Há quase seis anos morando na região do mar Báltico, trazemos hoje algumas curiosidades sobre a Letônia e países vizinhos. Em 2018 nos transferimos de Londres para descobrir Vilnius, capital da Lituânia e no verão de 2022 nos mudamos para Letônia. Vilnius fisgou nosso coração e depois de quatro anos maravilhosos descobrindo cada cantinho da cidade, nos despedimos desta capital contagiante com o coração partido. A mudança de país, no entanto, nos manteve na mesma região pois da Lituânia fomos para Riga, onde moramos atualmente. A capital da Letônia é bem diferente de Vilnius. Riga tem jeito e cara de cidade grande embora a população de pouco mais de 600 mil habitantes. Fundada há oito séculos, a capital letã esbanja charme com seu centro histórico minado de palacetes antigos e pelas largas avenidas do centro da cidade, a arquitetura Art Nouveau se encarrega em deslumbrar os amantes da extravagância arquitetônica do final dos anos de 1800. A capital da Letônia atrai milhares de turistas todos os anos em busca do charme de outros tempos.
Pois Riga é além de pequena, segura, e pode ser facilmente visitada a pé. Os principais pontos turísticos encontram-se no centro da capital da Letônia, recheada de história. E hoje relato alguns fatos pitorescos e interessantes sobre esta nação minúscula, espremida entre a Lituânia e a Estônia, e banhada pelo mar Báltico. A exemplo dos outros dois países bálticos, a Letônia é uma jovem nação, independente desde 1990 mas com história que remonta a muitos séculos pois este pequeno território já fez parte da Liga Hanseática mercantil e Ordem Teutônica durante o século XII.
1 – Controvérsia sobre o primeiro pinheiro de Natal – Existe um conflito entre a Letônia e Estônia sobre a existência da primeira árvore de Natal do mundo. As duas nações argumentam que o primeiro pinheiro natalino teria sido decorado em seu país. A briga começou em 2010 quando a Letônia fez uma propaganda de Natal contando sobre um evento ocorrido em Riga em 1510 que teria tido a primeira árvore. Os estonianos, então, afirmaram que um evento similar e com um pinheiro de verdade teria acontecido em Tallinn em 1441. Até hoje os historiadores não alcançaram um consenso sobre a controvérsia.
2 – Flores em número ímpar – Letões, lituanos e estonianos adoram dar e receber flores mas o buquê deve ser com número ímpar de flores pois os arranjos com número par são reservados aos mortos. No interior das casas e apartamentos é comum manter vários tipos de folhagens, principalmente nas janelas. Na verdade a decoração com plantas é também muita usada em bares e restaurantes. Buquê de rosas significa amor, e para declarar a paixão uma rosa é suficiente!
3 – Influência alemã – Durante a Idade Medieval, a Ordem Teutônica dominou a região marcando a Letônia e Estônia. Cruzados alemães e missionários católicos influenciaram significativamente a região. A Lituânia tornou-se um país católico enquanto os letões e estonianos abraçaram a religião luterana. A influência alemã em Riga e Tallinn pode ser vista até hoje na arquitetura de alguns prédios medievais que sobreviveram às ocupações posteriores.
4 – Reforma agrária – Após a independência da Letônia em 1918 marcada pela vitória contra as tropas soviéticas e germânicas, o país introduziu uma reforma agrária radical que acabou transformando a economia da jovem nação. Enquanto em 1897 sob o domínio do Império Russo mais de 60% da população rural letã não tinha direito a terras, em 1936 a comunidade do interior se estabelecia com mais de 80% da zona rural distribuída em pequenas propriedades.
5 – Riqueza natural – Apesar de ser chamado de pedra, o âmbar báltico é, na verdade, uma resina fossilizada de árvores de 50 milhões de anos, principalmente no mar Báltico, proveniente de uma grande variedade de pinheiros que desapareceram há milênios de anos. O âmbar tem grande importância na cultura báltica. Era procurado pelos vikings, comerciantes do Egito e do Império Romano. Até hoje nas três capitais bálticas, o âmbar é sinônimo de saúde e bem estar com inúmeras peças destacando a resina amarelada.
Prezada Solange, sou um brasileiro residente na Lituania. Parabens pelos seus comentários que denotam cuidadosa pesquisa histórica e fotos tiradas com senso profissional.Siga em frente!