Quem acompanha a política de Venâncio Aires sabe que mais um episódio desagradável está em curso desde a noite de segunda-feira, 1º, reflexo de situação ocorrida na Câmara de Vereadores. Vou em ordem cronológica dos acontecimentos para facilitar para os leitores. Durante a reunião do Poder Legislativo desta semana, a presidente da Mesa Diretora, Claidir Kerkhoff Trindade (Republicanos), alertou dois parlamentares para que mantivessem o foco nos projetos que estavam sendo discutidos, ou cortaria o microfone de ambos. O primeiro foi Gerson Ruppenthal (PDT), da base governista, que quis ressaltar, em momento inapropriado, o prêmio Cidade Empreendedora, do Sebrae, conquistado pela Prefeitura. Ele acatou a solicitação de Claidir e não precisou ter a atenção chamada outra vez.

Depois, o alerta da presidente foi para Eligio Weschenfelder, o Muchila (PSB), que classificou como “golpe” o fato de o Município ter enviado à Câmara oito projetos de incentivo financeiro a empresas locais. Embora tenha votado a favor de todos eles, Muchila sugeriu que a Administração estaria, com isso, utilizando recursos públicos para contemplar empreendimentos às vésperas da eleição, com objetivo de se beneficiar politicamente. Só que, ao contrário de Ruppenthal, o oposicionista não cessou o comentário e Claidir determinou o corte do microfone. No Plenário Vicente Schuck, houve uma mistura de surpresa e apreensão. Mas a sessão seguiu sem maiores problemas após o episódio.

Só que uma manifestação, nas redes sociais, acabou dando sequência na polêmica. Natural de Venâncio Aires e há três anos morando em Porto Alegre, Anderson Lenhart, que acompanhava a sessão virtualmente, fez postagem se dirigindo à presidente do Legislativo, na qual classificou-a como “ditadora” pela forma como agiu. Na sua opinião, a vereadora “perdeu todo o senso crítico e democrático” ao cortar a fala de Muchila. Já na terça-feira, 2, Lenhart voltou às redes sociais, desta vez para fazer uma denúncia. Ele afirma ter recebido uma ligação, às 10h54min, de Mateus Figueiredo Silva, ex-presidente do Republicanos e atual chefe da Junta de Serviço Militar (JSM) da Capital Nacional do Chimarrão.

O denunciante sustenta – inclusive registrou ocorrência na Polícia Civil e encaminhou cópia à coluna – ter sido “veementemente ameaçado”. Silva teria dito que falava em nome de Claidir e indagado se ele não tinha medo de “se meter com políticos”. Na sequência, também teria sugerido que a forma como Lenhart estava se manifestando era “perigosa” e que “tem gente que já morreu por menos que isso”. O morador de Porto Alegre disse à Polícia que tem certeza de que a ligação foi feita por Silva, que inclusive é seu padrinho de casamento. “Jamais esperava uma atitude assim da parte dele”, disse Lenhart à coluna, ontem.

Contatado, o chefe da JSM afirmou que desconhece qualquer tipo de ameaça e confirmou que foi padrinho de casamento do denunciante. “Ainda domingo ele estava em Venâncio Aires passeando. Me procurou, pois fazia tempo que não nos víamos pessoalmente”, argumentou. A presidente da Câmara de Vereadores, Claidir Kerkhoff Trindade, preferiu se manifestar por meio de nota oficial. Destacou que o Regimento Interno da Casa prevê este tipo de advertência e, em caso de insistência, a retirada da palavra. “A presidente da Casa reforça que tem feito um trabalho com respeito e que o seu papel é manter a ordem para o bom andamento dos trabalhos legislativos”, diz o documento. Sobre a denúncia de Lenhart, a nota destaca que “a distorção dos fatos e as demais questões que estão sendo divulgadas serão resolvidas nas esferas cabíveis”.

Mais R$ 1,5 milhão para o HSSM

A Câmara de Vereadores de Venâncio Aires se reuniu, na noite de ontem, para uma sessão extraordinária. A convocação foi necessária para a aprovação de projeto de lei que prevê o repasse de R$ 1,5 milhão ao Hospital São Sebastião Mártir (HSSM). O recurso já havia sido anunciado pelo prefeito Jarbas da Rosa e pelo secretário de Saúde, Tiago Quintana, ambos do PDT. Trata-se de uma antecipação para que a casa de saúde consiga honrar compromissos com funcionários e fornecedores. Quando chegarem as emendas parlamentares que são aguardadas pelos gestores da instituição, o valor deve ser ressarcido aos cofres públicos.

Assoeva: sai Fonseca, entra Boneco

Como já era esperado, Marcelo Fonseca deixou a presidência da Assoeva. A decisão era necessária para que ele possa concorrer a uma vaga na Câmara pelo PL. Cristiano Eugênio, o Boneco, é o novo comandante do clube.