Riga, uma capital elegante e surpreendente

Os países bálticos passaram dois séculos escondidos e sem identidade própria, vivendo sob o Império Russo até 1917 e durante cinco décadas, até 1990, faziam parte da União Soviética. São talvez, por isso, países ainda desconhecidos do turismo de massa e principalmente dos brasileiros. Destinos tradicionais como Inglaterra, França, Espanha e Portugal são os preferidos dos turistas canarinhos. No entanto, aqueles que se aventuram a seguir mais adiante, no cantinho do norte da Europa, não se arrependem. Pois por aqui encontram-se três pequenas repúblicas, menores que a maioria dos estados brasileiros, com capitais que parecem cidades do interior, mas com beleza de tirar o fôlego e história que remonta bem antes de o Brasil ter sido descoberto. Estônia, Letônia e Lituânia são países riquíssimos culturalmente como um baú de surpresas.

Riga, onde moramos atualmente, é um daqueles lugares que surpreendem logo na chegada. Esta capital pequena, com pouco mais de 600 mil habitantes, pode ser visitada facilmente a pé. Sua história remonta ao século XII quando servia de parada para ancorar as embarcações que cruzavam do leste ao sul, e desde os tempos dos vikings era um ponto vital de cruzamento mercantil. Devido a sua localização estratégica próxima do mar, junto à foz do rio Daugava, historicamente a capital da Letônia teve um papel econômico e portuário muito importante da Europa do Norte. Durante o século XIII fazia parte da Liga Hanseática, vasta associação de mercadores que visavam assegurar o monopólio do comércio do Mar Báltico e comandada pelos alemães. Riga carrega em suas artérias uma história incrível, mesclando estilos arquitetônicos de forma singular.

Arquitetura elegante pelas ruas de Riga.

Ao caminhar pelas ruas do centro de Riga a impressão é de estar entrando num museu a céu aberto. Engana-se quem acredita que elegância arquitetônica pertence à Paris! A capital letã é a verdadeira metrópole de Art Nouveau. Em três ou quatro quarteirões da capital concentra-se o maior número de prédios em estilo Art Nouveau do mundo. Uma galeria a céu aberto de construções ousadas e opulentas e que deixa o pescoço cansado de tanto olhar para cima na tentativa de apreciar cada detalhe. No distrito de Art Noveau contemplamos um emaranhado de palacetes bem conservados com exemplos maestrais deste estilo tão em voga no início do século passado.O centro histórico da capital da Letônia foi tombado Patrimônio Mundial da UNESCO em 1997 assim como o bairro onde se encontra, de acordo com parecer da UNESCO, a melhor coleção de construções Art Nouveau da Europa. Se a parte antiga de Riga é dominada pelas contruções medievais, no centro da capital da Letônia imperam os magníficos palacetes em estilo Art Nouveau.

Temos sorte de morar neste bairro, também conhecido como a vizinhança mais calma de Riga. Um distrito exuberante, formado por um conjunto arquitetônico surpreendente de prédios bem conservados e que por vezes parecem um pano de fundo de cinema. Um terço das construções apresenta a linha romântica traduzida pela ornamentação exagerada com gárgulas, serpentes, esfinges, expressões faciais, conchas e motivos florais adornando as entradas, janelas e sacadas.

O estilo Art Nouveau é característico do final do século XIX e início do século XX predominante em vários países europeus. Foi na verdade uma reação contra as correntes predominantes de historicismo e ecletismo. A funcionalidade entre objetos e palacetes se destacava no estilo Art Nouveau, mas no final as construções se transformavam em verdadeiras obras de arte através das linhas sinuosas e uso de ferro e vidro. É isso que encontramos em Riga! Na capital letã o movimento culminou durante a primeira década de 1900, durante o Império Russo.

Rua Alberta no centro da capital letã.

Uma das vias mais conhecidas é a pequena rua Alberta, com suas majestosas construções que parecem sussurrar entre si. Aqui encontram-se alguns dos prédios mais famosos e monumentais assinados pelo arquiteto russo Mikhail Eisenstein que morou durante muitos anos na capital letã e cujo filho , Sergei Eisenstein, foi um dos mais importantes cineastas soviéticos de todos os tempos. Neste quarteirão encontra-se também o Museu Nacional de Art Nouveau projetado pelo arquiteto Konstantins Peksens e onde ele residiu até 1907. A escadaria espiralada que dá acesso ao apartamento do arquiteto é uma verdadeira obra de arte!

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