Encerram-se neste domingo as comemorações da Semana Farroupilha, que na verdade tem se transformado em um mês. Embora diante da crise financeira que assola o Rio Grande do Sul e o país, e que acaba refletindo também no psicológico de sua gente, os gaúchos mantêm cada vez mais forte o coração farroupilha. Nem podia ser diferente, pois o legado nos mostra a fibra de bravos heróis que foram à luta para defender os interesses de uma sociedade.Para muitas mães, o choro no anonimato, certamente, foi o desabafo por perderem seus filhos em lutas, os quais empunharam a espada de a cavalo ou de a pé, enquanto seus esforços lhes permitiram. Medalhas e honrarias àqueles que sobreviveram, na época, nomes de ruas, praças e monumentos para quem sucumbiu lutando até o último momento, em batalha, entre os anos de 1835 a 1845.Passados 180 anos, estamos vivenciando um momento crucial em nosso país, que leva às ruas multidões para reivindicar, protestar e dizer “Queremos mudanças.” é a voz do povo que clama para ver se ‘o fio do bigode’ pode ainda ter lugar, embora os tempos tenham mudado – é certo – porém as raízes são as mesmas. O sentimento de pertencimento, de apego às coisas que este gaúcho carrega na ‘mala de garupa’, como os valores tradicionais, estes deveriam ser infinitos. Por isso, acredito que a palavra comemoração, nem poderia ser usada, e sim reverências, pois vidas que se foram defenderam os ideais farroupilhas. Por outro lado, se comemoramos é para renovar a força, buscar a luz através da Chama Crioula, elevar nosso pensamento ao Patrão Maior, por nos dar a crença e permitir o trotear, ou galopar, de homens e mulheres nesta peleia, em busca de uma conscientização diante da situação atual – que não vem de hoje – mas que acaba se acumulando, ‘debaixo do tapete’, que até pode ser de couro. Enquanto o chimarrão passar de mão em mão, quem sabe ao pé do fogo de chão aconteça uma reflexão e se encontre uma solução, sem guerras, mas que possa manter firme e forte o nosso atavismo – que este ninguém nos tira.

Um pouco da nossa história

Conforme registros de historiadores, há 180 anos a Revolução Farroupilha se iniciava tendo como causa principal os altos impostos sobre o charque. Dez anos de luta,  que tiveram à frente os líderes Bento Gonçalves, General Neto, Onofre Pires, Lucas de Oliveira, Vicente da Fontoura, Pedro Boticário, Davi Canabarro, Vicente Ferrer de Almeida, José Mariano de Mattos, além de receber inspiração ideológica de italianos carbonários refugiados, como o cientista Tito Lívio Zambeccari e o jornalista Luigi Rossetti, além de Giuseppe Garibaldi, que embora não pertencesse a carbonária,esteve envolvido em movimentos republicanos na Itália. Um povo historicamente reconhecido pela sua bravura aguerrida em uma época onde princípios, valores e crenças eram tidos como ideais.

A Revolução Farroupilha se  iniciou após o encarecimento do imposto sobre o preço final do charque que era comercializado por grandes estancieiros no Rio Grande do Sul. Por conta do aumento dos tributos, os Farrapos desafiavam os imperiais, pois sua economia era baseada na agropecuária.

 

Momentos que marcam os festejos farroupilhas na Capital do Chimarrão

Foto: Beatriz Colombelli / Folha do MatePresidente da ATVA Ernesto Sergio Stahl e esposa Vera, com a ‘1ª Prendinha Pré-Mirim da ATVA e Piazito da 24ª RT, recepcionaram as meninas no Sarau da Prenda Jovem

Embora o movimento para os tradicionalistas seja constante o ano todo, desde o dia 15 de agosto com o acendimento oficial da Chama Crioula, no Chui, as atividades se intensificaram para prendas e peões que assumiram compromissos com suas entidades e com a comunidade. Quer seja em cavalgadas, participando de palestras e outras ações alusiva aos festejos farroupilhas, todos participaram ativamente para compartilhar este sentimento atávico tão próprio do Rio Grande do Sul.

As programações que têm o apoio da Administração Municipal, a exemplo de anos anteriores, é organizado pela Associação Tradicionalista Venâncio-Airense (ATVA), com a participação de suas entidades filiadas. Palestra,escolha de Prendas, troca de Bandeiras no monumento da Praça Evangélica, Sarau da Prenda Jovem,apresentações artísticas, oficinas no Parque do Chimarrão, Olimpíada Farroupilha, no Colégio Gaspar, Missa Crioula, Festa Campeira, desfile temático, participação em eventos da Unisc nas escolas e comunidade, e também emoutros municipios, foram algumas das ações que a comissão organizadora liderada pela vice-presidente da ATVA, Luce Carmen Mayer, acompanhada por prendas e peões desenvolveram e desenvolvem até o encerramento dos festejos, neste domingo.

Presidente da ATVA Ernesto Sergio Stahl e esposa Vera, (foto) com a ‘1ª Prendinha Pré-Mirim da ATVA, Eduarda Pohl da Rocha da ATVA e Piazito da 24ª RT, Arthur Ferreira, recepcionaram as meninas no Sarau da Prenda Jovem

 

Meu abraço vai para

Coordenador da 24ª Região Tradicionalista Dalmo Mayer e a coordenadora artística da Região e vice-presidente da ATVA, Luce Carmen Mayer. Eles que estão a galope por estas estradas, à frente dos festejos farroupilhas de Venâncio Aires, só terão um tempo para trocar as pilchas e começar tudo novamente a partir de sexta-feira, 25. é a Inter-regional do Encontro de Artes e Tradições Gaúchas que se aprochega na Capital do Chimarrão.