Desde a inauguração da primeira filial da Havan no Rio Grande do Sul, em dezembro, e a promessa de novas instalações no estado, fato é que fornecedores, investidores e gestores têm se empolgado sobre o assunto. Afinal, só na unidade de Passo Fundo foram investidos R$ 25 milhões e, a partir disso, diversos administradores se encontraram pessoalmente com a família Hang. Giovane Wickert, prefeito de Venâncio Aires, é um deles.

Aqui na região, a discussão ganhou mais ‘corpo’ nesta semana, quando um vídeo circulou nas redes sociais. Nele, o dono da Havan, Luciano Hang, afirmou o desejo explícito de instalar unidades em Santa Cruz do Sul e Santa Maria, inclusive com propostas formalizadas aos comerciários e que dependeriam de acordo entre sindicatos.

Mas esse desejo ‘escancarado’ por Santa Cruz não teve o efeito de um balde de água fria nos interesses venâncio-airenses. Segundo o prefeito Giovane Wickert, um empreendimento não anula o outro. “Desde o primeiro momento a discussão do empreendimento de Venâncio não envolve o de Santa Cruz ou Lajeado. Os Hang deixaram bem claro, quando estivemos em Santa Catarina, que o foco Santa Cruz é um, Lajeado outro e Venâncio outro”, destacou Wickert.

Conforme o prefeito, o foco de Venâncio é pela RSC-287. “Na rodovia passam 400 mil veículos por mês só no pedágio. E tem a duplicação, que também é atrativa. São situações diferentes. Claro que o foco deles, primeiro, são municípios acima de 100 mil habitantes. Mas o que acontecer em Santa Cruz não prejudica Venâncio. Em nenhum momento Venâncio e Santa Cruz disputam entre si. São empreendimentos paralelos.”

Foto: Cássia Colla / AI Prefeitura de Venâncio AiresRepresentantes do município se reuniram com o sócio da rede Havan no fim de janeiro
Representantes do município se reuniram com o sócio da rede Havan no fim de janeiro

RELEMBRE

A primeira abordagem mais direta entre o Executivo de Venâncio Aires e proprietários da Havan ocorreu dia 8 de dezembro, em Passo Fundo, durante inauguração da primeira loja no Rio Grande do Sul. Giovane Wickert foi o único prefeito, além do prefeito anfitrião, a participar do evento.

Na época, Wickert revelou que uma negociação já ocorria há mais tempo nos bastidores e que há mais de ano ele conversava com pessoas ligadas diretamente à família Hang.

No dia 28 de janeiro, uma comitiva venâncio-airense esteve em Brusque, Santa Catarina, para uma reunião com o empresário Nilton Hang. O sócio da Havan disse, no encontro, que quer visitar o município. Hang destacou que são avaliados investimentos em Santa Cruz do Sul e Lajeado, mas isso não impede que Venâncio Aires também seja contemplada.

Impasse e polêmica em Santa Cruz

O vídeo no qual Luciano Hang destaca o interesse por Santa Cruz e Santa Maria virou polêmica na cidade vizinha a Venâncio Aires. Isso porque, segundo o dono da Havan, há dificuldades para negociar com o Sindicato dos Comerciários de Santa Cruz do Sul e Região. “Temos projetos para abrir talvez cinco, seis, sete lojas este ano. São megalojas, com emprego, renda, desenvolvimento. Mas temos duas cidades no radar, que já está tudo acertado, mas que temos problemas com os presidentes dos sindicatos dos trabalhadores, que não querem emprego e desenvolvimento nas cidades”, disparou.

O maior impasse diz respeito à abertura em domingos e feriados, algo que foi rejeitado em assembleias dos comerciários, mas que é a condição da Havan para se instalar em Santa Cruz.

A Havan cobra rapidez no processo e já encaminhou uma proposta ao Sindicato do Comércio Varejista do Vale do Rio Pardo (Sindilojas), que irá negociar as demandas com o Sindicato dos Comerciários. No documento, constam informações sobre salários, premiações, vales e licenças.

RESPEITO

O presidente do Sindicato dos Comerciários de Santa Cruz do Sul e Região não gostou das declarações de Luciano Hang. Afonso Schwengber cobrou respeito àquilo que já existe. “Ele não pode chegar numa cidade assim, querendo mudar tudo do dia para a noite. É preciso respeito.”

Além disso, Schwengber diz que não está preocupado com uma possível pressão do empresário. “Não devo prazos a esse senhor. Minha responsabilidade é com a categoria. E o que realmente tem necessidade é melhorar e aumentar o salário dos comerciários. Abrir o comércio em domingo, só quando tiver demanda.”