A goiaba, fruta tropical por excelência, encontrou no Rio Grande do Sul um lar improvável. Nativa da América do Sul e adaptada a climas quentes, a goiabeira (Psidium guajava L.) surpreende pela resiliência, mesmo em regiões com invernos mais rigorosos. Entre as frutas tropicais brasileiras, a goiaba se destaca pelo alto valor nutricional e pela versatilidade: pode ser consumida in natura ou transformada em sucos, doces, geleias e compotas. Com um teor de vitamina C até sete vezes maior que o da laranja, a goiaba também é rica em fibras, vitamina A e minerais como cálcio e ferro.
Apesar de todos esses atributos, ela não é uma unanimidade. Eu particularmente gosto, embora não consiga comer muitas de uma vez. Mas o aroma da goiaba, esse, sim, me encanta. Por aqui, a colheita já começou, e a safra tem superado todas as expectativas. Apesar do frio, os frutos estão com excelente calibre e qualidade. A colheita, feita manualmente, ocorre quando a fruta atinge o ponto ideal de consumo. A imagem das frutas recém-colhidas, com casca amarelada e aroma inconfundível, é o retrato desse tempo de goiaba. Pena que elas estão amadurecendo mais rápido do que conseguimos consumir.
Seu amadurecimento acelerado, agravado pela mosca-das-frutas, é um desafio constante aos produtores. Essa praga, que deposita ovos no interior dos frutos, danifica a polpa e acelera o apodrecimento. Para pequenos pomares, o controle inclui soluções simples e eficazes, como o uso de iscas atrativas, além do recolhimento e ensacamento dos frutos caídos. Embora a produção nacional esteja concentrada em estados como São Paulo e Pernambuco, a goiaba tem encontrado também espaço aqui no estado, sobretudo em pequenos pomares familiares, mesmo sendo pouco explorada do ponto de vista comercial. Apesar dos desafios climáticos, a goiaba é a prova de que, com manejo adequado, até os trópicos podem frutificar no Rio Grande do Sul.