A atividade agropecuária, por natureza, produz uma grande quantidade de dejetos animais. Esses dejetos são compostos por fezes, urina, água, e/ou ração que quando não manejados corretamente podem contaminar o solo, bem como cursos d’água. Para muitos, o tratamento de dejetos é visto como uma atividade onerosa, tanto de tempo como de dinheiro. Uma exigência legal frente a órgãos ambientais, como forma de reduzir o impacto ambiental da atividade. Afinal, o dejeto animal sempre foi visto como fertilizante, tornando o tratamento desnecessário (no passado).
No entanto, o tratamento de dejetos passou a ser visto como uma oportunidade de renda extra para muitos produtores, com benefícios econômicos diretos e indiretos. Por exemplo, produção de biofertilizantes, aplicação em pastagens e geração de energia elétrica a partir do biogás. No Brasil, a forma mais comum de tratar os dejetos animais consiste no seu armazenamento em esterqueiras para posterior aplicação. Uma opção de baixo custo para produtores que desejam utilizar tais resíduos como fertilizantes.
Nos últimos anos, como forma de mitigação do impacto ambiental, alguns sistemas de produção com confinamento de animais, produtores de grande volume de dejetos, vêm implementando tecnologias de baixa emissão de carbono. Podemos destacar o Compost Barn, a compostagem mecanizada e a biodigestão anaeróbica (via biodigestores). Tecnologias que visam reduzir a emissão de gases de efeito estufa; consequentemente o impacto ambiental, bem como aumentar a produtividade do sistema.
O tratamento de dejetos via biodigestão é capaz de reduzir o potencial poluidor dos efluentes em 70-85%. Se acoplado a lagoas de estabilização, é capaz de reduzir também a proliferação de pátogenos em mais de 90%. Por sua vez, o Compost Barn reduz a quantidade de água do sistema, uma vez que não há a necessidade de lavar frequentemente as instalações. Tanto biodigestores como o sistema Composrt Barn são capazes de reduzir o odor característico dos dejetos animais, reduzindo a atração de moscas.
De modo geral, quando o assunto é tratamento de dejetos, muitos esperam uma solução única, passível de ser utilizada em inúmeras situações. Porém, todos os sistemas de tratamento de dejetos animais disponíveis apresentam vantagens, desvantagens e limitações. Por exemplo, o que é aplicável a bovinos de leite pode não ser para suínos e vice-versa.
São inúmeras as possibilidades. No entanto, muitos desafios ainda precisam ser superados, com tecnologias adaptadas à remoção de metais pesados, antibióticos e patógenos específicos. Em relação à transferência de tecnologia, o caminho a ser trilhado ainda é longo. Porém, com a preocupação da população em relação às questões ambientais, o tratamento de dejetos animais veio para ficar.