O que era para ser um domingo agradável, de passeio pela Serra Gaúcha, acabou em transtorno para cerca de 70 pessoas. Moradores de Venâncio Aires, Santa Cruz do Sul, Rio Pardo e Candelária, entre outros municípios, compraram um pacote de viagem ‘bate-volta’ para Gramado e Canela, para este domingo, 23, mas acabaram tendo que registrar ocorrência por estelionato na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) de Venâncio Aires, na manhã de hoje.
A agência de turismo, de Santa Cruz do Sul, havia anunciado a excursão em sua página, no Facebook, e em grupos de compra e venda na rede social, ao valor de R$ 120 por casal. Conforme combinado com a empresa, metade do valor era pago antecipadamente e o restante seria quitado no dia da viagem.

Os depósitos foram realizados em uma conta bancária no nome de uma funcionária da agência. Outras pessoas, que pagaram diretamente na sede da empresa, apresentaram recibos assinados pela mesma funcionária. “A agência ficava numa casa azul”, disse uma das passageiras.
Uma empresa transportadora de Santa Cruz do Sul foi contratada para realizar o serviço, com dois ônibus, iniciando o percurso em Santa Cruz. De acordo com o proprietário, que preferiu não ser identificado, a viagem teria custo de R$ 3,8 mil e o combinado era que o valor fosse pago na saída. “Mas, o dono da agência disse que ainda precisava recolher o dinheiro dos passageiros de Venâncio e que pagaria quando chegássemos lá.”
Ao chegar à rodoviária de Venâncio – marcada como ponto de encontro com os passageiros -, o dono da agência recolheu o dinheiro restante, mas o valor entregue à empresa de transporte era de apenas R$ 976. Como o dono da transportadora exigiu o pagamento integral para seguir a viagem, o proprietário da agência informou que sua secretária iria entregar o dinheiro para a esposa do dono da transportadora, em Santa Cruz do Sul. Como isso não ocorreu, entretanto, foi realizado Boletim de Ocorrência (BO), na cidade vizinha.

Preocupados com o desfecho da situação, passageiros e motoristas dos ônibus acionaram a Brigada Militar de Venâncio Aires e foram orientados a registrar o fato na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) de Venâncio.
Após prestar depoimento, o dono da empresa de transporte retornou a Santa Cruz com os passageiros de outros municípios. “Não é comum acontecer algo assim de a gente entrar numa ‘fria’ dessas”, lamentou. De acordo com ele, essa seria a segunda viagem realizada para a agência de turismo. “Semana passada fomos para Santana do Livramento e pagaram tudo certo.”
Justificativa
Por sua vez, o dono da agência de turismo, de 23 anos, disse que pagaria o restante do valor à empresa de transporte por depósito, embora esse não fosse o combinado. “Recebemos R$ 1,5 mil antecipado, mas tive que tirar uma parte para pagar outra viagem”, argumentou.
Além disso, ele informou, no depoimento à polícia, que a agência tinha cerca de um ano e que os passageiros eram orientados a depositar o valor na conta da funcionária, porque “ela que fazia os pagamentos quando eu estava em viagem”.

Transtorno
Moradora do bairro Brands, Carla Verônica Bandeira, 25 anos, participaria da viagem com o marido e o filho de 9 meses, e convidou a cunhada, Rosane de Jesus, 39 anos, que veio junto da filha de 6 anos, de São Leopoldo, especialmente para a excursão ao Natal Luz. Assim como outros passageiros, elas não desconfiaram da agência.
“Estavam divulgando essa viagem em vários grupos no Facebook. Entramos em contato, fizemos o depósito e a agência até mesmo criou um grupo no WhatsApp”, conta Carla. “Agora, só queremos nosso dinheiro de volta. Ou a mulher que recebeu gastou ou repassou a outra pessoa.”
Passageiros foram orientados a cobrar o reembolso do valor junto à agência de turismo e, se não conseguirem, recorrem à Justiça. O caso será investigado pela polícia.