Participar de uma final do Encontro de Artes e Tradição Gaúcha (Enart) já é motivo de emoção para todos os concorrentes. Imagine, então, quando esta participação se dá em três oportunidades? Estar nos palcos e ter na plateia a família, os amigos e a entidade ‘em peso’, considerada a segunda família, acelara o coração, aumenta a responsabilidade. Pois, este será o momento vivido por Marla Oliveira, do Centro de Tradições Gaúcha (CTG) Chaleira Preta. Ela participa do Enart, entre os dias 18 e 20, em Santa Cruz do Sul e, além de defender duas modalidades: Intérprete Solista Vocal e Grupo Vocal, retorna ao palco com o Conjunto Musical, acompanhando a Invernada Artística nas Danças Tradicionais Força A, no sábado, 19, à noite.A prendinha, que cresceu, dormindo embaixo das mesas nos fandangos junto com pais Marco e Mara Oliveira, que davam aulas de Danças Gaúchas de Salão. Aos seis anos com o pai ela ‘aqueceu a voz’ e não teve jeito – não parou mais. Hoje, aos 26 anos, Marla tem motivos de sobra para se emocionar. Nas primeiras palavras de nossa conversa, os olhos se enchem de lágrimas ao pronunciar o nome do seu herói – o pai Marco – “Gaúcho de essência, o meu exemplo maior”, afirma Marla, sem pestanejar.
Em três palcosMarla integra o grupo musical do CTG Chaleira Preta, desde o ano passado, e está muito segura da responsabilidade, em tocar no Enart para a invernada, mas afirma que “este é o seu momento” também. Nesta empreitada ela será acompanhada por mais seis músicos, incluindo sua mana Mayara Oliveira, no palco A (Ginásio – Parque da Oktoberfest). No mesmo dia, ela já terá encantado a todos com sua voz, defendendo a modalidade individual ‘Intérprete Solista Vocal, no palco C, concorrendo com mais 37 prendas. Quando domingo chegar, novamente, ao lado da mana Mayara e mais quatro integrantes da entidade, ela retornará para defender a modalidade ‘Grupo Vocal’, pioneiros de Venâncio Aires. E, mais uma vez o músico e pai Marco fará costado, juntamente com Décio Portaluppi.
EmoçãoNão será nada fácil, segurar a emoção. Pois na plateia Marala terá a prendinha Milenna de Oliveira Richter (2,3 anos), a filhota que junto com o papai Cristian Richter e a vovó Mara Oliveira estarão aplaudindo a mamãe. Quanto ao vovô Marco e a mana Mayara, o que dizer: “Momento único”. Marla engole o choro, e como toda cantora que se autocontrola, nos conta um pouco da participação no Enart e trajetória no tradicionalismo.
Folha do Mate: Início no tradicionalismo?Marla de Oliveira: Desde sempre. Ainda muito pequena acompanhava meus pais nos cursos de Danças Gaúchas de Salão que eles realizavam. Tenho fotos de prendinha, dormindo embaixo das mesas nos fandangos.
Música na tua vida é?Tudo. é sentimento, é vida! Teve um tempo que me profissionalizei, não em termos financeiros, mas fui buscar conhecimento. Participei de corais e aprendi muito. Muito mesmo com eles. Trajetória musical no tradicionalismo:A minha trajetória musical, para entidades tradicionalistas, começou em 2005, porém, efetivamente, voltei a participar em 2015, no CTG Chaleira Preta, onde me encontrei. Antes tive participação em outras entidades, mas o Intérprete Solista Vocal [modalidade individual que Marla vai defender nesta edição], é muito individual mesmo, não era tão valorizado. E toda vez que eu procurava uma entidade para dançar, eles me empurravam para o grupo musical [grupo que acompanha as invernadas]. Isto me incomodava um pouco, porque eu queria dançar. Mas eles precisavam de musical. Hoje, o cantar me satisfaz. As pessoas valorizam nosso trabalho.
Chegar no Enart:Cantar Enart para todo tradicionalista é um grande feito. Eu acredito que estou mais experiente, mais madura para encarar o Enart com a devida responsabilidade. O momento, brinda minha trajetória musical. A minha filha me reascendeu isto, e hoje eu posso cantar pra ela. Embora ela não tenha ainda a dimensão disto, sei que a gente abre as portas do tradicionalismo para os pequenos assim, com nossos exemplos. Independentemente do resultado sei que vou estar dando o melhor de mim para as minhas duas famílias, que é a minha família de sangue e o Chaleira Preta.
Cantar com o pai:Não tenho uma data precisa, quando iniciei. Mas minha primeira apresentação em público foi aos 6 anos, no Colégio Zilda [de Brito Pereira]. Meu pai sempre esteve comigo. E, desta vez, ele vai estar comigo, tocando pra nós [Grupo Vocal – modalidade que Marla irá defender com mais cinco integrantes do CTG Chaleira Preta, incluindo a mana Mayara].
Músicas ‘na ponta da língua:Para o Enart, ao todo são 14 músicas cantadas que integram as danças tradicionais, embora preciso saber as 25. Mais a música de entrada e saída e as seis [Grupo Vocal e Intérprete Solista].