O clima de tensão está instalado na política de Venâncio Aires. A chapa esquentou de vez na segunda-feira, 3, durante a sessão da Câmara de Vereadores, quando Eligio Weschenfelder, o Muchila (PSB), denunciou suposto desvio de R$ 45 mil do orçamento da 16ª Festa Nacional do Chimarrão (Fenachim). De acordo com ele, a contratação da empresa Singmaru, que tem como um de seus sócios a coordenadora de Comunicação e Marketing da Prefeitura, Daiana Nervo, seria vedada legalmente. Além de fazer a denúncia na tribuna do Legislativo, Muchila diz ter encaminhado o expediente para o Tribunal de Contas do Estado (TCE) e Ministério Público (MP). Ele defende que, a partir da comprovação da irregularidade, os recursos voltem para os cofres públicos.

O socialista afirma que fez a denúncia porque quer “as coisas certas”, mas todos sabem que ele também teve a intenção de atingir o governo do prefeito Jarbas da Rosa (PDT). Muchila é um crítico contumaz da Administração e está sempre apontando os erros de gestão, problemas de infraestrutura na cidade e no interior, más condições das estradas e tudo o que render desgaste para a situação. Obviamente, se o TCE e o MP concordarem com a tese do vereador, não haverá motivos para se dizer o contrário. No entanto, se a denúncia não prosperar, ele poderá sofrer um revés. A imunidade parlamentar lhe garante o benefício de não ser processado criminalmente, mas não está descartada uma ação de reparação de danos, por exemplo. Sei que os prejudicados já estão pensando nisso.

Contudo, o que mais me chamou a atenção neste episódio – que vai render muito, ainda – foi o fato de ninguém da base do governo ter se pronunciado em defesa da Fenachim e dos integrantes da associação que é responsável pelo evento. Nos bastidores, alguns vereadores, até mesmo de oposição, comentaram que Muchila poderia estar sendo um tanto irresponsável, mas ninguém contestou o vereador. Na Prefeitura, foi o mesmo que lançar uma bomba, mas também não houve qualquer reação. Sobrou para a secretária executiva da 16ª Fenachim, Deizimara Souza, responder à denúncia. Ela disse que a Singmaru não recebeu recursos da parceria com o Município, garantiu que a cúpula da festa não tem medo de prestar esclarecimentos e lamentou o fato de o parlamentar “diminuir a Fenachim”. Fato é que o estrago está feito e teremos que aguardar para saber como se dará o desfecho deste polêmico episódio.

Rapidinhas

A denúncia relacionada à Fenachim não foi a única manifestação polêmica de Eligio Weschenfelder, o Muchila (PSB), na sessão da Câmara de segunda-feira, 3. Tendo mais uma vez como alvo a jornalista Daiana Nervo, ele criticou o fato de ela e mais três integrantes da comunicação da Prefeitura terem participado de um curso em Gramado recentemente. “Os safristas foram passear”, declarou, ressaltando que a capacitação poderia ter sido on-line e custaria menos para os cofres públicos. Nas redes sociais, Daiana respondeu afirmando que Muchila tem histórico de gastos com diárias. Isso teria, inclusive, ajudado ele a tomar a decisão de fazer a denúncia contra a Singmaru, pois já vinha falando a respeito nos bastidores e não tinha certeza de que deveria tornar o assunto público. Ah, e para não perder o costume, Muchila e o presidente da Câmara, Gerson Ruppenthal (PDT), voltaram a trocar farpas no Legislativo.

Diego Wolschick (PTB) protocolou na Câmara de Venâncio Aires uma moção de repúdio ao Partido Democrátrico Trabalhista (PDT), na pessoa do presidente nacional, André Peixoto Figueiredo Lima, pela ação movida pela legenda e que culminou com a inelegibilidade, pelo período de oito anos, do ex-presidente da República, Jair Bolsonaro (PL). “Ficou inelegível sem nunca ter cometido um ato de corrupção. Quero ver se também vão reativar os processos do Lula. Hoje, me envergonho de um dia ter sido filiado ao PDT, partido que está no colo do PT”, disparou.

Secretária de Planejamento e Urbanismo e coordenadora da Central de Projetos da Prefeitura, Deizimara Souza (PDT) está sendo cotada para concorrer a uma vaga na Câmara de Vereadores. O partido entende que ela tem perfil para a função, bem como histórico familiar. O pai dela, Leonildo de Souza, foi vereador por quatro mandatos no município de Seberi. No momento, Deizimara prefere despistar acerca do assunto, mas soube que não descarta topar o desafio, desde que tenha aval da família.

Governo tem, com certeza, cinco vereadores na Câmara: Gerson Ruppenthal, Ana Cláudia do Amaral Teixeira e Luciana Scheibler, todos do PDT, André Puthin (MDB) e Claudete Cittolin (PSD). As posições de César Garcia (PDT), Claidir Kerkhoff Trindade (União Brasil) e Benildo Soares (Republicanos) viraram incógnitas. Tudo pode acontecer nas votações, pois a oposição continua com sete votos consolidados.