Enquanto os brasileiros curtem o verão tropical, por aqui, no velho continente, vivemos dias gelados no primeiro mês do ano. Janeiro é o mês mais difícil para os norte-europeus. As primeiras semanas do ano são geralmente marcadas pelo tempo instável, neve, estradas cobertas de gelo vitrificado e escuridão. A falta de luz é um dos fatores mais marcantes nos países bálticos. Em Riga, capital da Letônia, nesta época amanhece pelas nove da manhã e pelas três da tarde a iluminação pública nas ruas já está acesa. São dias curtos e sombrios, que demoram a passar. Nesta época do ano em que os brasileiros se deliciam no litoral curtindo as férias de verão, por aqui a melancolia de janeiro bate à porta. A terceira segunda-feira de janeiro é considerada a mais triste do ano, conhecida aqui como “blue Monday” em inglês, quando os europeus se sentem deprimidos. O termo segunda-feira mais triste do ano foi criado pelo psicólogo britânico Cliff Arnall depois de considerar vários fatores que afetam a população nesta época do ano, como o frio e mau tempo, as dívidas acumuladas com presentes de Natal e o sentimento de culpa por ter abandonado as resoluções do ano novo. A verdade é que o início do ano em toda Europa é, quase sempre desolador. Nossos dias carecem de sol, seja em Riga ou em Londres.
O inverno por aqui, além de longo, pois inicia em novembro e termina lá em março, é gelado demais. As praias do mar Báltico, à 20 minutos de Riga ficam congeladas com a orla toda branquinha coberta de neve. Para quem acredita que o sul do Brasil o inverno é rigoroso, basta passar um janeiro no norte da Europa para entender a diferença do frio congelante daqui e ai na terrinha. A temperatura negativa é constante nos países bálticos, dia e noite, nevando bastante principalmente de madrugada. Lagos, rios e beira-mar congelam, formando no horizonte paisagens de tirar o fôlego. E para sair na rua é preciso estar bem agasalhado. Ou seja, vestindo casacões longos e forrados com botas com solado antiderrapante, manta, touca e luvas de couro impermeáveis. Quando a temperatura “sobe” a 2 ou 3 graus existe o risco de degelo nos prédios, causando problemas aos pedestres, pois as calçadas são interditadas para evitar que os torrões de neve depositada nos telhados caiam no pavimento público. Todos os anos pessoas morrem no norte da Europa devido ao degelo súbito e também em acidentes devido ao “black ice” que é o gelo vitrificado nas calçadas e estradas, quase sempre invisível, provocando derrapagens horríveis.
Se na rua a sensação é de estar caminhando numa câmara fria, dentro de casa ninguém sente frio! Uma das grandes diferenças entre o inverno do sul do Brasil e daqui, a calefação assegura o aconchego no lar e nos estabelecimentos fechados. A grande maioria das moradias são construídas com isolamento térmico e aquecimento em todos ambientes. Muitas casas contam com lareiras. As janelas são geralmente duplas ou até mesmo com vidro triplo garantindo vedação completa. Em apartamentos mais modernos o aquecimento interno, incluindo piso e assoalho, é padrão. Pelo interior do país, as residências mais tradicionais contam sempre com uma sala especial para sauna (seca e a vapor), muito usada pelos letões nos meses invernais.