Assim como centenas de casas e estabelecimentos comerciais de Venâncio Aires, o prédio da Câmara de Vereadores também foi atingido pela enchente. No caso, do arroio Castelhano. As águas do manancial invadiram o primeiro andar da Casa do Povo, onde fica o Plenário Vicente Schuck – o local onde são realizadas as sessões do Poder Legislativo. Em virtude dos estragos, as reuniões têm ocorrido no Plenarinho João Jorge Hinterholz, no segundo andar. Porém, o que parecia ser algo sem maior relevância, acabou causando divergência entre parlamentares, pois há quem defenda o retorno ao plenário principal.

A presidente da Mesa Diretora da Câmara, Claidir Kerkhoff Trindade (Republicanos), recentemente divulgou imagens de móveis e carpete atingidos, o que inviabilizou a realização das sessões no local de sempre. Ela informou também que um levantamento completo das avarias está sendo elaborado, para que seja possível resolver os problemas com celeridade. No entanto, o Legislativo precisará encaminhar uma licitação para execução das reformas e, dessa maneira, não existe uma previsão de volta ao Plenário Vicente Schuck. Só que nem todos os colegas da presidente da Casa concordam que os trabalhos continuem no segundo andar.

Renato Gollmann (Podemos) foi quem se manifestou com maior veemência em relação ao assunto. “A sessão da Câmara está sendo muito prejudicada”, afirmou, para em seguida completar: “Vai ter solução pra logo? Minha sugestão é que contrate aquele pessoal que faz limpeza de carpete e toca o baile”. Ainda de acordo com Gollmann, “todos que tiveram suas residências atingidas pela enchente lavaram e voltaram”. A respeito de problemas elétricos que teriam sido verificados na Câmara, ele argumentou que é preciso procurar um profissional capacitado, para que sejam resolvidas as situações e liberado o plenário para os encontros.

Ao se manifestar sobre as declarações dos colegas, Claidir disse que o piso foi comprometido e que não está disposta a fazer o trabalho “a toque de caixa”. De acordo com ela, caso a região mais baixa da cidade volte a ser invadida pelo Castelhano, será necessário “gastar de novo”. A estimativa é que entre 30 e 45 dias as atividades sejam retomadas no Plenário Vicente Schuck. “Sei da preocupação, sei também que a comunidade quer nos assistir. Mas peço paciência, porque queremos deixar o plenário em perfeitas condições. Muitos de nós estão ajudando nos abrigos. Vamos pensar nas pessoas que estão precisando”, argumentou Claidir.

Eligio Weschenfelder, o Muchila (PSB), concorda com a opinião de Gollmann. Para ele, “o prejuízo para a Casa e para os vereadores é imensurável”. Também criticou o fato de as sessões terem mudado de horário – das 19h para as 16h -, sob justificativa de que vereadores e seus assessores têm auxiliado nos abrigos destinados a atingidos pelas cheias. “Estamos escondidos, parece que devendo alguma coisa. E 90% dos que estão aqui não vão para abrigos coisa nenhuma. Vão para casa dormir”, provocou. Assunto que, certamente, ainda vai dar muito pano para a manga.

Rapidinhas

Durante o debate sobre o local das sessões do Poder Legislativo, a presidente da Mesa Diretora, Claidir Kerkhoff Trindade (Republicanos), afirmou ter sido “atacada” pelo colega Renato Gollmann (Podemos) e sugeriu que ele estaria tendo comportamento machista na Câmara. Esta não foi a primeira vez que Claidir criticou a postura de Gollmann. Tem gente que concorda, mas há também os que, nos bastidores, afirmam que a presidente da Casa está tentando jogar o colega contra a opinião pública.

Chegaram à coluna áudios de vereadores se queixando de suposto uso indevido de veículo da Prefeitura para transporte de eletrodomésticos. De acordo com os relatos, um pré-candidato a vereador estaria no centro da polêmica, que foi ‘divulgada’ no grupo de WhatsApp dos parlamentares venâncio-airenses. Um diz que, se pode, também quer ser beneficiado, já outro pede provas para apresentar ao Ministério Público.

Noto, com esperança, que cada vez mais pessoas estão deixando de politizar todo e qualquer assunto que vem à tona. É sinal de que estamos, finalmente, ‘saindo da eleição’ de 2022, quando o Brasil viveu uma polarização que ainda tem seus reflexos para a sociedade. No Rio Grande do Sul, mais especificamente, o episódio das enchentes parece ter mostrado às pessoas que a divisão não é interessante e que todos precisam estar unidos. Brigar por este ou aquele político é como ficar batendo boca sobre dupla Gre-Nal: enquanto jogamos fora amizades de uma vida inteira – até destruindo laços familiares -, tem gente com os bolsos cheios.