Passeio em Riga, capital da Letônia

Com as restrições devido à pandemia para viajar fora da Europa, durante alguns dias de agosto aproveitamos para retornar à Letônia, país vizinho da Lituânia e Estônia. Os três países bálticos fizeram história no dia 23 de agosto de 1989 quando dois milhões de lituanos, letãos e estonianos formaram um cordão humano de 600 km, de Vilnius à Tallinn, em protesto contra o regime da União Soviética da qual fizeram parte durante cinco décadas. Esta demonstração pacífica precipitou o esfacelamento da URSS, criando um vínculo muito forte entre as três pequenas nações. Os países bálticos se destacam pela história riquíssima e de certa forma semelhante, caracterizada por ocupações múltiplas durante séculos e domínio do Império Russo. Nas últimas três décadas as três repúblicas vêm prosperando economicamente e cada vez mais atraindo turistas pois desde 2004 fazem parte da União Europeia. Em 2014 o Euro se tornou a moeda oficial dos três países facilitando assim a vida dos turistas e visitantes europeus.

Nossa viagem de carro de Vilnius até Riga durou pouco menos de quatro horas, com algumas paradas, percorrendo 300 km de estradas retilíneas – mantidas com fundos da União Europeia-, atravessando florestas e contemplando paisagens de muito campo e plantações. A chegada à Riga é plena de suspiros pois já de longe, da estrada, pode-se avistar o panorama das torres pontiagudas e pontes interligando a capital. Devido a sua localização estratégica próxima ao mar Báltico, junto à foz do rio Daugava, Riga sempre foi um pólo econômico e portuário muito importante da Europa do Norte. Com cerca de 630 mil habitantes é a maior capital dos países bálticos, sendo que mais da metade da população tem origem russa.

Durante o século XIV Riga fazia parte da Liga Hanseática, vasta associação de mercadores que visavam assegurar o monopólio do comércio do mar Báltico e comandada pelos alemães. Ao longo dos séculos a cidade perdeu seu poder mercantil embora continue a fazer parte da rota báltica. Riga é um daqueles lugares que encanta logo na chegada, uma capital compacta com centro histórico medieval divino e declarado patrimônio da humanidade pela Unesco. Nosso passeio em família é pleno de caminhadas, várias paradas em lojinhas, cafés e, claro, em restaurantes, que são tantos, espalhados em cada cantinho de Riga. Saboreamos pratos de batata deliciosos com carne ou peixe defumado, sempre acompanhados de uma ótima cervejinha local.

Passear em Riga é voltar no tempo, retornando ao passado glorioso desta capital histórica, pois graças ao extensivo trabalho de restauração, a cidade conserva a mesma aparência arquitetônica que ostentava durante séculos passados. A impressão é de estar nos perdendo num labirinto colorido, recortado por ruelas de pedras estreitas emolduradas por magníficas construções, igrejas, torres pontiagudas e tantos palacetes. Quando a impressão é de estar chegando no fim do túnel sempre encontramos mais um caminho sinuoso a ser descoberto. A capital da Letônia é simplesmente apaixonante! É um lugar para ser explorado sem pressa, atravessando pontes de ferro antigas, contemplando o vai e vem de barquinhos no canal, caminhando pelos parques verdejantes nesta época de verão, se perdendo e se achando novamente neste meandro de palacetes coloridos e medievais.

Colorido contagiante na capital letã.

Entre uma esquina e outra, pequenas praças repletas de barzinhos e restaurantes respingam jovialidade. À noitinha, artistas de rua alegram os visitantes com som de música clássica ecoando pelas ruelas. O velho e novo se misturam com harmonia. Um dos pontos centrais na parte antiga de Riga é a praça da Prefeitura (Ratlauskums), onde está localizado o impressionante Palacete das Cabeças Negras que remonta ao século XIV e que durante o comando da Liga Hanseática era a sede da Confraria de Solteiros. A exemplo de outras construções históricas nesta praça, o palácio de 1334 foi bombardeado durante a Segunda Guerra Mundial e reconstruído de maneira surpreendente durante os anos 90, tal e qual como nos tempos antigos utilizando fotos da época. A fachada colorida retrata minuciosamente cada detalhe da construção, além do belíssimo relógio astronômico dourado, criando uma vista de tirar o fôlego! Esta praça é um cartão postal ao vivo e por ali passamos algumas horas, sorvendo um bom chimarrão, escutando o legado desta construção através de um guia local.

Palacete das Cabeças Negras remonta ao século XIV.

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