Ex-vereador e ex-secretário de Infraestrutura e Serviços Públicos, Renato Gollmman, que hoje responde pela presidência do Podemos, participou do programa jornalístico Terra em Uma Hora, da Rádio Terra 105.1 FM, na terça-feira, 9. Ele estaria acompanhado do único vereador eleito pela sigla, Alberto Sausen, que precisou atender a outro compromisso, de última hora, e não participou da entrevista concedida à bancada, na oportunidade formada por este colunista e pelo colega Carlos Roberto de Oliveira, o Carlão. Mesmo sem a presença de Sausen, a conversa foi uma das mais reveladoras dos últimos meses.
Gollmann — que atualmente é coordenador da Agência FGTAS/Sine de Arroio do Meio, no Vale do Taquari — até tentou dar aquela despistada básica, mas acabou concordando que o Podemos teve e ainda tem uma série de problemas internos. No entanto, garantiu que vai trabalhar para fortalecer a legenda em Venâncio Aires. Admitiu que o ex-vice-prefeito Celso Krämer, que o antecedeu como presidente do partido, perdeu a posição “por não cumprir metas” e estaria com a rejeição cada vez maior, o que, provavelmente, fará com que, de forma gradual, o faça perder protagonismo político. Ainda mais que o filho dele, Diego Krämer, é o primeiro suplente do Podemos na Câmara de Vereadores, quer ter uma experiência como parlamentar e, caso não consiga nesta legislatura, virá com tudo em 2028 para não deixar o mandato escapar.
O entrevistado estava cheio de novidades. Anunciou, por exemplo, que o ex-vereador Adelânio Ruppenthal — que já foi presidente do Poder Legislativo de Venâncio Aires — filiou-se ao Podemos recentemente. E, quando ouvi isso, perguntei a Gollmann como estava a relação com o governo do prefeito Jarbas da Rosa (PDT) e da vice Izaura Landim (MDB), uma vez que o vereador da sigla, Alberto Sausen, desde o início da atual legislatura vota com a base. “Muito boa. Inclusive, já tivemos reunião com o prefeito”, afirmou, sem titubear. Ou seja, não se surpreendam se, mais hora, menos hora, o Podemos aparecer no governo. O próprio Gollmann concordou que seria bem melhor não precisar fazer 76 quilômetros, diariamente — distância de ida e volta de Venâncio Aires a Arroio do Meio —, para as atividades profissionais. E teve mais: disse que o apoio depende do espaço destinado à legenda na Administração.
Tá, mas o que tem a ver a filiação de Adelânio Ruppenthal? Explico. É um agente político extremamente tranquilo e habilidoso, daqueles que não costumam botar a mão em cumbuca. Dizem que ele colaborou com a campanha de Alberto Sausen e, inclusive, teria influência no alinhamento do parlamentar com o governo. Tá, mas e aí? Aí que, nos idos de 2024, antes da eleição que reconduziu Jarbas da Rosa e Izaura Landim à Prefeitura, encontrei o Adelânio, no Banco do Brasil. Perguntei sobre a política, acreditando que ele, naquela época ainda no PSB, apoiaria a chapa encabeçada por Giovane Wickert (PSB), que começou com Cleiva Heck (na época, no União Brasil, e que deixou a composição após fazer infeliz manifestação a respeito dos idosos durante entrevista, que todos sabem que não foi por mal) e terminou com Élida Klamt (PSDB).
Ledo engano. “Vou trabalhar pro Jarbas, pode escrever lá”, informou Adelânio. Lembro que escrevi e a informação também surpreendeu muita gente. Entendem agora por que a presença dele no Podemos pode facilitar uma aproximação com o governo? A não ser que tenha se decepcionado com Jarbas, como disse que aconteceu com Wickert, será peça-chave no que diz respeito à possibilidade de o Podemos engrossar as fileiras governistas. Lembrando que a ‘análise fria’ coloca a legenda como de centro-direita. Ideologia, no entanto, a gente sabe, depende do lugar onde se está. E do espaço para participação. Quem achou que nada de interessante estava acontecendo nos bastidores vai franzir a testa.
Críticas endereçadas ao HSSM
Na sessão de segunda-feira, 8, vários parlamentares falaram sobre o perrengue financeiro do Hospital São Sebastião Mártir. Tivemos declarações do tipo “saco sem fundo” e “conta que nunca fecha”. Os comentários foram feitos durante a votação do projeto que previa o repasse de R$ 2,4 milhões da Prefeitura para a instituição. Fico pensando nas pessoas que, diariamente, se desdobram em busca de soluções para o problema crônico de falta de dinheiro e acabam tendo que ouvir críticas.
Claro que a preocupação é necessária, mas o calcanhar de Aquiles sempre foi e sempre será a defasagem da tabela SUS. Em 2025, o contrato do Município com o HSSM previa um aporte de pouco menos de R$ 32 milhões. O valor total, com os repasses extras, vai passar dos R$ 40 milhões. Tomara que o Programa Pró-Hospitais (PPH), de autoria do deputado estadual venâncio-airense Airton Artus (PDT), que prevê a possibilidade de destinação de até 5% do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) pelas empresas aos hospitais filantrópicos e santas casas, possa ser uma luz no fim do túnel.