Biodigestores são uma solução sustentável e eficiente para o tratamento de resíduos orgânicos. Durante a digestão anaeróbia, na ausência de oxigênio, microrganismos convertem matéria orgânica em biogás. Rico em metano, o biogás pode ser utilizado como fonte de energia em propriedades rurais ou ser comercializado. Por sua vez, o resíduo final do processo, conhecido também como digestato, pode ser utilizado como biofertilizante, de modo a reduzir os custos com adubos químicos e melhorar a ciclagem de nutrientes.
Para muitos produtores, os dejetos animais passaram a ser vistos como uma oportunidade de renda extra. Sobre a utilização de biodigestores, as dúvidas mais frequentes que recebo estão relacionadas ao custo-benefício da tecnologia e ao retorno do investimento. Apesar de eficiente, a tecnologia nem sempre é viável para todos os sistemas de produção. Na maioria das vezes, o investimento inicial é alto, demorando em média 8 a 10 anos para se pagar. Num primeiro momento, é necessário assistência técnica especializada e adaptações no sistema conforme os resíduos/dejetos utilizados.
Na foto, podemos observar biodigestores experimentais acoplados a um sistema que avalia a produção de biogás de dejetos animais. Este experimento, realizado durante o meu doutorado, avaliou o impacto da redução de nitrogênio dos dejetos na produção de biogás. A relação carbono/nitrogênio é um dos fatores mais importantes para o sucesso da digestão anaeróbia. Ela influencia diretamente a atividade dos microrganismos envolvidos, o equilíbrio nutricional do digestato e a eficiência na produção de biogás.
Políticas públicas voltadas ao setor podem expandir o uso comercial de biodigestores, de modo a promover sistemas agropecuários mais sustentáveis. Com biodigestores, transformamos desafios em oportunidades: energia limpa, solo fértil e um meio ambiente preservado. Por uma produção agropecuária mais sustentável, onde todos saiam ganhando.