Embora exista justificativa para revisão das diárias de vereadores e servidores do Legislativo – não eram reajustadas desde 2016, apesar de uma resolução ter definido, naquele mesmo ano, que as bases deveriam ser atualizadas a cada 12 meses, pelo IGP-M -, o desgaste político é inevitável. O percentual de quase 61% de majoração, ‘numa tacada só’, salta aos olhos dos cidadãos que, em sua esmagadora maioria, criticam a medida. Isso porque o momento é de dificuldades e de retomada. Nos postos de combustíveis, os preços dispararam. Nos supermercados, os produtos ou encareceram ou diminuíram de tamanho para a manutenção dos valores. E um ‘pulo’ de R$ 287,00 para R$ 462,00 para custear uma viagem intermunicipal, com alimentação, transporte e pernoite, desagrada a população em geral, que não dispõe de montante como este para comer, se deslocar e dormir, diariamente.
Dos 14 vereadores que participaram da sessão da Câmara de segunda-feira, 21, três votaram contra o aumento: Ezequiel Stahl, Elstor Hackenhaar e Diego Wolschick, todos do PTB. O parlamentar ausente foi Elígio Weschenfelder, o Muchila (PSB), que retornaria às atividades após um período de licença, mas positivou para a Covid-19. E foi justamente o socialista que, ao repercutir a aprovação do projeto, fez a declaração mais forte. “Se estivesse na Câmara, certamente votaria contra. E iria mais longe: esta é uma proposta da Mesa Diretora e o presidente (Benildo Soares, do Republicanos) quer participar da Marcha Municipalista, em Brasília, no próximo mês. Assim, aprovou o aumento das diárias para poder ganhar mais para a viagem”, disparou, para em seguida completar: “Ele lutou por mais de 20 anos, concorreu quatro vezes para vereador e nunca se elegeu. Quando o Giovane (Wickert, ex-prefeito, do PSB) deu espaço para ele na Junta de Serviço Militar e ele pôde usar a máquina para se eleger, chegou à Câmara, mas está botando fora o mandato. Vai cair do cavalo, pode registrar”.
Indicativo de protesto na Câmara
Se as promessas se confirmarem, a Câmara receberá um grande público na sessão da próxima segunda-feira, 28. Circulam nos grupos de WhatsApp mensagens de ‘convocação’ para uma manifestação no Legislativo em relação ao aumento dos valores das diárias. O empresário Airton Bade é um dos indignados, pois segundo ele, “o momento ainda é de pandemia e, enquanto todos seguram as pontas, acontece um fato inaceitável desses”. Bade não descarta mobilizar a comunidade para encaminhamento de uma ação civil pública na tentativa de derrubar o reajuste. “Se passar tudo dessa forma, vão aumentar os próprios salários e o número de assessores. Eles precisam saber que não é bem assim”, critica.
Rossetto crê na retomada no PT
O programa jornalístico Terra em Uma Hora, da Rádio Terra FM 105.1, contou ontem com a participação do pré-candidato a deputado estadual Miguel Rossetto (PT). Entre outros assuntos, ele afirmou que vê o ano de 2022 favorável ao partido, especialmente pela volta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao cenário político, e que acredita na retomada da participação popular. Rossetto já foi ministro do Desenvolvimento Agrário, presidente da Petrobras Biocombustível, ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, vice-governador do Rio Grande do Sul e ministro do Trabalho e Previdência Social. Sociólogo e sindicalista, é um dos nomes fortes do Partido dos Trabalhadores para conquistar uma cadeira na Assembleia Legislativa. Também concorreu ao Governo do Estado, em 2018, e como vice de Manuela D’Ávila (PCdoB) à Prefeitura de Porto Alegre, em 2020. Passou por Venâncio Aires para mobilizar a militância e disse que confia na reestruturação da sigla no município, no estado e no país.
Rapidinhas
• “Se viesse para sanção, eu vetaria o aumento das diárias. Mas, como é um projeto de resolução, não vai chegar na minha mesa”. A frase é do prefeito de Venâncio Aires, Jarbas da Rosa (PDT), que ontem confirmou à coluna contrariedade à proposta aprovada na Câmara para revisão dos valores das diárias em quase 61%. Também ontem, Ezequiel Stahl (PTB) protocolou projeto que tem como objetivo a revogação do reajuste. A matéria completa está na página 7 desta edição. É, pelo andar da carruagem, tudo indica que a repercussão acerca do assunto está muito, mas muito longe mesmo de acabar.
• Ezequiel Stahl (PTB) e Gerson Ruppenthal (PDT) se desculparam, na sessão da Câmara de segunda-feira, 21, pelo episódio de bate-boca da reunião anterior. Admitiram que passaram dos limites e concordaram em ‘colocar uma pedra’ sobre o ocorrido. No fim do encontro semanal, teve até um aperto de mãos para celebrar a paz. Os colegas de Legislativo elogiaram a atitude de ambos. Tinha apostado aqui neste espaço que isso aconteceria.