Galinha caipira à moda italiana

No final de outubro, eu tive a oportunidade de participar de um simpósio sobre o bem-estar animal e a produção de aves e suínos criados ao ar livre em Assis, na Itália, região caracterizada pela abundância de oliveiras que dominam a paisagem de clima subtropical/mediterrâneo. De modo geral, a produção de aves e suínos criados ao ar livre exige conhecimentos e paradigmas cognitivos diferentes em relação ao sistema convencional. Animais criados ao ar livre têm acesso a áreas externas onde podem se movimentar livremente, explorar o ambiente natural e expressar comportamentos naturais, como ciscar (no caso das aves) ou revirar a terra (para suínos).

Neste contexto, o objetivo do simpósio foi desenvolver conhecimento sobre sistemas de produção alternativos, com foco no bem-estar animal, na qualidade da carne e na sustentabilidade da cadeia produtiva. Na coluna de hoje, compartilho a experiência da propriedade San Bartolomeou, a qual explora a produção de galinhas caipiras em conjunto com a produção de azeite de oliva. Essa integração é próspera, uma vez que as galinhas, por meio de seus dejetos, trazem benefícios ao olival em termos de fertilização, enquanto as oliveiras são benéficas para as aves, proporcionando sombra e proteção contra predadores.

Para evitar ataques de predadores, os animais são alojados em diferentes galpões durante a noite, sendo liberados pela manhã para circular ao ar livre e expressar os seus comportamentos naturais, como ciscar e buscar algum alimento suplementar à ração fornecida, retornando às instalações ao anoitecer. Os animais levam cerca de 120 dias para serem abatidos, 3 vezes mais do que um frango de corte sob sistema convencional. Devido ao constante movimento, a carne apresenta uma coloração mais vermelha, típica da galinha caipira.

Como ilustrado na foto, os animais saem das instalações e costumam consumir a grama próxima, sendo necessário realizar uma rotação dos galpões produtivos para que a grama possa se reestabelecer. Do ponto de vista ambiental, o sistema não é tão atrativo, pois necessita de mais recursos para produzir o mesmo kg de carne do sistema convencional. No entanto, possui um certo apelo devido à questão do bem-estar animal. Embora não seja uma propriedade totalmente orgânica, os produtos são comercializados com o selo de animais criados ao ar livre. Um sistema de integração interessante. Talvez possamos realizar algo similar no Rio Grande do Sul em um futuro próximo.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

DESTAQUES

Template being used: /var/www/html/wp-content/plugins/td-cloud-library/wp_templates/tdb_view_single.php
error: Conteúdo protegido