Todos os anos em meados de agosto, um clima de ansiedade toma conta das famílias inglesas com adolescentes entre 16 e 18 anos. Pois na terceira quinta-feira do mês são publicados os resultados dos exames nacionais prestados pelos alunos em junho, marcando o final do curso de A-level, equivalente ao ensino médio no Brasil. O exame nacional de A-level determina o ingresso ao ensino superior no Reino Unido. Uma semana mais tarde, sempre numa quinta-feira, os resultados das provas de GCSE, obrigatórias a todos alunos que completam a escola secundária, aos 16 anos, são publicados pelo departamento de educação britânico.
Na última quinta-feira, 15 de agosto, vivemos aqui em casa uma mescla de inquietude e euforia, à espera dos resultados da nossa caçula. Entre maio e junho passado Sophia prestou uma bateria de exames nacionais a fim de completar o curso de A-level no colégio interno Stowe, no interior da Inglaterra onde ela estudou desde os 13 anos. O curso de A-level, também conhecido como “6th Form”, ou seja o sexto ciclo de estudos do currículo nacional, inicia depois de o estudante ter obtido o diploma de GCSE, geralmente aos 16 anos e continua durante dois anos, estudando poucas matérias e da preferência do estudante. O curso é, de certa forma, uma preparação para a faculdade pois o aluno tem a possbilidade de focar em determinada área de interesse. Vale salientar que no Reino Unido os estudantes não prestam vestibular para ingressar no ensino superior. As vagas são preenchidas de acordo com as notas obtidas nos exames de GCSE e A level e nível exigido pela faculdade escolhida. Tudo isso, no entanto, acontece bem antes de o aluno prestar as provas nacionais.
Desde o primeiro ano no ensino médio, os alunos participam de encontros sobre carreiras e fazem testes vocacionais para ajudá-los na escolha do melhor curso. As faculdades organizam “open days” com visitas guiadas para os futuros universitários conhecerem o campus e cursos disponíveis. E foi assim que visitamos algumas universidades para nossa filha mais nova, como Durnham no norte da Inglaterra, Bristol no oeste, Manchester no norte da país, além de considerarmos Edimburgo, na Escócia. É um processo tão diferente daquele que vivi no Brasil! Aqui os pais participam ativamente na escolha acadêmica dos filhos. Pois na Inglaterra a universidade frequentada conta muito mais do que o curso em si. Um diploma de umas das universidades do renomado grupo Russell (conjunto de 24 instituições reconhecidas mundialmente pela qualidade de ensino oferecida), é muito valorizado, independente do curso, e abre muitas portas no mercado de trabalho. E, naturalmente, estas instituições exigem no processo seletivo conceitos máximos nas provas finais de ensino médio e acabam atraindo os alunos com melhor desempenho.
A inscrição para o ensino superior é online, pelo menos nove meses antes da conclusão do ensino médio por meio de sistema único, através de um órgão central, UCAS (Universities and Colleges Admissions Service – da sigla em inglês), centro de matrículas a universidades e instituições de ensino superior e que controla o ingresso às universidades britânicas. Os estudantes podem escolher cinco opções de cursos/universidades. E mais tarde reduzem para duas universidades. A seleção é realizada pelas instituições de ensino levando em conta vários fatores, entres eles – e mais importante – os conceitos obtidos nos exames de A levels.
O resultado dos exames de A-level na última quinta-feira trouxe muita alegria ao nosso lar pois a Sophia conquistou conceito máximo e necessário nas três matérias que estudou, Filosofia, Geografia e Espanhol, garantindo sua vaga no curso de Ciências Políticas e Espanhol na Universidade de Manchester. Um novo capítulo que se inicia para nossa caçula a partir de setembro com o início do ano letivo aqui. Aliás, uma nova fase para toda família, com nosso ninho que se esvazia!