
Uma torre de celular nova instalada no terreno ao lado da residência, mas sem sinal. Essa é a realidade de José Natalício de Freitas, 61 anos. Ele mora no bairro Coronel Brito e tem dificuldades diárias para efetuar ligações do seu celular. Contudo, a situação deve mudar em algumas semanas. A expectativa é de que nesse período a torre receba os primeiros equipamentos de redistribuição de sinal. Ela foi concluída na semana passada e, com todas as questões burocráticas internas na Prefeitura resolvidas, resta a ligação de energia elétrica.
A torre foi instalada na rua Maria Machado Krombauer pela empresa inglesa Brazil Towner Company. Mesmo quando estiver em operação, muitos dos problemas com a falta de sinal no município irão permanecer. A medida é apontada em estudo preliminar desenvolvido pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). De acordo com os dados, mais de 12% da população venâncio-airense não possui acesso a sinal de celular. O levantamento do órgão regulador é para auxilar o governo a formular novas políticas públicas de inclusão digital.
A área rural é a que possui as piores observações em função da prestação de serviço não ser prioridade para as operadoras. Contudo, os próprios editais de leilões de frequência lançados pelo governo não possuem como prioridade atender toda a área urbana das cidades. Nesses documentos, a preferência por garantir sinal para até 80% do espaço geográfico urbano.
Isso também é bastante perceptível em Venâncio. A empresária – proprietária de um salão de beleza – Carla Almeida, 24 anos, diz ficar sem sinal com frequência. Ela reside no bairro Santa Tecla e lembra que as falhas nas ligações ocorrem todos os dias. “Linha cruzada e queda do sinal 3G também ocorrem com intensidade”, lamenta.
Frente parlamentar
Na Câmara de Vereadores de Venâncio Aires foi lançada no ano passado a Frente Parlamentar em Defesa do Consumidor de Telefonia. Ela é liderada pelo vereador Sid Ferreira, do PDT. De acordo com ele, a falta de sinal deve ser amenizada a partir da torre do bairro Coronel Brito. “A operadora Vivo deve instalar ainda em fevereiro o equipamento que garante o reforço do sinal na cidade. Contudo, a torre pode receber equipamentos de redistribuição do sinal também das demais operadoras. A médio prazo também as operadoras TIM, Claro e OI querem usufruir da torre”, diz.
Problema se agrava no interior

Pelo estudo da Anatel, os problemas mais crônicos em Venâncio Aires estão localizados nos distritos de Vila Deodoro, Vila Mariante, Vila Palanque e Vale do Sampaio. Em Vila Teresinha, sede do 8º Distrito, o casal Leandro André e Patrícia Jacobsen, mesmo morando em um local alto na comunidade, informa que o sinal é inexistente. O aparelho só pode ser usado efetivamente para ligações quando estão na cidade ou em viagem. “Atualmente, o celular é importante para emergência em passeios ou viagens. Se não fosse o wi-fi, ele estaria sem função mesmo aqui em casa”, lamenta ele.

Ana Paula Meneghetti, de 22 anos, também reside em Vila Teresinha. Ela atua como docente na rede municipal de ensino de Cruzeiro do Sul e cursa Educação Física em Lajeado. Quando está no Vale do Sampaio, a situação não é diferente dos demais usuários locais. “Celular aqui no interior só tem função quando conectado ao wi-fi. O curioso é que sem oferecer cobertura de sinal, quem perde com isso são as próprias operadoras”, analisa.
No país afora, ainda são 2.231 distritos, espalhados em 21 estados, que não contam com cobertura de celular, de acordo com a Anatel. Isso representa mais de 20% das localidades contabilizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Antenas instaladas no município
De acordo com dados da Anatel, hoje Venâncio Aires possui:Três torres da OITrês torres da Claro Três torres da Vivo Duas torres da TIM