A repercussão da sessão extraordinária da Câmara de Venâncio Aires, realizada na quinta-feira, 11, não foi nada boa. Isso porque quase todos os vereadores foram ao Plenarinho João Jorge Hinterholz certos de que votariam um projeto de antecipação de recursos da Prefeitura – no valor de R$ 1,6 milhão, ao Hospital São Sebastião Mártir (HSSM), só que a proposta não estava na pauta. Na Ordem do Dia da convocação constavam os projetos 128 e 129, ambos do Executivo e que previam repasse de R$ 400 mil para a hemodiálise do HSSM e prorrogação de contrato temporário de um professor de História.

Quando tomaram conhecimento da pauta, os vereadores ficaram surpresos e a confusão se armou. O presidente da Mesa Diretora da Casa, Benildo Soares (Republicanos), afirmou que tinha combinado com o prefeito Jarbas da Rosa (PDT), em Brasília – onde foram buscar recursos para a casa de saúde -, que convocaria a sessão extra para a votação do repasse de R$ 1,6 milhão, pois o dinheiro seria utilizado para pagamento dos funcionários do hospital. “Não foi pra isso aqui que eu convoquei a Câmara. Chega a ser ridículo pra mim isso. O projeto que a gente ia votar era para pagar a folha do hospital. O Executivo me usou. Jogaram uma bomba e caiu no meu colo mais uma vez”, disse.

Dos 15 parlamentares, apenas dois afirmaram ter ciência dos projetos que estavam em pauta: Gerson Ruppenthal e Ana Cláudia do Amaral Teixeira, ambos do PDT. Ana Cláudia, aliás, pediu que fosse lido o ofício de convocação, o que não aconteceu. Vereadores de oposição, Sandra Wagner e Elígio Weschenfelder, o Muchila, ambos do PSB, e Ezequiel Stahl, André Kaufmann, Renato Gollmann e Diego Wolschick, todos do Mais Brasil, não pouparam críticas à Administração, que na opinião deles foi a causadora do embaraço. No entanto, integrantes da base de governo, como César Garcia (PDT) e Claidir Kerkhoff Trindade (União Brasil), também lamentaram o ocorrido e pediram explicações da Prefeitura.

Até a diretora do Legislativo, Alexandra Silveira, teve que intervir durante a sessão. Ela ressaltou que, dos dois projetos a serem apreciados, o mais importante e urgente era o de prorrogação do contrato temporário do professor de História. Depois, surgiu a informação de que não seria necessária a sessão extra, mas que a convocação ocorreu por conta do adiamento da reunião de segunda-feira, 14. Em razão do feriado da Proclamação da República, na terça-feira, 15, foi decretado ponto facultativo na Câmara e o encontro semanal ficou para quarta-feira, 16, o que obrigou o Executivo a pedir urgência nas votações. E ainda deu tempo para Renato Gollmann (Mais Brasil) criticar o excesso de feriadões no Legislativo. “Vou desagradar o presidente e alguns colegas, mas é muito feriadão. Por mim, eu vinha segunda-feira aqui na Câmara. Somos muito bem pagos para trabalhar. Se um dia eu for presidente desta Casa, vamos ter feriado só se cair no dia”, disparou.

Na sequência, Soares declarou que, “se for preciso, eu passou 24 horas aqui na Câmara, e se tiver que amanhecer, eu amanheço aqui”. Sorte que os vereadores terão até quarta-feira para acalmar os ânimos. No entanto, é provável que tenhamos mais repercussão desta sessão extra confusa.

Rapidinhas

• Nos últimos dias, ouvi duas pessoas comentarem que o cabeleireiro Wirk Kussler estaria ventilando a possibilidade de concorrer a vereador na próxima eleição. Fiz uma consulta e ele me mandou a seguinte resposta: “É boato. Sempre me manifesto (nas redes sociais) sobre várias pautas, e não foi diferente sobre o momento político. Acho interessante cada pessoa defender suas convicções. Não podemos igualar política, futebol e religião como se fosse normal torcer por suas escolhas. Futebol cada um escolhe pra quem torcer, religião cada pessoa escolhe onde frequentar, já a política precisa ser debatida em todos os lugares, porque impacta a vida de todos”. Antes de encerrar a conversa, perguntei se ele descarta totalmente uma candidatura ao Legislativo. “No momento, sim”, escreveu.

• Outro nome que vem sendo especulado nos bastidores da política é o de Cristian Deves, que também costuma se manifestar com frequência nas redes sociais. Também perguntei a ele se há possibilidade de voltar a buscar uma vaga na Câmara. “Não dá”, resumiu. Mas, pra ser sincero, não senti tanta firmeza na resposta. Deves concorreu a vereador em duas oportunidades, ambas pelo PP: em 2008, fez 1.003 votos, foi o sétimo mais lembrado pela comunidade (eram 10 cadeiras), mas não conseguiu se eleger; já em 2012, somou 654 votos e, como 19º mais lembrado, ficou de fora do Legislativo mais uma vez. Apesar de ter tentado a vereança duas vezes e não ter concorrido em 2016 e 2020, Deves é jovem e pode, com um empurrãozinho, aparecer no cenário. O pai dele, o médico anestesista Milton Deves (falecido aos 74 anos, no dia 25 de março de 2020), foi vereador, vice-prefeito, secretário de Saúde e presidente do Hospital São Sebastião Mártir (HSSM).