Vicente Fin: quase 20 anos de proteção às nascentes

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Dos 56 anos de idade de Vicente Fin, chefe da Emater/RS-Ascar local, no mínimo 20 deles são de apoio em projetos e ações que visam a proteção de nascentes. O trabalho de Fin em Venâncio Aires teve início em 2003, contudo, antes de chegar à Capital do Chimarrão, já desenvolvia trabalhos semelhantes no município de Fontoura Xavier, no Rio Grande do Sul. Em Venâncio Aires, já foram quase 50 vertentes protegidas.

De acordo com Fin, os primeiros projetos relacionados foram em programas como o RS Rural, por volta de 2003. À época, após um diagnóstico realizado, foi identificado cerca de 30 fontes no município, que acabaram sendo recuperadas com recursos da Emater, da secretaria da Agricultura e dos proprietários.

No entanto, com os passar dos anos, outros projetos foram sendo aproveitados para o cuidado com as nascentes. Até que, em 2019, após ‘provocação’ do pesquisador e professor aposentado, Volnei Côrrea, houve a criação do Comitê de Recuperação de Nascentes do Arroio Castelhano. A Emater foi parceira do Comitê, principalmente pelo conhecimento no assunto e pela possibilidade, por lei, de interferir nas nascentes – para uso familiar e de forma controlada. “Juntou a criação do Comitê, a provocação e a possibilidade de apoio da Emater”, explica.

Projetos

Além do trabalho com as nascentes, que, atualmente, beneficia 189 famílias e 337 pessoas, é aprofundado em demais problemas ambientais, como a mata ciliar e a cobertura dos solos. Quando é realizada a proteção de solo, se evita o escorrimento superficial da água, então toda a área que recebe a cobertura buscando o plantio direto, é garantida a melhor infiltração da água.

Já a mata ciliar, por exemplo, é preciso de um cuidado próximo às fontes para, com isso, proteger de possíveis dejetos que chegam a contaminar a água.

Para o futuro, a tendência é manter os projetos e expandir, a partir das ações prioritárias do Conselho Municipal. “A formação do Comitê e as pessoas que estão envolvidas são fundamentais para que se continue. Há uma demanda, inclusive fora das listas que ainda serão incluídas, ou seja, tendência é a manutenção”, frisa.

Objetivos

Segundo ele, o primeiro objetivo é a preservação do meio ambiente. Na sequência, está a redução de gastos com a saúde. “Pois, no meio rural, as principais doenças estão relacionados a água. No diagnóstico médico é tratado o sintoma e não a causa, já o trabalho nas fontes é o inverso, é trabalhada a causa das doenças”, destaca.

Outra questão é o cuidado com a entrada de argilas e outros elementos nas vertentes, principalmente quando não existe as técnicas adequadas nos tratos culturais e na produção, causando sedimentação e a perda das vertentes. “Diversos são os relatos de perdas, por sedimentação ou pela falta de mata ciliar.”

Por último, à medida em que as fontes são recuperadas, evita-se a necessidade de instalação de poços artesianos, que podem tirar a pressão da água e perdê-la no futuro. “Com isso, não se perde aquela fonte que alimenta toda a flora e fauna ao redor, que são essenciais para manter o equilíbrio”, pontua.

(Foto: Leonardo Pereira)

“A grande maioria das famílias, por desconhecimento ou correria de trabalho, é desatenta com a água. Como não existe o cuidado, os problemas acabam sendo grandes, deixando a água com baixa qualidade.”

VICENTE FIN

Chefe local da Emater

Projeto

  • Com 31 fontes executadas pelo programa a partir do Comitê, 189 famílias e 337 beneficiários.
  • São 354 vertentes identificadas, 108 esperando para serem executadas.
  • “Com o aporte de recursos, seja público ou privado, de alguma forma, sempre buscamos não atender apenas a lista por data, mas também uma ou duas com problemas sociais, como doenças ou número de crianças na propriedade”, detalha Fin.

Conheça Vicente Fin:

  • Nascido em 19 de setembro de 1966, no município de Sobradinho, Fin trabalhou por oito anos em Pato Branco, no Paraná, na iniciativa privada com a comercialização de insumos agrícolas e topografia.
  • Como chefe do escritório local da Emater/RS-Ascar, são mais de 19 anos.
  • É formado como engenheiro agrônomo na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), de 1988 a 2003, e pós-graduado em Gestão do Agronegócio na Unisinos, entre 2010 e 2012.


Leonardo Pereira

Leonardo Pereira

Natural de Vila Mariante, no interior de Venâncio Aires, jornalista formado na Universidade de Santa Cruz do Sul e repórter do jornal Folha do Mate desde 2022.

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