A maioria dos municípios gaúchos depende da agropecuária. As perdas provocadas pela estiagem vêm trazendo enormes prejuízos para a economia, o meio ambiente e a sociedade, em geral. O setor primário é responsável por mais de 40% do PIB estadual, com participação superior a 60% nas exportações do estado. Em meio à estiagem, 200 municípios gaúchos já decretaram situação de emergência, com perdas estimadas em R$ 20 bilhões. Enquanto a região Sudeste do país sofre com chuvas torrenciais, verdadeiros dilúvios, temos que nos contentar com as nossas chuvas minguadas de verão. Um meio termo parece não existir. Estiagem para uns, chuva para outros. Não tem como não se indignar com isso. É muito triste ver o trabalho do produtor rural que planta, põe adubo e utiliza sementes de boa qualidade se perdendo antes da colheita. A situação é grave e tende a piorar.
Mato Leitão, por exemplo, já decretou racionamento de água. A medida levou em consideração os impactos da estiagem, que já deixa em alerta o abastecimento de água da população e dos animais. O município é o primeiro da microrregião a decretar o racionamento. Entre outras medidas, o decreto proíbe a utilização de água para atividades não essenciais.
De modo geral, a grande maioria do milho cultivado para vender o grão foi utilizado para fazer silagem. A maioria das lavouras teve uma queda de produção de 50%, no mínimo. Nem parece que o inverno teve chuvas acima da média. A expectativa para a safra 2021/2022 era boa, porém deixou muito a desejar. Com chuvas esporádicas, algumas lavouras resistiram até a colheita, permitindo pelo menos pagar parte do investimento feito.
Nestas horas, percebemos a importância do seguro rural e a necessidade de novas fontes de crédito para o agronegócio. Nesse sentido, agricultores podem acessar o seguro para minimizar perdas. Novas oportunidades de financiamento agrícola vêm surgindo, de modo a personalizar as propostas de crédito, de acordo com o histórico e perfil de cada produtor. No caso do seguro rural, esta possibilidade pode baratear o valor do prêmio das apólices, por exemplo. Não podemos deter as grandes chuvas nem evitar a pior das estiagens.
Porém, planejamento, sim, faz toda a diferença. O Rio Grande do Sul convive há anos com estiagens prolongadas. O uso da irrigação, contudo, avança lentamente no estado. Historicamente, a cada dez anos, em sete deles há algum comprometimento do potencial das lavouras devido às questões climáticas. E qual a consequência de tudo isso? Redução da oferta de alimentos e consequente aumento dos preços. São Pedro, continuamos à espera da chuva!