O cheiro do café, as boas risadas, o abraço apertado, as viagens, a convivência e os ensinamentos, são algumas das tantas memórias afetivas que viraram poesias guardadas em minhas gavetas. Estes sentimentos, são bálsamos que alimentam a alma, porém, apenas retratam uma parte – muito pequena – da longa história de vida destas mulheres que, hoje, escolhi para homenagear, pela passagem do Dia da Mulher, representando a todos que passaram pela minha vida.
Memórias
As memórias são infinitas, pois em cada ciclo de vida, conheci guerreiras, de todas as raças, cores e credos. Mulheres que me ensinaram o pertencimento, valores e respeito a tudo e a todos. Impossível citar aqui seus nomes, por isso sintam-se todas representadas. Nestas seis décadas, tive a dádiva de conviver com mulheres guerreiras, verdadeiras ‘Anitas’, de nosso tempo. Por isso, a homenagem em memória, a todas que estão noutro plano, neste inclui-se minha mãe. Àquelas que tenho a felicidade de poder dizer obrigada, pelo incentivo pessoal, profissional e no tradicionalismo, o faço neste espaço, por tudo e tanto.
Em comum?
O que estas mulheres, escolhidas para representar a todas, têm em comum? São mães, avós, aposentadas, profissionais, que se entrelaçaram, também, com o tradicionalismo, cada uma no seu tempo. E, com elas, páginas foram escritas, na minha história e da 24ª Região Tradicionalista (24ª RT). Se “o tradicionalismo constrói para o futuro”, como bem disse Barbosa Lessa, há que se valorizar as pessoas que plantaram as sementes, olhar com respeito e reconhecimento àquelas da contemporaneidade, onde estão as novas gerações. Perfeita conexão para o futuro.
Adelina de Azevedo
Aos 84 anos, Adelina Azevedo, ou simplesmente, a tia Nena, desfruta da aposentadoria, muito bem acarinhada em sua casa, pelas filhas, Ângela, Geovana, o filho Gilmar Alexandre, e os netos Alef e Alexandra, após décadas de trabalho junto a empresas de tabaco.
Acolhida
A primeira referência, em Venâncio Aires, na Linha Olavo Bilac, é desta mulher, que aprendi a admirar por sua luta, acolhimento e carinho de segunda mãe, quando aqui cheguei há 50 anos.
Anos mais tarde, enquanto secretária executiva, na antiga Fumossul/Universal leaf, com ela dividi minha caminhada. A organização, o sorriso, o bom humor e palavras de incentivo, sempre foram suas características. Além do gostoso cafezinho, servido com muito amor.
No tradicionalismo
O tempo passou e, por meio do neto Alef, hoje acadêmico de Educação Física, nossa paixão pelo tradicionalismo também se cruzou, mesmo que por um curto espaço de tempo. Na época, o então estudante da Escola Beno Breunig, participou do grupo de danças da Escola, e como incentivo, foi presenteado pela avó, com o primeiro par de botas.
Filha emprestada
Batalhadora, sempre com muita fé, pra esta mulher, não existiu tempo ruim, mesmo que os desafios batessem à porta. Amante do Carnaval e dos desfiles, dos bailes da Melhor Idade, amiga para todas as horas. Com sua simplicidade e doçura, assim, sempre foi e continua sendo a Tia Nena. Por tudo isso e muito mais, hoje, a Tia Nena, recebe a homenagem desta colunista, filha emprestada, e amiga – com carinho e admiração, pela passagem do Dia da Mulher.
Graziela Aparecida Bruxel
Recém dava, eu, os primeiros passos no tradicionalismo, e Graziela já estava lá. No dia 23 de junho de 2001, a jovem Graziela Aparecida Holz, tornava-se a 2ª Prenda da 24ª RT, gestão 2001/02, representando o CTG Raça Gaudéria, de Estrela, evento que aconteceu na sua entidade de origem.
Bandeira da Região
Em 2004, nossos caminhos se cruzaram, quando minha filha, Regina, recebeu a faixa de 2ª Prenda Juvenil da 24ª RT. E, Grazi, como, carinhosamente, passamos a chamá-la, já assumia o cargo de diretora cultural da Região, cargo que desempenhou até 2006. Tive a felicidade de fazer parte, a seu lado, neste departamento, com quem muito aprendi. Ainda, naquela ano, Graziela, deixou entre o seus legados, a criação da bandeira da 24ª RT, que também homenageia a Capital do Chimarrão.
No tradicionalismo e na vida
Se ao lado de “uma grande mulher, caminha um grande homem”, com a jovem não foi diferente. Sempre a seu lado, o namorado Alexsandro Bruxel, topando as ‘indiadas’. Nossa amizade se perpetuou no tempo, e, em 2007, tive a honra de ser a decoradora do casamento de Graziela e Alexsandro.
No ano de 2009, Graziela assume a coordenação do departamento artístico da Região, com muita dedicação e empenho. Em tempos que recursos materiais e financeiros eram escassos, não impediam a jovem de virar noites para organizar os eventos, sempre atenta aos detalhes, dividindo as tarefas com seus colaboradores, um de seus belos dons.
Atualmente, Graziela Aparecida Bruxel, dividi o tempo com seus guris: Miguel, 8 anos, Heitor, 5, o peão Alexsandro, e a função de gerente administrativa, em uma empresa de Estrela.
Se para ela foi um privilégio ter conhecido tantas pessoas, ao longo da jornada, que viraram grandes amigos tradicionalistas e, sentir uma enorme alegria em carregar nas suas memórias o tempo dedicado à 24ª RT, para esta colunista, um tempo que será eterno. Uma passagem, que a mãe, esposa, profissional, prenda, diretora cultural e artística, considera marcante em sua vida foi a criação da bandeira regional, e o reconhecimento pelo trabalho realizado ao longo dos anos.
Minha homenagem, a ti, Graziela, pela passagem do Dia da Mulher, com muita gratidão, por tudo e tanto.
Ana Maria Silva da Silva (em memória)
Homenagear dona Ana, como a chamávamos, com tanto respeito e admiração, (em memória), deixa-me muito confortável, pois tive a oportunidade de, inúmeras vezes, parabenizá-la e agradecê-la, em vida, pelos ensinamentos e carinho que a todos atendia.
No entanto, o registro pela passagem do Dia da Mulher, reforça à filha, Franciele Trevisol e ao neto Joaquim da Silva Trevisol, o reconhecimento à mãe, avó e mulher dedicada, que tive o prazer de conviver e muito aprender, durante seis anos.
Amizade
Dona Ana, integrante do CTG Tropilha Farrapa, de Lajeado, esteve à frente da 24ª RT, entre os anos 2005 e 2011, como sota-capataz. Nos anos, 2007 e 2008, nossa amizade se fortaleceu ainda mais, quando Regina ((minha filha) foi a 1ª Prenda da 24ª RT. A partir daí, uma segunda mãe, aliás, para todas as gestões.
Secretária
Com uma postura exemplar, a todos os tradicionalistas atendia com atenção e eficiência, muito além de secretária tradicionalista, pois esta função, também, fez parte de sua vida profissional por 23 anos. E quem passou pela história da Univates, teve o privilégio de com ela conviver
Ana Maria (Anita)
Entre desafios e muito trabalho, a força da mulher ‘Ana Maria Silva da Silva’, que já trazia em seu nome o homônimo de ‘Anita’ (Ana Maria de Jesus Ribeiro), era uma líder nata e defensora das ideias que entendia serem corretas, porém sabia ouvir e usava as palavras na medida certa. Sempre encontrava caminhos para conciliações, com seus conhecimentos, também, no mundo tradicionalista.
Partida
Quis o Patrão Maior que, há sete anos, dona Ana partisse aos 62 anos. Neste 29 de março, estaria completando 69 anos. Mas na memória de quem teve o privilégio de com ela conviver, a eterna lembrança daquele sorriso afável, o abraço apertado, o chimarrão quentinho, um lanche para as viagens e as últimas conferências, sempre, antes de qualquer compromisso tradicionalista.
Tenhas a certeza, Fran, que tua mãe, nos deixou um baú de riquezas. Por tudo que com ela aprendi, minha homenagem póstuma, registro aqui.