Em torno de 8,2 mil pessoas passam, a cada mês, pela Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e pelo plantão do Hospital São Sebastião Mártir (HSSM). Aberta há pouco mais de três anos, com a promessa de aliviar o plantão hospitalar, a UPA já realiza, em média, 4,6 mil consultas mensais – cem a mais do que a capacidade prevista pelo Ministério da Saúde.

Foto: Juliana Bencke / Folha do MateSem conseguir consulta nos postos de saúde, muitas pessoas recorrerem à UPA e ao hospital para atendimento pelo SUS
Sem conseguir consulta nos postos de saúde, muitas pessoas recorrerem à UPA e ao hospital para atendimento pelo SUS

A unidade que atua totalmente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) tem, atendido, em média 153 pessoas por dia, em 2017. Para o superintendente administrativo, Rodrigo da Silva, a equipe de profissionais qualificados e a estrutura, com exames laboratoriais, raio x, eletrocardiograma e leitos de observação, faz com que as população procure o local. “Atendemos pessoas de todas as faixas etárias e de renda. Houve aumento de cerca de 15% no número de atendimentos de 2015 para 2016 e do ano passado para este”, observa.

Foto: Juliana Bencke / Folha do Mate Silva e Kunrath destacam a importância da conscientização ao procurar o pronto atendimento
Silva e Kunrath destacam a importância da conscientização ao procurar o pronto atendimento

Em pesquisa realizada por estudantes do curso de Administração da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) Venâncio Aires, 82% dos entrevistados consideram que a UPA é uma boa opção para desafogar o plantão do HSSM. Apesar disso e do aumento de consultas na UPA, ao longo dos anos, o número de pessoas atendidas no pronto atendimento do hospital tem se mantido em cerca de 120, por dia. Entretanto, desse total, apenas 5% são consultas de urgência e emergência – que deveriam ser a prioridade no pronto atendimento.

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Na UPA, a situação é semelhante: em torno de 2% dos atendimentos recebem a classificação de risco vermelha (emergência) e 8% amarela (urgência). Os outros 90% são casos mais simples, de viroses, gripes e resfriados, por exemplo, que poderiam ser resolvidos no posto de saúde. “O que percebemos é que a UPA e o plantão dão a retaguarda para as unidades básicas de saúde no momento que não estão abertas ou que não há mais consultas médicas disponíveis”, avalia Silva.

Moradora do bairro Bela Vista, Jéssica Fernanda Bandeira, 24 anos, ajuda a compor essa estatística. Depois de ter tentado consulta com pediatra em três postos de saúde, aguardava por atendimento para a filha Ana Júlia Pacheco, de 1 ano e 10 meses, no plantão do hospital, na manhã de quinta-feira, 21. “Em dois meses, é a segunda vez que ela tem infecção na bexiga. Não consegui ficha em nenhum posto e tive que vir para o plantão”, conta.

ConscientizaçãoO administrador do HSSM, Jonas Kunrath, reforça a importância de as pessoas terem consciência na hora de buscar atendimento no hospital ou na UPA. “Estamos trabalhando fortemente para despertar a consciência de que, em casos sem urgência, o atendimento deve ser buscado, primeiro, na unidade de saúde mais próxima da sua casa”, comenta.

De acordo com ele, o objetivo é de que a UPA seja uma segunda opção para o atendimento, seguida do plantão hospitalar. “A ideia é que o hospital fique na retaguarda para urgência e emergência, para que consiga dar vasão a esses atendimentos que, geralmente, são muito mais complexos e demorados”, explica.

EstatísticasAtendimentos por classificação de riscoHSSM5% – Urgência e emergência ( Amarelo e vermelho)95% – Sem urgência/pouca urgência ( Azul e verde)

UPA90% – Sem urgência/pouca urgência (Azul e verde)8% – Urgência (Amarelo )2% – Emergência (Vermelho)

Atendimentos na UPA por faixa etária22% – Crianças de até 12 anos70% – Adolescentes e adultos de 12 a 65 anos8% – Idosos acima de 65 anos

Juliana Bencke

Editora de Cadernos

Responsável por coordenar as publicações especiais, considera o jornalismo uma ferramenta de desenvolvimento da comunidade.

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