Lembro bem da primeira vez que fui provocado, ou melhor, convocado, a escrever sobre política. O ano era 2006, o mês era setembro, e a primeira coluna seria publicada no dia 14, dia do aniversário de Viamão e mesma data da inauguração do jornal que tive a responsabilidade de ajudar a fundar na Região Metropolitana de Porto Alegre, o Diário de Viamão. Ao Roberto Gomes de Gomes, proprietário do veículo, disse inicialmente que não escreveria, pois não tinha o mínimo gosto pelo tema. Aliás, ficava irritado ao ver pessoas bringando por política.
Mas ele afirmou que a batata quente seria minha, gostasse ou não, pois queria que o editor do jornal ficasse responsável pela parte de política. Sem escolha, passei a encarar a novidade como possibilidade de ampliação do conhecimento e, ao mesmo tempo que me deparava com situações desagradáveis, onde notava a parte negativa da política, via também figuras habilidosas e estrategistas, que tinham projetos bem definidos e ganhavam com alguma facilidade a confiança da comunidade. Aquele ‘dom’ dos bons políticos chamou atenção e passei a gostar mais da editoria.
Os anos foram passando e a minha simpatia pelo tema aumentando. Cobri política em Cachoeira do Sul, Candelária e Santa Cruz do Sul, antes de chegar à Folha do Mate, em Venâncio Aires. Aqui já comecei logo colaborando na área e, em seguida, a editoria ficou comigo. Fora a cobertura jornalística, lá se vão mais de três anos assinando esta coluna, que começou com a metade do espaço e, hoje, ocupa lugar nobre e que oportuniza tratar sobre mais episódios relacionados à política, especialmente a local. Eventualmente escrevo sobre outros temas, normalmente sobre esportes, outra paixão que tenho, e às vezes sobre o cotidiano.
Escrevi tudo isso para contextualizar a minha relação com a política e dizer que, nos últimos dias, tenho sido tomado por um sentimento parecido com aquele de 2006. Tirando as atividades rotineiras de apresentação, apreciação, aprovação ou não, sanção ou não de leis que mexem com toda a sociedade, a política parece estar reduzida à polarização provocada pela eleição nacional, entre Lula e Bolsonaro, com Ciro correndo por fora. Mas o que isso tem a ver com Venâncio? Tudo, pois quem circula nos bastidores sabe que a ‘guerra’ também está instalada por aqui.
As pessoas não se contentam em dizer em quem vão votar e respeitar a opinião contrária. Querem ‘catequisar’, mostrar por A mais B que o seu candidato de preferência é o melhor e, quando não conseguem impor a sua vontade, partem para a discussão sem argumentos, para as ofensas e, muitas vezes, para a briga mesmo. E isso acontece com militantes dos dois lados, por assim dizer, porque temos ‘mocinhos’ e ‘bandidos’ em ambos os fronts. Optei por fazer esta reflexão por ter um pouco de receio em relação ao dia da eleição e, principalmente, para depois dela.
Fica a sugestão de que cada um faça o seu trabalho com respeito, sem simplesmente tentar destruir os adversários. Vivemos em um município de 72 mil habitantes e, na minha opinião, não precisamos cair na vala comum da polarização. Isso é ruim para o futuro da cidade, pois se isso acontecer, estaremos fadados a conviver com a torcida contrária de alguns, o famoso ‘quanto pior, melhor’. Quer tentar sensibilizar alguém a votar em determinado candidato? Vai lá, isso é normal. Mas, quando notar que não tá rolando, respeita a opinião da pessoa e evita se tornar um chato de galocha. A vida segue depois do dia 2 de outubro.
Rapidinhas
• Colega Rui Borgmann, que abriu a Casa do Vô Coppa Bar – estabelecimento que eu já escrevi aqui que vale muito a pena prestigiar -, teve um prejuízo no fim de semana. Um ladrão pulou o portão lateral do bar, furtou uma TV que ficava na área externa, próximo à churrasqueira, e saiu caminhando, calmamente. Certamente, a televisão foi trocada por algum entorpecente. São dias cada vez mais complicados e perigosos.
• Quando Claidir Kerkhoff Trindade (União Brasil) assumir a sua cadeira na Câmara de Vereadores – o que deve acontecer em novembro, no máximo -, o Legislativo deixará de ter um terço de suplentes. Hoje, estão na Casa do Povo André Puthin (MDB), na vaga de Gilberto dos Santos; Ana Cláudia do Amaral Teixeira (PDT), no lugar de Sid Ferreira (PDT); Alexandre Fernandes (PSC), na cadeira de Nelsoir Battisti (PSD); Luciana Scheibler (PDT), no espaço de Tiago Quintana (PDT); e Ricardo Landim (União Brasil), no lugar de Claidir. Landim vai para a Secretaria de Habitação e Desenolvimento Social.
• O abraço de hoje para a dona Sônia Siebeneichler Severo, mãe da amiga Cátia Severo e que é leitora assídua deste espaço. Aproveitando a oportunidade, fica registrado o desejo de sucesso para a Marina e o Júnior, que no sábado, 10, inauguraram a sua clínica integrada de saúde Jantsch & Gewehr, junto com a sócia Júlia Lago e outros profissionais da área. E um beijo pra Luísa, pra não deixar de fora a ‘pitoca’ desta família de grandes amigos.