Daqui em diante, não adianta mais contar com sessões da Câmara sem embates acirrados e ânimos exaltados. O período pré-eleitoral sempre muda tudo, e não é de agora. Isso é tradicional, embora desagrade algumas pessoas. Por isso, quem não está disposto a ouvir denúncias e acusações – mesmo que sem apresentação de provas -, sugestões de que os adversários estão agindo irregularmente e até exposição da vida pessoal dos políticos, pode deixar desde já de buscar informações.
Na reunião de ontem, dois assuntos repercutiram mais. Primeiro, o arquivamento da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar o envio e aplicação de recursos do Governo Federal a Venâncio Aires, para ações de enfrentamento aos prejuízos deixados pela catástrofe climática. Essa pauta foi ampliada e está completinha, aí lado da coluna, em forma de matéria. Depois, houve também uma repercussão sobre o projeto que prevê a municipalização da VRS-816, rodovia que está em péssimas condições e, há muitos anos, é alvo de críticas de usuários e também das autoridades.
A matéria constava na Ordem do Dia, período em que os vereadores apreciam e votam de acordo com as suas convicções. Tudo indicava que a proposta seria aprovada por unanimidade, pois todos concordam que a VRS-816 precisa de intervenção urgente. Mas o vereador Eligio Weschenfelder, o Muchila (PSB), decidiu pedir vista do projeto, adiando a votação. Ele questionou o que mudou, agora, para que o Município queira assumir a rodovia. “Não é urgente, pois estou há quatro anos pedindo a municipalização e o prefeito sempre disse não, pois só faria depois do recapeamento do Daer, pois o Município não tinha recursos”, justificou o parlamentar, acrescentando que “faltando três meses para a eleição, quer municipalização só para enganar o povo, num toque de mágica agora vai dar”.
A situação, obviamente, aproveitou para afirmar que Muchila está contra a comunidade. Tiago Quintana (PDT), o grande desafeto do socialista no Legislativo, foi o primeiro a contestar a decisão. “Vivi para ver um vereador votar contra um projetos destes. Isso não é politicagem? Quanto tempo precisa para decidir se é a favor ou contra as melhorias na rodovia? Isso que é só o pedido para municipalizar, nem é um projeto de financiamento para isso, que imagino será a forma de buscar recursos para o recapeamento”, comentou. Gerson Ruppenthal foi outro que criticou a postura do colega. “A municipalização vai ficar parada por conta disso”, destacou, pedindo ainda que as comunidades que ficam ao longo da 816 se mobilizem para evitar que a proposta sofra novas interrupções, uma vez que deve voltar à pauta da Câmara na próxima sessão, marcada para o dia 15, ainda no Plenarinho João Jorge Hinterholz, às 16h.
Rapidinhas
Dois vereadores não participaram da sessão da Câmara de ontem. Sid Ferreira (PDT) ainda se recupera do acidente sofrido na quinta-feira, 4, em Linha Arroio Grande, no qual faleceu o secretário de Infraestrutura e Serviços Públicos, Jorge Sbruzzi, e ficou ferido o coordenador das capatazias, William da Silva. Já Renato Gollmann (Podemos) esteve impossibilitado por problemas de saúde. Precisou, inclusive, buscar por atendimento médico no Hospital São Sebastião Mártir (HSSM).
Zé da Rosa (Republicanos), que assumiu a cadeira de Benildo Soares (Republicanos) na sexta-feira, 5, em reunião extraordinária, fez ontem o seu primeiro pronunciamento na tribuna no retorno ao Poder Legislativo. Lamentou o falecimento de Jorge Sbruzzi – aliás, todos os vereadores fizeram isso durante suas participações, além de um minuto de silêncio no início do encontro – e, na sequência, nitidamente emocionado, revelou que estava enfrentando uma doença muito grave, mas que estaria controlada. Foi a primeira vez que, publicamente, ele falou a respeito do tratamento contra um câncer. Agradeceu ao prefeito Jarbas da Rosa, à vice Izaura Landim, à primeira-dama Janete da Rosa, ao secretário de Educação, Émerson Eloi Henrique, aos colegas de Secretaria de Cultura e Esportes – que comandou até pouco tempo, quando precisou desincompatibilizar para concorrer a vereador – e à família, pessoas que, segundo ele, deram muito apoio e suporte para a recuperação.
O servidor público municipal Enéias Ivan Nees Peiter entrou em contato com a coluna para informar que também desincompatibilizou das suas funções no Poder Executivo por ser pré-candidato a vereador pelo PP. Peiter é graduado em Direito pela Unisc, trabalhou em escritório de advocacia, no Fórum, na Procuradoria Jurídica do Município e no Procon. Sua última atividade era encaminhar os processos de solicitação de medicamentos para os pacientes de Venâncio Aires.