A votação do Projeto de Lei número 055, do Poder Legislativo, de autoria do vereador Eligio Weschenfelder, o Muchila (PSB), na sessão da Câmara de segunda-feira, 6, deu o que falar. Com a derrubada da matéria – 8 a 7 contra a proposição, como voto de minerva do presidente da Mesa Diretora, Dudu Luft (PDT) -, Muchila lamentou o que classifica como boicote à oposição. “Só não passou porque foi uma proposta de um vereador que não é da base governista”, afirmou ele, para em seguida dizer que “os vereadores de situação votam a mando do prefeito, a cabresto”.

No entanto, houve também uma manifestação do vereador Ezequiel Stahl (PL) que colocou muita gente para pensar. No momento em que fez uso da tribuna, no período das Comunicações, ele destacou a forma como votaram os colegas Nilson Lehmen e Gilberto dos Santos, ambos do MDB. “É um partido que tem intenção política e sabe se posicionar para ganhar eleição. Os dois vereadores já começam a votar de forma independente”, comentou, insinuando que o partido pode não apoiar a tentativa do PDT fazer o sucessor de Jarbas da Rosa em 2028 – hoje, o nome que surge com mais força é o de Tiago Quintana, atual secretário de Governança e Gestão.

O MDB, historicamente, é peça-chave em estratégias políticas para quem quer chegar à Prefeitura. Uma das legendas mais tradicionais de Venâncio Aires, já governou o Município e, em um passado recente, fez parte das gestões da Capital Nacional do Chimarrão, as últimas duas, inclusive, com a participação da vice-prefeita Izaura Landim – que está na função pelo segundo mandato. Stahl, logicamente, aproveitou a oportunidade para colocar uma ‘pulga atrás da orelha’ dos aliados do MDB, já que a sigla, em outros momentos, esteve até mesmo rachada em eleições municipais. O vereador de terceiro mandato, cotado para ser vice na chapa de Maciel Marasca (PP), sabe que qualquer apoio é importante para o sucesso nas urnas. Nos bastidores, os emedebistas garantem que os votos foram uma coincidência e não há movimento ‘para o outro lado’. Será?

“Respeite o suplente, vereador!”

Sempre que pode, Eligio Weschenfelder, o Muchila (PSB), ‘lembra’ o colega Gerson Ruppenthal (PDT) que ele só está na Câmara porque o mais votado na eleição de 2024, Tiago Quintana (PDT), foi chamado para assumir a Secretaria de Governança e Gestão. Sempre que faz isso, Muchila adota um tom que mistura ironia e depreciamento, o que, logicamente, irrita o pedetista. Na sessão de segunda-feira, 6, após a reprovação do projeto de lei que previa a obrigatoriedade do uso de câmeras corporais por agentes de fiscalização – proposta de autoria do socialista -, Ruppenthal aproveitou para ir à forra. “Respeite o suplente, vereador! O voto deste suplente aqui acabou derrubando seu projeto”, comentou o parlamentar.

Rota de Santa Maria sob pressão

Ninguém mais acredita nas promessas da Rota de Santa Maria no que se refere às obras de duplicação da RSC-287 no território de Venâncio Aires, especialmente nos pontos que foram rompidos em maio do ano passado e têm desvios em funcionamento. Com o registro de uma morte em um dos desvios, os vereadores subiram o tom para atacar a concessionária da rodovia e cobrar medidas urgentes relacionadas aos problemas. “Vieram aqui na Câmara mentir pra gente. Disseram que o projeto para as obras do trecho de Venâncio Aires já estava com o Governo do Estado, mas na verdade não chegou nada lá. Eu mesmo mandei mais de dez e-mails para a Rota de Santa Maria e nem resposta recebi”, disparou o presidente da Mesa Diretora do Poder Legislativo, Dudu Luft (PDT). Ele e os demais 14 vereadores assinaram um documento que foi enviado à Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do Rio Grande do Sul (Agergs) pedindo atenção às demandas.

Rapidinhas

  • Na tribuna, o vereador Gilberto dos Santos (MDB) reclamava das más condições das estradas do interior, especialmente das localidades da região do Barro Branco, quando, em aparte, recebeu um ‘conselho’ da colega Claidir Kerkhoff Trindade (Republicanos). A vereadora disse que Santos deveria pedir ao seu assessor – filho do capataz que cuida da região – que levasse as demandas ao servidor responsável. Episódio foi classificado como ‘fogo amigo’.
  • Assunto para os próximos dias: a Prefeitura está contratando serviço de controle de frota pelo valor de R$ 1,8 milhão. Na Câmara, a oposição já faz críticas ao investimento.