Sentada no saguão da Delegacia de Polícia, a avó e mãe do adolescente conversou com a reportagem da Folha do Mate, enquanto aguardava a chegado dele, na manhã da sexta-feira. Aos 74 anos, a aposentada disse que sempre fez de tudo pelo neto, para que ele seguisse o caminho do bem, e continuará fazendo. Ela revelou que os dois jovens eram amigos e ela ainda não entende por que aquilo aconteceu, já que se davam bem. No entanto, pediu para não falar sobre o crime, o que deixará a cargo do advogado que contratou para defender o neto. O adolescente é suspeito da morte de Ivan Marques Júnior, 19 anos, crime praticado na segunda-feira à tardinha, 19, no bairro Diettrich. O menor cumprirá 45 dias de internação na Fase.

Foto: Alvaro Pegoraro / Folha do MateAdolescente se apresentou na DP e foi encaminhado à Fase
Adolescente se apresentou na DP e foi encaminhado à Fase

FOLHA DO MATE – A senhora é a avó adotiva do adolescente (como o suspeito do crime é menor de idade, não será usado o seu nome ou algo que o identifique) e o conhece desde quando?

APOSENTADA – Eu sou mãe e avó dele. Na verdade, eu adotei a mãe dele e depois também o adotei quando ele nasceu Ele sempre viveu comigo e as vezes ficava com o pai.

A senhora sabe se o seu neto tinha desavenças com o Ivan?

Não sei disso. Eles eram amigos e costumavam estar juntos, já que moramos perto um do outro. Quantas vezes o meu neto comprou frango, arroz, tomate e cebola e foi lá em casa fazer uma janta para eles. Eles se davam bem, eram amigos.

O que a senhora acha que motivou o crime?

Não sei te dizer e prefiro não falar sobre isso, por que não vi. Eu e meu marido estávamos na varanda dos fundos de casa tomando chimarrão, com uma amiga, quando vieram me dizer que tinha acontecido uma barbaridade com ele. Disse que não acreditava, mas era verdade.

Há informações de que a discussão deles envolvia R$ 100. A senhora sabe se isso realmente é verdade?

Depois do que aconteceu eu conversei com ele, por telefone, e ele me garantiu que não devia dinheiro para o Ivan. Ele me disse que, na verdade, o Ivan queria R$ 100 emprestado, mas ele disse que não tinha para emprestar e isso o deixou furioso. Se eu soubesse que era por isso, tinha dado o dinheiro para ele (Ivan) e nada disso tinha acontecido. Mas se isso aconteceu, acho que era para acontecer.

A senhora sabe que a Justiça decretou a internação do seu neto na Fase, em Porto Alegre. A senhora já falou com ele sobre este assunto?

Sim, já falei com ele por telefone. Ele me disse que se tiver que ir para lá, ele irá e se comportará direitinho. Eu aconselhei ele a ir e fazer tudo direitinho, pois assim que for possível ele sai de lá e segue a sua vida. Ele não é uma pessoa ruim e tenho certeza que se ele (Ivan) estivesse aqui, ia defender o meu neto e dizer que foi só um mal entendido.

O seu neto estava estudando e trabalhando?

Ele sempre fez aquelas provas na escola, no fim do ano, e sempre passou. Agora estava inscrito para fazer de novo e estava esperando uma vaga para começar a trabalhar em um supermercado. Também já estávamos encaminhando tudo para que ele servisse ao Exército no ano que vem, quando completa 18 anos. E também estávamos acertando tudo para ele fazer carteira de motorista para ter o seu carro.

E como era o comportamento dele com as outras pessoas?

Vocês podem ir lá no bairro onde moramos e falar com todos os vizinhos e perguntar para cada um como ele é, pois todos gostam dele. Ele é um menino educado e respeitador e nunca passou por ninguém ser cumprimentar. Isso eu sempre ensinei para ele e sempre fiz tudo o que podia fazer e vou continuar fazendo tudo o que puder.