A Letônia é um país bem pequeno o que facilita passeios curtos, pelo interior esparso do país. Riga, capital e maior cidade do país com um terço da população letã, apresenta as principais conexões ferroviárias e aéreas além das linhas de ônibus ligando não apenas as cidades mas também outros países na região do mar Báltico. Entre planícies cobertas de florestas de pinheiros, espalhadas por quatro regiões na Letônia encontram-se vilarejos e cidadezinhas charmosos destacando características e tradições regionais. Jelgava é um desses lugarzinhos que podem ser visitados numa viagem curta de trem a partir da capital.
A estação de trem de Jelgava é histórica pois foi uma das primeiras a entrar em funcionamento quando a Letônia fazia parte do Império Russo. Nosso passeio à Jelgava foi justamente pelos trilhos ferroviários. Saindo de Riga viajamos num dos novos trens elétricos da companhia estatal letã e recentemente adquiridos. A Letônia está investindo pesado no transporte ferroviário e faz parte do projeto da Rail Baltica que irá coligar com trens de alta velocidade as três capitais do Báltico – Tallinn, Riga e Vilnius até Berlin na Alemanha passando por Varsóvia, capital da Polônia. As estações ao longo da nossa curta viagem de 45 minutos já estão sendo preparadas para a chegada da nova rota. Da estação de trem chegamos rapidamente ao centro de Jelgava caminhando. A primeira impressão é uma cidade tipicamente soviética pois Jelgava foi transformada numa cidade modelo com fábricas e conjuntos habitacionais durante o regime da União Soviética.
Todavia, durante séculos Jelgava era reduto da classe nobre com um centro recheado de casarios clássicos e o imponente palácio que remonta ao século XIII. Fundada em 1265 pela Ordem da Livônia com o nome Mitau, Jelgava está situada na região fértil de Zemgale, à 45km sudoeste de Riga. Durante o século XVI Jelgava era o centro do Ducado da Curlândia com muitas mansões, palacetes e igrejas. Nesta época a beleza da cidade se comparava à de Riga. Durante a Segunda Guerra mundial a cidade foi aniquilada e hoje em dia é difícil de imaginar a beleza de outrora. Uma característica peculiar de Jelgava é o número de igrejas espalhadas em cada canto da pequena cidade representando diferentes religiões, do belíssimo templo ortodoxo à catedral católica até a igreja luterana uma das construções mais antigas de Jelgava.
Entre os pontos turísticos da cidade destaca-se a Torre da Igreja da Santíssima Trindade de Jelgava. Antes de a igreja ser destruída em 1944, era a maior igreja de toda a região de Zemgale. Hoje em dia resta a torre solitária construída durante o século XVI. Aberta à visitação do público do alto da torre pode-se contemplar uma vista espetacular de toda cidade. O local conta várias exposições, em especial sobre trajes típicos e culinária da região.
Uma pequena rua escondida entre prédios soviéticos narra um pouco da história arquitetônica de Jelgava. As casinhas de madeira foram restauradas formando um quarteirão antigo com várias oficinas de artesanto e artes em geral. Jelgava é recortada pelos rios Driksa e Lielupe e cercada por paisagens verdes. A beira do rio foi construído um museu de artes a céu aberto com várias esculturas entre canteiros que nesta época ainda não estão floridos mas que no verão se transformam em passarela para curtir os longos dias da estação do calor. No museu da História e Artes no centro da cidade, contemplamos uma pitada da grandeza de outros tempos. A construção em estilo barroco tardio remonta ao ano de 1775 e abrigou a primeira universidade da Letônia. Hoje em dia conta com várias exposições sobre o passado da região e inúmeros artefatos, pinturas e obras de artes em geral.