It’s Only Rock’n’Roll (But I Like It)

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Som, palco e iluminação de primeira, num espaço que acomoda de oitenta a noventa pessoas. Há banheiro, copa e paredes decoradas, com instrumentos musicais emoldurados em redomas de vidro e cópias de cartazes históricos de shows, de Elvis Presley ao The Doors. No palco, a banda detona um hino do Rage Against the Machine, mas o isolamento acústico é tamanho que a única reclamação possível, por barulho, é do volume da conversa de quem vai ao lado de fora para fumar – com vista privilegiada da cidade e um som ao fundo oriundo de caixas de som, disfarçadas de pedras que parecem aerolitos. O pub mais legal da região é puro rock e impressiona – e fica dentro de uma residência.

Rock’n’Roll All Nite
Este pequeno santuário musical é parte da casa do engenheiro civil, empresário e baterista Luiz Paulo Assmann Júnior – um canto do lar chamado por ele de Jr.’s Pub. A beleza das instalações contrasta com a discrição de sua posição geográfica, em rua erma na parte alta da zona urbana. O caráter privado da festa, natural por se tratar de um bar dentro de uma casa, se contrapõe à receptividade do local: em terra onde a coisa pública tem sérias dificuldades de pegar o seu dinheiro e fazer coisas para você, o anfitrião usou o dele para montar um lugar espetacular, chamar as pessoas para fazer parte e nem sequer se valer do direito de restringir que tudo isso se torne de conhecimento público.

Rock’n’Roll Ain’t Noise Pollution
A noite da última quinta-feira no pub foi de estreia da Confraria do Rock. Um encontro pretensamente mensal de cidadãos de Sebastianfield, que tem em comum, no mínimo, a paixão pelo estilo musical mais barulhento já inventado. As limitações de acesso são pra lá de óbvias. A lista de presentes é fechada, mas não imutável: o próprio Júnior se entusiasma, sobretudo, com a ideia de mostrar o rock’n’roll aos mais jovens. Vislumbra que a gurizada sinta o mesmo feitiço que ele ao ver uma banda pela primeira vez – o Párias da Sibéria, nos anos 80, no colégio Aparecida –, quando sentiu vontade de tocar bateria e viver aquilo por outro lado. Admirável tal qual a casa de shows que construiu.

You Can’t Kill Rock’n’Roll
A mescla de idades e perfis já é realidade. Mastodonte e a santa-cruzense The Tex Three foram escaladas para o show inaugural. Condimentado por canjas de Rafael Sehn, o guitar hero local desta geração, enquanto seu equivalente oitentista, Luiz Ruschel, assistia feliz com o contemporâneo Sandoval Wildner. Tiago Wachholz, o showman da orquestra, reencontrava o xará baixista Debald, que tocava thrash metal antes de morar na China. Cadu Villanova, o DJ Gordinho, comandava as picapes enquanto Jajá, o garçom, servia chopp para o batera Lucas Elsenbach, um Tommy Lee infiltrado no bailão – por sinal, o sempre animado Daniel Trapp também estava lá. O futuro é sempre incerto, mas já há no mínimo uma boa história para ser contada – e isso é muita coisa.

Três acordes
# Neste Dia Mundial do Rock que só existe num país do mundo, lembremos: a data é um tanto quanto tola, mas o rock, de um jeito ou de outro, dá um jeito de sobreviver.
# Vide este exemplo do pub de Júnior e a história desta coluna. Aqui mesmo em Venâncio, que segue sem saber se instala uma loja da Havan ou planta uma tipuana.
# Por sinal, a pedida local para a noite de 34º aniversário do Live Aid é o show de Thomás Lenz e sua banda na choperia Max Haus. Reservas pelo Facebook da casa.

 

    

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