Eleição é sempre sinônimo de tensão, disputa e acirramento. Isso porque, quando há mais pessoas ou grupos interessados em determinado cargo ou posto de comando, é natural que, no momento de busca pelo objetivo, sejam registrados conflitos, em virtude dos ânimos exaltados. Era justamente um cenário como este que se esperava para a escolha da Mesa Diretora da Câmara de Vereadores, na noite de segunda-feira, 18. Mas, ao contrário das expectativas, o pleito teve uma surpreendente calmaria. Claidir Kerkhoff Trindade (União Brasil) foi eleita presidente da Mesa Diretora em 2024 com placar de 8 a 6. Além dos votos da bancada governista, Claidir contou também com o apoio de Clécio Espíndola, o Galo (PTB).
Mesmo Galo sendo integrante da oposição, a presidente eleita revelou que acreditava que ganharia o voto do colega. “Esperava o voto dele, sim. Porque eu pedi, então tinha esta expectativa”, comentou Claidir, terça-feira, 19, em participação no programa Terra em Uma Hora, transmitido direto da loja da Afubra. A vereadora destacou ainda a coesão do grupo de situação, que cumpriu, durante quatro anos, acordo fechado no início da atual legislatura e que garantiu o comando da Mesa Diretora a Tiago Quintana (PDT, em 2021), Benildo Soares (Republicanos, em 2022), Gerson Ruppenthal (PDT, 2023) e a ela, no ano que vem. “Como é bom saber que ainda existem políticos de palavra, que cumprem com as suas promessas”, declarou ela.
Claidir tem muito claro si que o maior desafio à frente do Poder Legislativo será fazer com que as sessões, especialmente, sejam mais tranquilas e menos desagradáveis para quem as acompanha. Para isso, pretende manter o diálogo aberto com situação e oposição, sem qualquer privilégio. “Vou comandar levando em consideração o que está no nosso Regimento Interno. Os vereadores sabem o que precisam fazer, como as coisas funcionam e como têm que se comportar”, observou, ao mesmo tempo que admitiu que concorda que o ano de 2023 foi ‘quente’ na Casa do Povo. “O presidente foi bem, na minha opinião. Só que em alguns momentos, ele (Gerson Ruppenthal, do PDT) precisou se impor, o que é da função. Se todos colaborarem, episódios como os registrados neste fim de ano não vão se repetir”, disse.
E foi também durante participação no Terra em Uma Hora que Claidir respondeu a uma pergunta que, certamente, vai mexer com os bastidores da política até abril do ano que vem, na abertura da janela de transferência. “Isso ainda não está definido”, afirmou, ao ser indagada se ficará no União Brasil ou mudará de ares para a eleição. O prefeito Jarbas da Rosa (PDT) pediu que ela permaneça na atual sigla, pois assim seria tranquilo manter a coesão da base governista. No entanto, Claidir e o outro nome forte do União Brasil, secretário de Habitação e Desenvolvimento Social, Ricardo Landim, avaliam se haverá estrutura suficiente para que a legenda consiga manter a representação na Câmara.
Caso entenda que é preciso buscar outro partido, Claidir pode acabar deixando a base do governo – e ‘levando’ Landim junto. Isso porque os possíveis destinos seriam PL e PP, mais provavelmente o primeiro, o que a colocaria como uma das principais figuras para a campanha de 2024. O PL já pré-lançou Alexandre Wickert para prefeito no ano que vem, em dobradinha com Maciel Marasca (PP). A própria Claidir chegou a ser ventilada como nome para formar chapa majoritária da direita, mas ela tem claro que precisa de mais um mandato de vereadora para, depois, com mais experiência, ir em busca de outro patamar.
Rapidinhas
Depois da votação para a Mesa Diretora da Câmara de Vereadores, Clécio Espíndola, o Galo (PTB), teria sido removido do grupo de WhatsApp da oposição. Ele votou na chapa de situação e contribuiu para a vitória de Claidir Kerkhoff Trindade (União Brasil). Contatado pela coluna, Galo repercutiu o episódio: “Não faz diferença nenhuma, porque me elegi sem estar no grupo”. O provável destino do vereador é o MDB.
O presidente do Legislativo, Gerson Ruppenthal (PDT), e o colega André Kaufmann (PTB), trocaram farpas após o término da sessão de segunda-feira, 18, a última ordinária do ano. Kaufmann foi repreendido por Ruppenthal no momento em que registrava a entrega de certificado a uma homenageada e, quando a sessão encerrou, passou na frente do presidente e disse algo que o deixou extremamente irritado. Talvez dê Comissão de Ética.
Câmara está em polvorosa em razão da exoneração de um assessor parlamentar. Mais informações na próxima edição.