Projeto de lei da deputada Regina Becker Fortunati (PDT), foi protocolado, no dia 1º, para ser incluído o ‘Dia do Declamador’, no Calendário Oficial do Estado. A data a ser comemorada será dia 15 de dezembro, data de nascimento de Darcy Fagundes. Ele foi um profissional da comunicação e consagrou declamação e a temática do regionalismo gaúcho na história do rádio e da televisão. Faleceu, em junho de 1984.
“Com mais de 30 anos de carreira, ele deixou um legado de valorização e reconhecimento a todos que cultivam o movimento tradicionalista gaúcho, sendo lembrado como um grande incentivador da música e da nossa cultura”, ressalta a parlamentar.
Pela proposição, caberá ao Poder Executivo e aos órgãos voltados à promoção da cultura no Estado, a elaboração da PROGRAMAÇÃO a ser desenvolvida por ocasião das comemorações. De acordo com o PL, para a elaboração do programa e ações, serão consultadas e convidadas a participarem as Associações vinculadas ao tema, bem como os Centros de Tradições Gaúchas. Na justificativa da matéria, Regina lembra que a arte da declamação sempre foi uma atividade marcante na cultura do Rio Grande do Sul e que os declamadores são considerados verdadeiros ídolos, cujo papel é divulgar a tradição gaúcha, por meio do texto poético.
Darcy Fagundes
Primogênito de uma família de 11 irmãos, entre eles o apresentador Antonio Augusto Fagundes, Aldo Batista, João Batista, Euclides Fagundes Filho e Júlio César. Foi casado três vezes. Deixou um filho do primeiro casamento, três filhas do segundo e um garoto do terceiro.
Foi um folclorista gaúcho, apresentador do programa ‘Grande Rodeio Coringa’ nos anos 50, acompanhado de Luiz Menezes, além de outros programas de rádio e televisão. Nasceu no dia 15 de dezembro de 1925, em Uruguaiana.
Ele foi contratado em 1955, pela rádio Farroupilha para ser o ajudante de Paixão Cortes em um programa sobre tradicionalismo gaúcho que ainda não tinha nome. A idéia do programa surge através do diretor da rádio Farroupilha Otávio Augusto Vampré que combinou a estrutura junto com Cortes.
O programa era dividido em invernadas, isto é, tinha uma parte com duplas e trios, tinha uma parte de trova, uma parte de humorismo, uma parte de declamação e uma para a orquestra sinfônica da Farroupilha. Foi nesta época que Darcy criou para si um slogan: Darcy Fagundes, o gaúcho vaqueano do rádio.
Na emissora, Darcy deu a idéia para o nome do programa utilizando as marcas dos patrocinadores. Com isso surge O Grande Rodeio Coringa que trabalhava essencialmente em cima do tradicionalismo gaúcho. Coringa era a marca de calças de brim, patrocinadora do programa que ia ao ar das 8 às 10 horas da noite.
Durante o período em que esteve no ar, cerca de 15 anos o programa contou com algumas trocas de apresentadores. No princípio, era apresentado por Darcy e Paixão Cortes, até a saída deste para a rádio Gaúcha. Darcy passa a apresentar o Grande Rodeio Coringa com Dimas Costa que também foi para a gaúcha e Luis Meneses que foi até o final do programa com Darcy.
O programa Grande Rodeio Coringa, apresentado ininterruptamente por mais de 15 anos, contava com a presença de um auditório. Pessoas vinham de todo o estado para conhecer e participar do programa. Para isso, elas precisavam passar por um teste de talento e condições para aparecer em público. Alguns dos artistas que se revelaram no programa são: Teixerinha e Mari Terezinha, o Gaúcho da Fronteira e os Serranos.Darcy lançou o seu primeiro disco em 1968, chamado ‘Tropa Amarga’. Um conjunto de poesias, muitas delas, como a Desencanto declamadas em seu programa de rádio. Ele é o primeiro a se destacar como representante do tradicionalismo gaúcho. Cabe lembrar que ‘Rinha de Galo’ é verdadeiramente a primeira gravação individual.
Ele, principalmente no que diz respeito ao tradicionalismo no rádio, foi um marco. Afinal, também apresentava o Invernada Gaúcha, um programa na TVE, nos moldes do Grande Rodeio Coringa. Assim, ele criou um estilo próprio, uma forma diferenciada de comunicação. Bagre Fagundes destaca a forma de expressão do irmão. De acordo com ele, Darcy recebera incentivo da família, em especial do pai, Euclides Fagundes, para demonstrar o seu talento.
Tamanha era a repercussão do Grande Rodeio Coringa que, as famílias que possuíam rádio na Campanha recebiam as visitas de amigos e vizinhos. Muitos vinham de carreta ou a cavalo para ouvir os músicos e as atrações gauchescas que Darcy Fagundes apresentava. A voz de Darcy Fagundes, entretanto, cativou ouvintes não apenas no Rio Grande do Sul, mas também em lugares distantes com o estado do Maranhão.
Darcy Fagundes morreu aos 59 anos, vítima de um câncer que o abateu rapidamente, mas até hoje é lembrado pelas pessoas ligadas ao tradicionalismo gaúcho como um grande incentivador da música e da cultura do Rio Grande do Sul.