Em entrevista coletiva concedida na manhã desta sexta-feira, 14, no Hotel Guest, seis parlamentares que não concordam com a indicação do vereador Eduardo Kappel (Progressistas) para presidente da Câmara, em 2019, lançaram o movimento ‘Legislativo Independente’, que tem o objetivo, conforme eles, de evitar a interferência do Executivo na eleição para a Mesa Diretora da Casa. Ana Cláudia do Amaral Teixeira, Sid Ferreira e Tiago Quintana, da bancada do PDT; André Puthin (MDB); Nelsoir Battisti (PSD); e Ciro Fernandes (PSC) resolveram se reunir para apresentar uma alternativa para os colegas vereadores.
Ainda não há confirmação de quem será o cabeça de chapa, mas os integrantes do grupo asseguram que, mesmo que o governo mude o nome apresentado para a Mesa, não deixarão de montar a chapa. “Entre apenas reclamar e tomar uma atitude, decidimos por dar um passo à frente. Por onde a gente circula na cidade, só se ouve manifestação de rejeição ao nome do candidato indicado pelo governo. Pedimos que as pessoas que postam textos no Facebook se dirijam à Câmara para ver em quem seus vereadores vão votar”, declarou Nelsoir Battisti, um dos líderes do movimento e provável candidato à presidência da Casa.
Tiago Quintana também destacou as cobranças que os parlamentares vêm sofrendo e defendeu que o Poder Legislativo precisa sair da sombra do Executivo. “Não é um movimento de oposição ou de situação, nem mesmo de partidos, mas de vereadores que querem manter a independência. A gente não pretende afrontar o Executivo, mas deixar claro que não concordamos com o que se impõe e queremos oferecer uma alternativa”, disse. Ciro Fernandes foi ainda mais longe: “Temos que acabar com esta história de que o Legislativo é um puxadinho do Executivo e que o vice-prefeito Celso Krämer manda na Câmara”.
CASO DOS ÁUDIOSPerguntada a respeito, Ana Cláudia do Amaral Teixeira confirmou que o fato de o vereador Eduardo Kappel estar sendo investigado no caso dos áudios – nos quais supostamente negocia soltura de um condenado, sugerindo que o irmão, desembargador Rinez da Trindade, colaboraria no processo – foi um fator que potencializou a apresentação de uma chapa alternativa. “Há uma cobrança muito forte da comunidade, que nos questiona se vamos permitir que fulano de tal seja presidente da Câmara”, comentou ela. Também pedetista, Sid Ferreira ressaltou que “a pressão dos eleitores praticamente nos obrigou a estar aqui apresentando esta alternativa, pois de nada adianta só votar contra, sem ter feito algo para reverter a situação”.

O vereador André Puthin (MDB), que inclusive era cotado para a presidência da Casa, se restringiu a dizer que “o MDB está aberto ao diálogo” em relação à eleição para a Mesa Diretora.
A eleição para a Mesa Diretora da Câmara está marcada para quinta-feira, 20, às 18h.
“Precisamos que o Legislativo seja independente. Sabemos de situações que, dependendo do vereador que apresenta um projeto, ele não passa. Mas, se outro apresentar, é aprovado. O prefeito diz que não vai interferir na eleição, mas os vereadores dizem que ele está interferindo.”NELSOIR BATTISTIVereador do PSD
“Ele está mal em casa, foi uma coletiva furada”
Citado diversas vezes durante as manifestações dos integrantes do movimento ‘Legislativo Independente’, o vice-prefeito Celso Krämer afirmou nesta sexta-feira, 14, que não é mentor de nenhuma mobilização em torno de Eduardo Kappel e que o responsável por “latidos pequenos e mosqueiros” é o vereador Nelsoir Battisti. Na opinião de Krämer, o parlamentar está querendo ser o presidente em 2019, mas não conseguirá pelo fato de não ter força política para isso. “Ele está mal em casa, foi uma coletiva furada”, disparou, em alusão ao fato de Zé da Rosa, colega de partido de Battisti, não estar o apoiando.
De acordo com o vice-prefeito – que reforçou que não usa o prestígio do cargo para interferir na eleição do Legislativo, mas trabalha por Kappel enquanto presidente do PTB -, “se o Nelsoir ficasse quietinho, numa boa, seria o presidente no ano que vem, mas agora, se ele perder a eleição, vai ser difícil, porque trocou de lado”. Krämer também comentou a declaração de Battisti de que, se ele for o candidato à presidência, Zé da Rosa seria obrigado a votar com o partido, sob pena de sofre, até, um processo de expulsão. “É tudo que o Zé precisa. Se ele for expulso, pode trocar tranquilamente de partido”, argumentou.
OPOSIÇÃOConforme o vice-prefeito, Battisti “está deixando claro que vai debandar para a oposição, pois o PDT é oposição; o Ciro (Fernandes) deu uma ensaiadinha com o governo, mas esfriou; e o André (Puthin) nunca foi oficialmente do governo e até pouco tempo queria ser presidente”. Por fim, disse que não vota na eleição da Câmara e que os candidatos precisam conversar com seus colegas, se querem comandar a Casa. “Não adianta jogar para a torcida e ficar de blá, blá, blá. A pauta é lá (na Câmara) e o resto faz parte do jogo. Mas eu teria vergonha de apresentar uma chapa sabendo que vou ser derrotado”, concluiu.
“O Nelsoir está se juntando com os desgostosos. É legítimo que ele apresente uma chapa para concorrer a presidente, só que eu acho que deveria, antes, conseguir os oito votos para chegar lá.”CELSO KRÄMERVice-prefeito de Venâncio Aires e presidente do PTB
PROVÁVEL 9 A 6
1 A partir dos desdobramentos desta sexta-feira, 14, é possível vislumbrar um cenário de vitória de Eduardo Kappel na próxima quinta-feira, 20. Além disso, já há a previsão de um resultado de 9 a 6 em favor do progressista.
2 Além do próprio voto, Kappel conta com os dois votos do PSB (Adelânio Ruppenthal e Sandra Wagner, que confirmaram que vão cumprir o acordo para os quatro anos da presidência), três votos do PTB (Clécio Espíndola, o Galo, Gilberto dos Santos e Ezequiel Stahl), e os votos das vereadoras Helena da Rosa e Izaura Landim, ambas do MDB.
3 Helena disse que não vai se manifestar a respeito, já Izaura declarou que só vai abrir o voto no dia da eleição. No entanto, segundo apurou a reportagem da Folha do Mate, Helena inclusive fará parte da Mesa Diretora, como secretária. Já Izaura estaria comprometida a também cumprir o acordo. A chapa de Kappel teria ele como presidente, Adelânio Ruppenthal como vice e Helena da Rosa e Zé da Rosa como secretários.