O atrito está no ar. Furioso em razão de o projeto de sua autoria, que trata do feriado de aniversário do município, no dia 11 de maio, ter sido baixado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara de Vereadores, o presidente da Casa do Povo, Benildo Soares (Republicanos), resolveu ‘chutar as canelas’ de meio mundo. Ele sugere que o prefeito Jarbas da Rosa (PDT), o ex-prefeito Airton Artus (PDT) e a Câmara de Comércio, Indústria e Serviços de Venâncio Aires (Caciva) foram responsáveis pelas pressões externas sobre presidente e membros da CCJ, vereadores Claidir Kerkhoff Trindade (União Brasil), Ana Cláudia do Amaral Teixeira (PDT) e Diego Wolschick (Mais Brasil). De todos os citados, só Artus e a Caciva não quiseram se manifestar a respeito. Tem matéria completa sobre o assunto na página 9 desta edição da Folha do Mate.

Após esta breve contextualização, gostaria de fazer uma indagação: quais serão os reflexos desta polêmica na eleição para o comando da Mesa Diretora da Câmara, que está marcada para o dia 19 deste mês? Quem acompanha a política sabe que, atualmente, a situação conta com oito votos no Legislativo e, entre eles, está o de Soares, que foi eleito presidente, inclusive, a partir do ‘acordão’ do início da legislatura. Caso resolva se rebelar e apoiar algum nome da oposição, ou mesmo sair candidato à reeleição, o vereador do Republicanos garantiria uma virada a favor dos oposicionistas. Ele informou, aliás, que já recebeu esta proposta, mas recusou. No entanto, seu voto ainda é incerto, como ele mesmo declarou ontem, em entrevista ao programa Terra em Uma Hora, da Terra FM 105,1.

Provavelmente, Benildo Soares não vai ‘roer a corda’, com se diz popularmente, mas a hipótese não pode ser descartada. E, nas últimas semanas, surgiu o comentário de que César Garcia (PDT), descontente com a Administração, poderia trocar de lado. Possibilidade que ganhou força quando o pai dele, o sargento aposentado da Brigada Militar, Jair Garcia, pediu exoneração do cargo de secretário de Segurança Pública. A justificativa para a saída, oficialmente, seria um convite para assumir função no Governo do Estado, a partir de 2023, mas há quem acredite que tudo não passa de uma sinalização de apoio ao filho vereador. Os atritos vêm se acumulando dia após dia e, o que parecia certo – Gerson Ruppenthal (PDT) como presidente no ano que vem – já não pode mais ser dado como ‘carreira corrida’.

Faltam menos de duas semanas para que tenhamos o desfecho em relação à sucessão na Mesa Diretora da Câmara de Vereadores. Certo é que, até lá, muita água vai correr por baixo da ponte. O clima na sessão de terça-feira, 6, não era dos melhores, e ficou ainda mais ‘pesado’ em razão da participação do secretário de Meio Ambiente, Nilson Lehmen (MDB). Isso porque ele ocupou um tempo considerável ao falar na tribuna, o que acabou praticamente esvaziando o período destinado às comunicações dos parlamentares. Os de oposição, especialmente, ficaram ‘fubicas da vida’. Lehmen chegou a ficar constrangido, em determinado momento, e pediu desculpa, pois viu que alguns dos vereadores apontavam para os relógios, se queixando do excesso de tempo utilizado. Os ingredientes estão sendo jogados para dentro do liquidificador e, depois que todos forem batidos, teremos o resultado, enfim, desta mistura toda.

Rapidinhas

• “Tem que saber que toda ação tem uma reação”, afirmou o prefeito de Venâncio Aires, Jarbas da Rosa (PDT), ao ser perguntado sobre um eventual ato de ‘rebeldia’ de Benildo Soares (Republicanos) nos próximos dias. O pedetista afirmou que não concorda com interferência do Executivo no Legislativo e acredita que os vereadores de situação vão manter o ‘acordão’ do início da atual legislatura. Sid Ferreira (PDT), que hoje está no comando da Secretaria de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisp), seria o presidente no terceiro ano. Agora, a preferência é por Gerson Ruppenthal (PDT), mas, como há resistência em torno do seu nome, César Garcia (PDT) corre por fora. Surpresas no dia da eleição?

• Já circula a informação, nos bastidores da política, que cargos em comissão (CCs) do Republicanos estariam sendo ameaçados de exoneração caso Benildo Soares debande para a oposição. O presidente da Câmara garante que segue na situação, mas afirma que não vota “a cabresto” e vai de acordo com o seu entendimento em cada uma das questões que tramitam no Legislativo. O Republicanos tem até secretário: Zé da Rosa, da Cultura e Esportes, que, aliás, estaria com um pé no PDT.

• Operação da Polícia Federal, ontem, teve como alvo o IBSaúde, dirigido por Eri de Medeiros e Vinícius Medeiros. Quatro pessoas foram presas, mas os nomes não foram divulgados. A ação de ontem é desenrolar da Operação Autoclave, que em 2019 esteve em endereços de Venâncio Aires. As suspeitas são de desvio de recursos públicos em gestão de unidades de saúde.