A agricultura brasileira passou por uma série de transformações nas últimas décadas. Com novas tecnologias adaptadas às nossas condições de produção, a produtividade das lavouras aumentou consideravelmente. No entanto, para que a nossa agricultura possa continuar se desenvolvendo, precisamos cuidar do nosso bem mais precioso: o solo. Ele que sustenta e propicia o pleno desenvolvimento das culturas.
Ao longo dos anos, o plantio direto na palha se mostrou uma técnica de manejo eficiente no controle da erosão, minimizando as perdas de solo. Entre os principais benefícios desse sistema estão a conservação do solo, a manutenção de nutrientes e os ganhos de produtividade. No entanto, a utilização apenas do sistema plantio direto, sem práticas conservacionistas complementares, é um dos grandes equívocos da nossa agricultura.
Nem sempre, a adoção integral desse sistema de manejo é suficiente para o efetivo controle dos danos provocados pelo excesso de água das chuvas que provoca a formação de escoamentos superficiais ou enxurradas. Práticas conservacionistas complementares, mecânicas ou vegetativas, como a semeadura em contorno com linhas de semeadura em curva de nível, são indispensáveis para a conservação dos nossos solos a longo prazo.
Semeaduras a favor do declive, a retirada de terraços e o desleixo com os sistemas conservacionistas de manejo do solo vêm provocando um aumento da erosão do solo em nossas lavouras mecanizadas, com culturas anuais. Em termos de conservação do solo, é desejável que a água da chuva infiltre e fique armazenada no solo para as plantas ou que seja drenada de forma adequada, sem escorrimentos superficiais O manejo do solo, portanto, afeta diretamente a dinâmica da água e o processo de erosão observados em solos agrícolas.
A erosão dos nossos solos está diretamente associada ao impacto das gotas de chuva sobre a superfície. A palhada do sistema plantio direto tem papel fundamental na redução da erosão. No entanto, as práticas conservacionistas complementares são fundamentais para conter e disciplinar as águas de escoamento superficial para evitar a formação de sulcos de erosão nas lavouras e, consequentemente, prevenir a formação de voçorocas.
A conservação do solo inicia pela utilização do solo conforme a sua aptidão agrícola. Manejos conservacionistas que reduzam as operações de preparo e revolvimento são fundamentais, além claro da manutenção da palhada e uma boa rotação de culturas. Uma agricultura conservacionista pode ser entendida como uma agricultura que respeita os conceitos da conservação do solo, com o intuito de conservar e/ou restaurar os recursos naturais existentes através do manejo integrado do solo, da água e da biodiversidade. Sistemas agrícolas mais sustentáveis só serão possíveis através da aplicação dos princípios e dos conceitos da agricultura conservacionista.