A sessão da Câmara de Vereadores de Venâncio Aires sempre dá o que falar. O embate entre situação e oposição raramente ocorre de forma ponderada, o que garante repercussão para além das paredes do Plenário Vicente Schuck. Na segunda-feira, 15, as pessoas que costumam acompanhar os trabalhos do Poder Legislativo foram surpreendidas com a manifestação de Eligio Weschenfelder, o Muchila (PSB), que foi à tribuna com uma mala em mãos. Ao fazer seu pronunciamento, disse que estava “partindo em viagem para conhecer esta Venâncio Aires que os vereadores governistas e o governo tanto pregam”.
O parlamentar não concorda que a Administração esteja no rumo certo. Citou a espera de “dois meses por uma consulta” e “uma vida inteira para um especialista ou uma cirurgia eletiva”. Criticou o fato de os venâncio-airenses precisarem se deslocar até Candelária para atendimentos relacionados à oftalmologia, falta de remédios na Farmácia Municipal, estradas precárias no interior e áreas verdes com roedores e baratas, entre outras coisas. “Quero convidar a todos para que venham junto nesta excursão”, ironizou, para em seguida completar dizendo que “o prefeito vai a Brasília e só traz, na bagagem, fotos de uma linda viagem, mas nenhum pila”. Por fim, ainda declarou que os servidores públicos não são valorizados e, muitas vezes, “comprados com GF”.
A postura de Muchila na tribuna repercutiu entre os vereadores que se manifestaram na sequência. Clécio Espíndola, o Galo (MDB), foi o primeiro a cutucar o colega. “É de rir. Sinceramente, meus amigos, isso aqui virou uma palhaçada. Mas eu tenho que aplaudir o Muchila pela sua capacidade de fazer teatro”, disparou. Conforme Galo, o socialista tem o costume de “só criticar”. Lembrou que fez parte do governo anterior (Giovane Wickert e Celso Krämer) e que, na opinião de Muchila, “não tinha problemas na saúde e nem com mosquito da dengue, estava tudo às mil maravilhas”. Antes de encerrar, o emedebista afirmou ainda que “o melhor pronunciamento do Eligio foi quando ele ficou um minuto em silêncio na tribuna”, em referência ao dia em que Muchila protestou por ter tido o microfone cortado pela presidente Claidir Kerkhoff Trindade (Republicanos).
Tiago Quintana (PDT) também partiu para o contra-ataque. “O teatro é cômico. Nota-se que o vereador não tem uma alternativa ou solução em relação ao que critica. Sobre comprar servidor com GF, deve ter se referido a ele mesmo, quando olha no espelho de manhã. Quem foi comprado com GF e recebe até hoje sem trabalhar é o vereador em questão”, declarou. Quintana, que até pouco tempo era secretário de Saúde, respondeu com ironia às declarações de Muchila relacionadas à área. “Fala de demora para consulta nos postos porque no governo dele não tinha demora, pois não tinha médicos nos postos”, argumentou, para em seguida acrescentar: “Enquanto tem vereador que quer ir embora e tenta desconstruir uma Venâncio Aires que realmente existe – e que tem que melhorar muito -, eu estou do lado que quer ficar em Venâncio Aires e melhorar cada vez mais a terra em que vivemos”.
Sid Ferreira e César Garcia, ambos do PDT, também repercutiram o que chamaram de “teatro na tribuna”. O primeiro afirmou que este tipo de postura deixa a população pasma. “É como uma carroça vazia: só faz barulho”, atacou. O segundo foi outro que partiu para o lado da ironia. “Tenho muito medo que daqui a pouco tragam um porco ou um cavalo aqui para a Casa. Já veio um metro, já veio uma mala, daqui a pouco vai vir um jipe. Ainda temos bastante tempo até chegar o período crítico eleitoral, quando os ânimos vão se acirrar bastante, provavelmente”, disse. Ainda pediu para o responsável pelo som da Câmara, Tavinho Botelho, “botar pro colega Muchila a música ‘Porque homem não chora’, do Pablo”.