O impacto do coronavírus na economia do velho continente é devastante. Na semana passada retornei a Londres e fui surpreendida com prateleiras vazias na maioria dos supermercados ingleses. A população está fazendo “panic buying”, ou seja compras exageradas motivadas pelo pânico do coronavírus, na tentativa de se preparar em caso de isolamento. A corrida ao supermercado vem acontecendo nas últimas duas semanas, em busca principalmente de papel higiênico, sabonete, massas, comidas enlatadas, água sanitária e desinfectantes de álcool.
As caixinhas com comprimidos de paracetamol e ibuprofeno (vendidos em supermercados aqui na Inglaterra) sumiram das prateleiras. Em duas semanas foram vendidos 63 milhões de rolos de papel higiênico, quantidade três vezes superior ao mesmo período no ano passado. A pandemia está criando muito medo nos europeus. Ninguém quer viajar. Pra lugar nenhum! Lugares públicos estão fechados.
Aliás é praticamente é impossível viajar, pois a maioria dos países europeus está impondo restrições nos aeroportos e fechando as fronteiras. Em Vilnius, a situação é bem mais calma com somente um caso confirmado até agora. O governo lituano no entanto, a exemplo de outros países europeus, resolveu fechar todas escolas, universidades, cinemas e museus durante cinco semanas. No meu trabalho tenho contato com embaixadas britânicas em toda Europa, e todos são unânimes em dizer que nunca antes viveram situação similar. Nas próximas semanas todas embaixadas fecharão e os funcionários trabalharão em casa, inclusive eu e meu marido. Esta é talvez uma das maiores vantagens de vivermos na era da internet onde podemos facilmente nos conectar online através de com emails e reuniões através de aplicativos digitais.
A maior preocupação do governo britânico é conseguir evitar a dispersão do vírus, contendo o número de pessoas infectadas de acordo com o nível de capacidade hospitalar do país. Não existem leitos suficientes para a população idosa. Nesta semana o primeiro-ministro anunciou a contratação extraordinária de centenas de profissionais na área da saúde. A população inteira depende do sistema nacional de saúde na Inglaterra que é totalmente gratuito. Por enquanto as escolas e universidades britânicas continuam funcionando normalmente pois de acordo com pesquisadores científicos e assessores do governo é ainda cedo para isolar toda população.
O número de casos irá se multiplicar, sem dúvida alguma. No momento a orientação continua sendo a lavagem das mãos várias vezes ao dia e em caso de tosse ou febre isolamento durante sete dias, de preferência em casa sem necessidade de contatar órgãos da saúde. Conversando com amigos italianos, nossa situação aqui na Inglaterra parece menos crítica pois na Itália a vida parece ter parado de vez, com cidades fantasmas e toda população isolada dentro de casa. Sabemos, entretanto, que o pior está por vir e estamos nos preparando para isso.