Banhada pelo mar Báltico, a Letônia está situada no norte da Europa, fazendo fronteira com as outras duas repúblicas bálticas, Lituânia e Estônia, além da Rússia e Bielorússia. Com pouco menos de dois milhões de habitantes, esta pequena nação é bem menor que a maioria dos estados brasileiros. Sua história, no entanto, remonta a vários séculos quando o Brasil ainda não constava no mapa. A Letônia sobreviveu a conflitos e ocupações marcadas por perídos sombrios e sangrentos. São muitos os eventos históricos a serem lembrados e comemorados. Entre eles, a independência do país, que é festejada em duas datas comemorativas.
Todos os anos o dia 4 de maio é recheado de euforia em toda Letônia. Pois em 1990, nesta data simbólica e feriado nacional, o país declarava sua independência da União Soviética. Já comentei aqui na coluna sobre a história incrível da Letônia. Desde os tempos medievais os letões sempre lutaram pela própria identidade e pela liberdade. Devido às ocupações múltiplas, a república báltica comemora duas datas para marcar a independência – 18 de novembro e 4 de maio, ambas marcadas com feriado nacional. A primeira, denominada “proclamação da independência” em 1918 e a segunda, quando o país se libertou do regime comunista soviético.

Séculos de sofrimento no passado sombrio do país deixou cicatrizes profundas na população, mas criou também uma força veemente, determinante na preservação da cultura e raízes da nação. Os letões valorizam muito as tradições folclóricas do passado, principalmente as canções e atividades simples vinculadas ao home do campo. Durante dois séculos, até 1918, este pequeno país fez parte do Império Russo e foi durante este período negro que a cultura letã foi massacrada.
A jovem democracia de hoje veio com a independência da antiga URSS, há apenas 35 anos e o preço da liberdade foi alto, ceifando vidas e deixando marcas que podem ser percebidas ainda hoje. Desde então, o país vem reconstruindo sua estrutura democrática, como uma nação próspera, espelhando-se nos países vizinhos. Embora a língua russa é falada por cerca de 30% da população os governos recentes vem incentivando o distanciamento da cultura dos vizinhos russos. Em 2004 a Letônia passou a fazer parte da União Europeia e em 2014 adotou o Euro como moeda nacional.

No último fim de semana de feriadão por aqui o país inteiro se vestiu de vermelho e branco com centenas de bandeiras tremulando na capital e cidades do interior para comemorar os 35 anos de independêcia da União Soviética. Muitos monumentos, pontes e prédios em Riga receberam iluminação especial. Todos os anos a população lota as ruas da capital vestindo trajes típicos para participar dos inúmeros eventos especialmente organizados para o feriadão. Neste ano os parques de Riga se transformaram em oficinas de atividades infantis e estandes de flores onde os participantes aprendiam a fazer pequenos arranjos florais para honrar a pátria. Os letões são patriotas orgulhosos. Na praça Livu uma exposição ao ar livre retrata em detalhe a história da independência do regime comunista; enquanto o largo da Liberdade, no centro da capital, ficou lotado de gente curtindo as apresentações de dança típicas. O clima de festa espalhou-se pelos bairros com muita música, vários concertos e apresentações de grupos folclóricos além de um grande desfile com trajes típicos pelas principais ruas de Riga.
