Praticamente um ano depois do início das ações realizadas para conter o coronavírus, Venâncio Aires viveu, nesta semana, viveu o período mais crítico da pandemia. Foram 824 novos casos de Covid-19 registrados até a sexta-feira, 5. O momento de maior circulação do vírus, que vem se acentuando nas últimas semanas, somado à gravidade dos casos, levou o Hospital São Sebastião Mártir (HSSM) e a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) a um patamar de superlotação jamais imaginado.
Com os leitos do hospital destinados a coronavírus lotados, a UPA, inclusive, passou a ter que internar pacientes. No HSSM, chegou-se a 33 pacientes internados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) – dez acima da capacidade, além de outros 16 na espera.
Sem a disponibilidade de salas específicas para UTI, com toda a estrutura e profissionais necessários, os leitos ficam em espaços improvisados, como no Pronto Atendimento, que foi fechado na semana passada.
“Não é alarmismo, não é gerar pânico, é a realidade que Venâncio está vivendo, que nosso hospital está vivendo, de a gente não ter mais como atender as pessoas como elas precisam”, desabafa a médica infectologista Sandra Knudsen.
Ela lamenta o sofrimento dos pacientes, dos familiares e dos profissionais que não podem mais contar com todos os recursos. Segundo Sandra, a situação chegou ao ponto que tanto se alertava, desde o início da pandemia. “Estamos recebendo pessoas com Covid no hospital, com insuficiência respiratória, falta de ar, precisando de todo o tratamento intensivo, com suporte ventilatório, máscara de oxigênio ou respirador. E nossos profissionais sabem o que têm que ofertar, o problema é que não se tem como ofertar. Isso é desesperador.”
“Caos. Não existe outra palavra para definir o que estamos vivendo. Estamos atendendo muito acima da capacidade e não param de chegar pacientes graves.”
GUILHERME FÜRST NETO – Diretor técnico do HSSM

Hospital superlotado
Na noite de quinta-feira, 4, a direção do HSSM divulgou comunicado no qual alerta para a situação de colapso na instituição. No documento, a diretoria informa à comunidade local e regional a exaustão das condições atuais da estrutura física de atendimento e traz números da altíssima taxa de ocupação: estão sendo utilizados 143% dos leitos de UTI. A capacidade de UTI é de 23 leitos, mas eram 33 pacientes internados, além de outros 16 no aguardo de uma vaga.
Além de UTIs destinadas exclusivamente para Covid, diversos leitos de terapia intensiva foram improvisados na Emergência, em salas antes utilizadas para consultas, nebulização e aplicação de injeções. “Esses leitos têm os equipamentos necessários para manter a vida, mas nem sempre são os melhores pois são leitos criados para serem temporários”, explica diretor técnico, Guilherme Fürst Neto, ao comentar que quatro pacientes já tiveram que ser intubados nesse espaço fora das UTIs.
Com relação aos leitos clínicos de Covid, a taxa de ocupação é ainda maior e representa 246%. A estrutura original é de 13 leitos, mas 32 estão em uso.
Necessidade de oxigênio
- Em meio ao aumento de casos graves de Covid, que necessitam de internação em UTI, o oxigênio tem sido item fundamental para garantir a sobrevivência dos pacientes.
- No hospital, por semana, são consumidos em torno de cinco mil metros cúbicos de oxigênio. Em 2019, quando não havia a pandemia, essa quantidade era utilizada em um mês.
- Na UPA, na sexta-feira, eram 14 pacientes internados na UPA, dos quais 12 estavam ligados a oxigênio. Com a demanda, a média de duração do estoque de oxigênio da UPA, que antes era de quatro meses, tem sido de dois dias.
- Com relação a respiradores, o hospital ganhou dois aparelhos de alto fluxo da Unimed, que já chegaram. Além disso, duas empresas de Venâncio compraram mais dois, que chegam semana que vem. “Agradecemos muito às empresas”, reforça o diretor técnico, Guilherme Fürst Neto.
* Colaborou Letícia Wacholz