num momento em que, quanto mais se fala desta eleição, mas confusa ela fica. Vou reafirmar meus apoiadores e apresentar a minha chapa aos 49 minutos do segundo tempo”, diz. Ela acredita que, com o trabalho de Celso Krämer, seu nome se fortalece e é mais provável que o acordo partidário seja cumprido. “Estou confiante, tranquilo não. A política é traiçoeira”, conclui o postulante à presidência.
“Se der certo, o governo terá um bom parceiro. Espero que o acordo seja cumprido, porque palavra é para isso.”EDUARDO KAPPELVereador do Progressistas e candidato à presidência da Câmara
ESPECULAÇÕES
1 Segundo apurado pela Folha do Mate, os oito votos que Eduardo Kappel acredita ter – e que garantiriam sua eleição – são de Clécio Espíndola, o Galo, Ezequiel Stahl e Gilberto dos Santos, todos do PTB; Adelânio Ruppenthal e Sandra Wagner, ambos do PSB; Zé da Rosa (PSD); e Helena da Rosa (MDB), além do próprio voto.
2 Neste cenário, restariam os votos de Ana Cláudia do Amaral Teixeira, Tiago Quintana e Sid Ferreira, todos do PDT; Nelsoir Battisti (PSD), que já afirmou que não vota em Kappel; Ciro Fernandes (PSC); e André Puthin e Izaura Landim, ambos do MDB. Tanto Battisti quanto Puthin podem aparecer em uma cabeça de chapa.
3 No entanto, não há certeza do que vai acontecer no dia 20, a partir das 18h. Sandra Wagner, por exemplo, não esquece que Kappel tentou pular na sua frente em 2018. Adelânio Ruppenthal teve séria discussão com o progressista neste ano. André Puthin pode acabar sendo favorável à chapa de Kappel, à medida que não conseguir votos suficientes para ser presidente – embora não tenha declarado, oficialmente, que será candidato.