Legado

Foto: Beatriz Colombelli / InternetBarbosa Lessa é considerado um dos ícones da Tradição Gaúcha
Barbosa Lessa é considerado um dos ícones da Tradição Gaúcha

Há doze anos, no dia 11 de março, o Rio Grande do Sul despedia-se de um gaúcho que deixou um grande legado à cultura, à comunicação e aos tradicionalistas. Naquele dia partia para a Querência do Céu, Luiz Carlos Barbosa Lessa, aos 73 anos. Lessa era casado com Nilza Lessa (a primeira mulher a ser patrona da Semana Farroupilha, em 2012). E para orgulho dos venâncio-airenses, abriu os festejos daquele ano, na Capital do Chimarrão, por ocasião do acendimento da Chama Crioula.

Luiz Carlos Barbosa Lessa, nasceu no dia 13 de dezembro de 1929, numa chácara nas imediações da histórica vila de Piratini (capital farroupilha), RS. Devido à dificuldade para cursar uma escola regular, teve de aprender as primeiras letras e as quatro operações com sua própria mãe, a qual, ao se improvisar de professora, também lhe ensinou teoria musical, um pouco de piano e, inclusive, uma novidade na época – a datilografia.

Mais tarde, foi cursar o ginásio na cidade de Pelotas, no ginásio Gonzaga. Aos doze anos, fundou um jornal na escola chamado de O Gonzagueano. Nele, Lessa publicou seus primeiros contos regionais e de fundo histórico. Fundou, também, o conjunto musical denominado Os Minuanos (uma das tribos indígenas no velho Rio Grande do Sul), que pretendia se especializar em música regional gaúcha mas que, por inexistência de repertório àquela época, teve de se conformar com o gênero sertanejo e um tanto de música urbana brasileira.

No Colégio Júlio de Castilhos, em Porto Alegre Lessa cursou o 2º colegial. Aos dezesseis anos já colaborava para uma das principais revistas brasileiras de cultura (Província de São Pedro) e obteve seu primeiro emprego como revisor e repórter da Revista do Globo.

Participou da primeira Ronda Crioula em 1947, juntamente com outros colegas do Júlio de Castilhos. E durante aquela histórica Semana Farroupilha, munido de um caderno de aula coletou assinaturas, de outros jovens, para a fundação do primeiro Centro de Tradições Gaúchas (CTG), que viria assim a nascer o “35 CTG. 

Nesta agremiação ele retomou seu interesse pela música regional e, na falta de repertório, foi criando suas primeiras canções, tais como a toada ‘Negrinho do Pastoreio – hoje um clássico da música regional gaúcha.

Formou-se bacharel pela Faculdade de Direito de Porto Alegre (UFRGS) em 1952. Com o seu amigo Paixão Côrtes formou uma abnegada dupla de pesquisadores, de 1950 a 1952, quando realizaram o levantamento de resquícios de danças regionais e produziram a recriação de danças tradicionalistas. Resultado dessa pesquisa foi o livro didático ‘Manual de Danças Gaúchas’ e o disco long-play (o terceiro LP produzido no Brasil) ‘Danças Gaúchas’, na voz da cantora paulista Inezita Barroso.

Incentivou a realização do Primeiro Congresso Tradicionalista do Rio Grande do Sul, levado a efeito na cidade de Santa Maria, em 1954, quando apresentou e viu aprovada sua tese de base sociológica ‘O Sentido e o Valor do Tradicionalismo’, que definiria os objetivos  do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG/RS). Onde mais tarde viria a ser Conselheiro Honorário.

Em 1956, montou um grupo teatral para apresentação de sua comédia musical ‘Não te assusta, Zacaria!’, e saiu divulgando as danças e os costumes gauchescos por todas as regiões do Rio Grande do Sul, colhendo aplausos também nas cidades de Curitiba e São Paulo.

Residiu na capital paulista até 1954, envolvido com produção de rádio, televisão, teatro e cinema, detendo-se finalmente na área de propaganda e relações públicas. Chefe de grupo de criação da Jr. Walter Thompson. Publicidade e chefe de relações-públicas do Banco Crefisul de Investimentos.

Voltou a Porto Alegre em 1974, já como especialista em Comunicação Social, tendo trabalhado na Mercur Publicidade e Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan). Aposentou-se como jornalista em 1987.

Na administração de Amaral de Souza, foi Secretário Estadual da Cultura, tendo então idealizado para Porto Alegre um centro oficial de cultura acadêmica, que veio a pré-inaugurar em março de 1983: a Casa de Cultura Mário Quintana. Mantinha pequena reserva ecológica no município de Camaquã, onde residia com a esposa Nilza Lessa, dedicada à produção artesanal de erva-mate e plantas medicinais. O casal teve dois filhos: Guilherme, analista de sistemas, residente em Porto Alegre e Valéria, casada com norte-americano e residente noestado de New Jersey, USA.

Destaques para algumas de suas músicas popular, de cunho gauchesco:

– Negrinho do Pastoreio

– Quero-Quero 

– Balseiros do Rio Uruguai

– Levanta, Gaúcho!

– Despedida

– Bem como as danças tradicionalistas em parceria com Paixão Côrtes 

Foto: Beatriz Colombelli / InternetEntre os legados de Barbosa Lessa está o Manual de Danças Gaúchas
Entre os legados de Barbosa Lessa está o Manual de Danças Gaúchas

Em sua bibliografia de cerca de cinquenta títulos, destacam-se os romances:

– República das Carretas

– Os Guaxos (prêmio 1959 da Academia Brasileira de Letras)

– Os contos e crônicas de Rodeio dos Ventos

– O ensaio indigenista  a Era de Aré,

– A tese pioneira ‘O sentido e o Valor do Tradicionalismo

– O ensaio Nativismo, um fenômeno social gaúcho’,

– Mão Gaúcha, introdução ao artesanato sul-rio-grandense

– O álbum em quadrinhos ‘O Continente do Rio Grande’ (com desenhos de FLávio Colin)

– Os didáticos ‘Problemas brasileiros, uma perspectiva histórica’, ‘Rio Grande do Sul, prazer em conhecê-lo’, e ‘Primeiras Noções deTeatro’. Também os dois volumes do Almanaque do Gaúcho.

(Fonte: Página do Gaúcho)

 

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