Venâncio vai receber R$ 648 mil para o acolhimento de imigrantes

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Por Débora Kist e Luana Schweikart

Venâncio Aires está entre os 16 municípios brasileiros que receberão, juntos, R$ 6,5 milhões para ações socioassistenciais com imigrantes e refugiados. O repasse emergencial dos recursos federais acontecerá em parcela única, referente a seis meses de atendimento.

De acordo com a portaria publicada no Diário Oficial da União, Venâncio vai receber R$ 648 mil para o atendimento de 270 pessoas. No entanto, ainda não se sabe se o montante será para quem já mora no município (exatamente 270 imigrantes) ou para grupos de novos fluxos migratórios. “Estamos tentando uma reunião com o Ministério da Cidadania para ter certeza do que acontecerá. Porque a portaria não especifica”, destacou a secretária de Habitação e Desenvolvimento Social, Claidir Kerkhoff Trindade.

Ainda conforme Claidir, será a primeira vez que o Governo Federal mandará um recurso específico para esse atendimento. “A todos que estão em Venâncio são garantidos os mesmos direitos da rede de atendimento pública do Município, como saúde e educação. Dessas famílias, as pessoas estão trabalhando, se sustentam, e as crianças na escola.”

Dos atuais 270 imigrantes que moram em Venâncio Aires, há pessoas da Bolívia, Haiti, El Salvador, Colômbia e Argentina, por exemplo. Mas a grande maioria é da Venezuela, como Manuel Hernandez, 31 anos, que está no município desde janeiro. O objetivo dele é trazer a esposa e os dois filhos, de 1 e 8 anos. Para isso, colegas e conhecidos se mobilizaram e criaram uma ação entre amigos, disponível no Frey Supermercado, no bairro Macedo, onde Manuel trabalha desde março. No local, também podem ser feitas doações de roupas, calçados, móveis, eletrodomésticos, utensílios e cobertores para o imigrante. “Assim que abrir a fronteira, quero trazer minha família, o mais rápido possível”, afirma Manuel Hernandez.

Cada número da ação entre amigos custa R$ 2 e o sorteio está marcado para 18 de setembro. São seis prêmios: três em dinheiro e outros três com kits e doações. A gráfica 13 de Maio ajudou com a impressão.

Municípios

Os municípios beneficiados pela portaria do Ministério da Cidadania receberão 2.730 pessoas. Além de Venâncio Aires, o município gaúcho de Nonoai está na lista. Completam a relação: Chapecó e Xaxim (Santa Catarina), Maringá (Paraná), Montes Claros e Belo Horizonte (Minas Gerais), Teresina (Piauí), Palmas (Tocantins), Itabuna (Bahia), Garanhuns (Pernambuco), São José do Ribamar e São Luís (Maranhão), Itaituba e Santarém (Pará) e Santana (Amapá).

Mulheres migrantes: união e empoderamento

No último dia 6, o auditório da Folha do Mate sediou o encontro de mulheres realizado pelo setor de migrantes, refugiados e apátridas de Venâncio Aires. Imigrantes da Venezuela, Colômbia e El salvador participaram da reunião, junto da coordenadora do setor, Sandra Soares, da estagiária pedagógica, Simone Chaves, e da estagiária de Serviço Social, Bruna Markmann.

“É um espaço para empoderamento das mulheres, para conheceram as leis e não perderem a identidade da mulher migrante”, afirma Sandra. A venezuelana Yeisa Mariana Molina Vidal, 45 anos, definiu o momento como uma integração necessária. “Aqui contamos o que vivemos no nossos país local e o que esperamos encontrar na nova cidade. São momentos de liberdade, os encontros são quase como uma ida ao psicólogo”, comenta.

Folha do Mate sediou o encontro de mulheres na última semana (Foto: Luana Schweikart/Folha do Mate)

Integração

Gabriela Gonzalez, 26 anos, veio de El Salvador e está há quase dois anos no município. Ela participa dos encontros desde que iniciaram. Para a jovem, o momento é de compartilhar experiências, conhecer novas pessoas, fazer amizades e poder se enturmar.

Já Fanny Estella Villada, 53 anos, veio da Colômbia há oito anos e participou do encontro do grupo de mulheres migrantes pela primeira vez. “Gostei muito, aqui conseguimos falar a nossa língua, nos distraímos dos problemas e conversamos”, afirma. Para Fanny, os venâncio-airenses são ótimas pessoas e bons amigos.

Documentação

Um aspecto levantado pelo grupo é a dificuldade de conseguir a documentação local com a Polícia Federal, que disponibiliza poucas vagas para a grande demanda dos migrantes. “Hoje temos 37 solicitações ativas e conseguimos marcar, em média, de uma a duas pessoas diariamente. O processo é moroso”, destacou a coordenadora Sandra Soares.

Grupo

Participam do grupo em torno de 30 mulheres. Interessadas em fazer parte podem se informar na secretaria de Habitação e Desenvolvimento Social, localizada na rua General Osório, número 1.430, ou pelo telefone 2183-0670. Os encontros iniciaram em setembro de 2020 e, neste ano, devido à pandemia, o último momento de reunião das mulheres aconteceu em janeiro.

“Uma fortalece a outra nas dificuldades. Uma coisa é ser uma mulher com as leis brasileiras, outra é chegar e viver em um país totalmente diferente do seu.”

SANDRA SOARES – Coordenadora do setor de migrantes, refugiados e apátridas

    

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