O primeiro mês do ano no continente europeu é geralmente triste e gelado. Passada a euforia das festas natalinas, janeiro traz consigo um ar melancólico nas terras europeias. No norte da Europa é um mês coberto de neve, temperaturas negativas e dias pardos. Nesta época é comum ver nas casas luzes usadas para terapia contra depressão sazonal. Órgãos públicos nos países bálticos e nórdicos orientam a população a usar suplemento de vitamina D já que durante os primeiros meses do ano o sol é escasso e os dias são curtinhos.
Nos países europeus localizados mais ao sul e costa do Mediterrâneo, entretanto, o inverno não é tão rigoroso, e se comparado às três repúblicas bálticas chega a ser ameno. Na Espanha, Portugal, Grécia e Itália, por exemplo, o céu azul acompanha as temperaturas baixas e isto faz uma diferença enorme do dia-a-dia das pessoas. E é por isso que nesta época do ano muitos europeus do norte viajam de férias para o sul, fugindo da escuridão em busca do azul celestial do mediterrâneo. No último fim de semana eu e meu esposo nos juntamos a este êxodo, partindo de Riga à Roma num voo lotado de gente faminta por sol. E a capital italiana não nos decepcionou!
Viajar para Roma significa reviver lembranças maravilhosas para nós, pois ali moramos durante quatro anos e meio. Nossos filhos mais velhos nasceram na capital italiana criando assim laços eternos para nossa família. Nossa viagem à Roma foi de apenas quatro dias mas teve um significado bem especial pois comemorei meu aniversário durante o passeio a esta cidade incrível. Se no Brasil a chegada da nova idade era geralmente festejada à beira da piscina ou na praia sob calor tropical, nas últimas três décadas aprendi a festejar meu dia especial bem entrouxada, no inverno gelado ou na neve, bem longe da família no Brasil.
Com cerca de 4,4 milhões de habitantes, incluindo a zona metropolita, Roma é a maior cidade da Itália. Considerada o berço da civilização ocidental, a capital italiana é um museu a céu aberto. Em cada canto da cidade somos surpreendidos com um pedacinho de seu passado milenar. A história da Roma Antiga se divide em três grandes períodos históricos, que vão da Monarquia, entre os anos de 753 a.C. a 509 a.C., a República, entre 509 a.C. a 27 a.C., e finalmente o período do Império Romano, com a cidade de Roma sendo a capital entre os anos de 27 a.C. a 330 d.C. Ao caminhar pelas ruas da capital italiana é quase impossível de compreender que há tanto tempo os romanos desfrutavam desta cidade maravilhosa e foram pioneiros na construção de aquedutos, vias pavimentadas e sistemas de esgoto.
Nosso passeio em Roma foi sem roteiro, afinal de contas somos amigos de alma. A cada dia escolhíamos um quarteirão e deixávamos o coração nos guiar. Passamos pelo centro histórico, caminhando sem rumo sob o céu azul romano passamos pela fontana de Trevi, escadaria Espanhola, palácio Quirinale, praça del Popolo e castelo de Santo Angelo. Mais adiante tomamos um cafezinho gostoso na praça Navona (minha favorita), observando o vai-e-vem de gente. Perambulando pelas ruelas emolduradas por palacetes de outros séculos chegamos até o templo de Panteão, uma construção esplêndida que remonta a 126 a.C. No parque de Villa Borghese relembramos as inúmeras manhãs de domingo que passamos brincando com nossas crianças então, hoje em dia adultos. Visitamos igrejas do século IV impregnadas de história religiosa e afrescos coloridos pelas paredes. Roma é uma cidade fascinante, de grande importância histórica, monumental, artística e religiosa atraindo milhões de visitantes todos os anos. A maior atração é sem dúvida o Anfiteatro Flávio, conhecido popularmente como Coliseu, principal cartão postal da cidade e símbolo do Império Romano. Não importa quantas vezes já visitamos Roma, em qualquer época ano, todos caminhos levam à Cidade Eterna.