Faz algum tempo que venho acompanhando a polêmica sobre as Sparks, armas não-letais que foram adquiridas pela Secretaria de Segurança Pública. Na sessão de segunda-feira, 20, o vereador Ezequiel Stahl (Mais Brasil) adicionou mais um ‘ingrediente’ ao debate. De acordo com ele, um instrutor de Caxias do Sul esteve em Venâncio Aires, ministrou curso de capacitação para os agentes da pasta e não recebeu pelo serviço. “Calote”, classificou Stahl, em manifestação na tribuna da Câmara.
Fui atrás das informações. O que apurei é que o Município adquiriu 15 Sparks, ao preço total de R$ 75 mil, ou seja, cada arma custou R$ 5 mil. A intenção era que os agentes da Secretaria de Segurança Pública fizessem uso das pistolas, mas houve discrepância de entendimento jurídico e a utilização foi barrada. Na época da compra, Jair Garcia era o titular da pasta. Foi ele quem fez contato com o instrutor caxiense, que realmente ministrou o curso na Capital do Chimarrão. Só que, na hora do pagamento, não havia empenho e o profissional não recebeu. O valor é de R$ 1 mil.
A situação está sendo resolvida na Prefeitura, mas não é a única que envolve a Segurança Pública e o ex-secretário Jair Garcia. Conforme fontes ouvidas pela coluna, há um outro pagamento em aberto, de aproximadamente R$ 8,1 mil, relativo a serviço de videomonitoramento. Os vereadores de oposição sabem disso e defendem que o dinheiro seja devolvido aos cofres públicos por Garcia. Os valor do treinamento, pelo que soube, pode mesmo acabar sendo cobrado dele, mas os R$ 8,1 mil devem ser pagos pelo Município. E, ainda sobre as Sparks: serão doadas para a Brigada Militar – três delas vão para a Penitenciária Estadual de Venâncio Aires (Peva) e 12 serão utilizadas pelos policiais militares de serviço.
Viagem a Brasília e o fogo amigo
São raros os momentos em que os vereadores de oposição entram em atrito na Câmara, mas eles existem. Na sessão de segunda-feira, 20, ao comentar sobre os R$ 2 milhões em emendas de Marcelo Moraes (PL) para Venâncio Aires, Ezequiel Stahl (Mais Brasil) alfinetou os colegas Sandra Wagner e Eligio Weschenfelder, o Muchila, ambos do PSB. “Poderíamos ter dado um pulo em Brasília, mas preferimos recebê-lo aqui, com um chimarrão”, provocou, em clara referência à viagem dos socialistas à capital do país, recentemente, de onde voltaram com R$ 2 milhões de Heitor Schuch (PSB) e R$ 250 mil do senador Paulo Paim (PT).
A reunião semanal seguiu e, logo depois, Renato Gollmann (Mais Brasil) ressaltou seu trabalho junto ao Podemos, com o suporte do ex-vice-prefeito Celso Krämer, em busca de recursos para o município. “Também não precisei ir a Brasília. Fui só até Porto Alegre, de carona com o Celso, pagamos alimentação do nosso bolso e voltamos com R$ 1,5 milhão em recursos”, comentou, lembrando que os valores são do ex-deputado federal Murício Dziedricki e do ex-senador Lasier Martins, ambos do Podemos. Gollmann só não esperava o contra-ataque de Muchila. “O vereador se esqueceu de dizer à comunidade que foi, sim, a Brasília, e voltou de lá sem nada”, retrucou, ressaltando a viagem de Gollmann ainda no ano passado, quando integrou comitiva que esteve na capital federal em busca de recursos para o Hospital São Sebastião Mártir (HSSM). Fogo amigo.
Rapidinhas
• Eligio Weschenfelder, o Muchila (PSB), disse na tribuna da Câmara, na sessão de segunda-feira, 20, que tem “uma equipe debruçada nas prestações de contas da Fenachim” e que não concorda “com a falácia que é R$ 200 mil de lucro”. Afirmou que a Prefeitura repassou R$ 500 mil para a festa e o Legislativo mais R$ 300 mil, para a concretização do Chimarródromo, o que daria, “no mínimo, R$ 600 mil de prejuízo”. Também declarou que empresas que prestaram serviços para a Fenachim teriam cargos em comissão (CCs) como sócios-proprietários. ” As prestações de contas chegarão ao Ministério Público”, garantiu.
• Procurada, a coordenação de comunicação da Prefeitura e da Fenachim, assim rebateu as manifestações do vereador: “Mais uma vez, o que estamos assistindo é um vereador de oposição tentando desqualificar o sucesso da festa para atingir o governo. Politizando resultados positivos e confundindo a opinião pública. Só nos resta lamentar e lembrar à comunidade que este mesmo grupo político quase destruiu a Fenachim anos atrás, propondo investigação em CPI e MP, cujo único resultado foi apequenar nossa festa e afastar pessoas com desejo e condições de assumir a linha de frente da Fenachim. Depois de um grande trabalho de união comunitária, liderado por Vilmar de Oliveira, Elmar Becker, Maristela Cetolin e dezenas de voluntários sem nenhuma filiação partidária, surgem novamente essas acusações? Justo quando a festa dobra de tamanho em orçamento, volume de negócios e resultados positivos? As contas da Fenachim foram incansavelmente auditadas e aprovadas antes da sua apresentação. E seguem à disposição para qualquer esclarecimento, seja do vereador ou da comunidade. Agora, para o bem e a continuidade da festa, sugerimos que acusações desse nível só sejam levadas a público quando acompanhadas de provas”.