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História intrigante pelo interior da Inglaterra. De volta à terra da Rainha nesta semana cinzenta de novembro, finalzinho de outono, aproveitamos o único dia de sol para caminhar no maravilhoso parque de Hughenden. Bem agasalhada (o frio chegou por aqui também…) e vestindo botas reforçadas fui seguindo trilhas sinuosas e embarradas. Com o vento gelado soprando no rosto recortava o bosque distraída pela paisagem deslumbrante dos campos e colinas do Chiltern até chegar ao retiro campestre da nobreza britânica de outrora. Escondida no meio do verde desponta a mansão de Hughenden, uma residência histórica e com passado oculto, situada no interior da Inglaterra em High Wycombe, à 40km de Londres.


Durante os anos de 1700 e 1800 a nobreza britânica vivia o auge do grande império e aventuras a outros territórios em busca de inspiração artística e filosófica eram comuns entre os jovens aristocratas. Nesta época foram construídos muitos palácios rurais requintados onde as famílias podiam receber amigos e convidados e assim ostentar a riqueza adquirida durante tais viagens como objetos de arte, porcelanas, quadros, estátuas, tapeçarias e móveis. Justamente durante o século XVIII foi construída a mansão de Hughenden, conhecida como a antiga residência do primeiro-ministro britânico Benjamin Disraeli e preferido da Rainha Victoria (reinado 1837-1901). Disraeli passou grande parte de sua vida, até sua morte em 1881, neste casarão originalmente georgiano dividido em três andares e remodelado mais tarde no estilo gótico, de tijolos vermelhos.

Durante o século XIX os jardins em torno da mansão foram transformados seguindo o estilo clássico francês e seguem até hoje as linhas simétricas adornados por estátuas e canteiros perenes. A residência continua decorada como se a família ainda vivesse ali. é fascinante poder visitar estes palácios rurais britânicos e descobrir como viviam no passado, mergulhando na história da sociedade aristocrática daquela época.


é na verdade, um grande museu decorado, com coleções de artes e porcelana, retratos de família e inclusive a pena e nanquim usado em manuscritos de Disraeli. Na biblioteca repleta de clássicos antigos o destaque fica para a coleção de romances de Disraeli e uma nota assinada pela rainha Victoria. Mas esta mansão recheada pela história interessante do único primeiro-ministro judeu do Reino Unido apresenta outra identidade secreta fascinante.


Após a morte de Disraeli a propriedade rural foi herdada pelo sobrinho que mais tarde doou à Fundação Nacional de Patrimônio Público (National Trust). Foi então descoberto que no subsolo da mansão havia uma base do serviço secreto britânico durante a Segunda Guerra Mundial chamada “Encosta”e onde produziam mapas apartir de fotografias aéreas da Alemanha. No início da guerra não havia nenhum mapa atual da Alemanha e os britânicos foram astutos ao secretamente criar esta base produzindo mapas e assim determinando os alvos a serem bombardeados. Mais de 100 cartógrafos e agrimensores foram recrutados para trabalhar no subsolo secreto da mansão de Hughenden. Passear pelo interior da Inglaterra é isso, uma aula de história, ao vivo e a cores!


Escadaria que dá acesso aos três andares da mansão de Hughenden
Um mergulho no passado!
