Lareira de cerâmica típica do século XIX.
Lareira de cerâmica típica do século XIX.

Situada no norte da capital da Letônia, a Mansão de Dauderi retrata a riqueza de outros tempos no país, e hoje em dia faz parte do Museu Nacional da Letônia. Durante os séculos XVIII e XIX Riga prosperou como metrópolis, carregando em sua veia cultural a influência germânica herdada da época da Liga Hanseática. Até 1891 a língua alemã era considerada idioma oficial na capital da Letônia. Durante este período, sob o domínio do Império Russo, intensificou-se a construção de fábricas nos subúrbios de Riga. Entre estes, o bairro Sarkandaugava se tornou referência, abrigando fábricas e cervejarias.

Cozinha da mansão de Dauderi.

A história do casarão de Dauderi está associada à herança alemã e fabricação de cerveja no bairro Sarkandaugava. Em 1880, Adolf von Bungner adquiriu a cervejaria “Waldschlößchen” (“Castelo da Floresta”) e investiu no negócio, transformando o pequeno local num parque de produção. Sob sua gestão, a cervejaria cresceu rapidamente com a construção de pavilhões de produção e armazenamento em torno da fábrica. A visão do empresário foi além da expansão da fábrica pois em 1897 surgia a mansão da família de Adolf von Bungner ao lado da cervejaria. Projetada pelo arquiteto Fritz Seuberlich em estilo arquitetônico eclético, a mansão de Dauderi retrata uma mistura da influência neo-renascentista alemã e outros estilos anteriores ao período, com duas torres e sacadas. Originalmente o casarão contava com um jardim paisagístico cercado por uma mata de pinheiros e com um laguinho no centro. A mansão de Dauderi era na época considerada uma das mais belas residências de Riga. O nome Dauderi refere-se a Johann Daude, fundador da cervejaria adquirida por Adolf.

Teto detalhado.

Durante a Primeira Guerra Mundial a capital da Letônia viveu momentos sombrios e com o comércio destruído a produção na cervejaria “Waldschlößchen” também terminou enquanto a residência ficou abandonada. Entre 1937 e 1940, restaurado, o palacete se transformou na residência de verão do então autoritário primeiro-ministro, Karlis Ulmanis. Durante a União Soviética o local foi usado como jardim de infância e mais tarde como espaço de degustação de produtos fabricados URSS. Embora o abandono durante algumas décadas, a mansão de Dauderi mantém a fachada com características originais. O interior de dois andares foi restaurado com painéis de madeira originais e detalhes de gesso no teto além de contar com uma cozinha restaurada. A escadaria espiralada em uma das torres denota a influência da arte nova do final dos anos de 1800. Um dos destaques da mansão é a lareira de ladrilhos e cerâmica, muito bem preservada. Desde 1990 a mansão está aberta ao público como museu e conta com a coleção do exilado letão Gaidis Graudiņš. Pelos recintos pode-se contemplar uniformes militares, broches e trajes folclóricos, obras de arte, livros, revistas e outros artefatos. Uma exposição interativa conta um pouco da história do primeiro período da independência da Letônia e atividades culturais dos exilados letões.

Casarão está aberto ao público.