Venâncio Aires - Na semana passada analisamos alguns aspectos relacionados ao uso da tecnologia da informação na vida moderna das pessoas. São equipamentos que chegaram para ficar, entretanto, parece até que ainda não nos acostumamos com suas implicações. Os adultos em geral tendem a se afastar destas máquinas medonhas, a não ser que as suas atividades profissionais exijam uma maior interação homem-máquina.
Um estudo publicado recentemente na Alemanha analisou o efeito da longa permanência das crianças em frente ao computador e à televisão. O Programa Internacional de Avaliação de Alunos constatou que crianças que tinham acesso ao computador, tanto em casa como na escola apresentavam um melhor desempenho no rendimento escolar. Entretanto, aqueles que tinham acesso a equipamentos disponibilizados nos seus quartos, apresentavam uma tendência a obterem piores notas. Pelo simples fato de utilizarem o computador mais para brincar do que para estudar, perdiam muito tempo com diversão. O aproveitamento para um estudo mais sério ficava prejudicado. O rendimento mostrava-se melhor naqueles casos em que a máquina era utilizada apenas uma ou duas vezes por semana. Outro fato observado diz respeito ao melhor rendimento observado nos filhos de pais com profissões que exigiam uma maior diferenciação intelectual e que possuíam computador em casa. Foi verificado um maior rendimento justamente naqueles casos em que havia uma maior interação entre pais e filhos e uma maior restrição ao uso da máquina pelos filhos.

A televisão ocupa uma função semelhante ao do computador, apesar de ser menos interativa. A pesquisa também levantou a permanência das crianças na frente destes equipamentos. Observou-se que no Brasil, mais de 90% das casas possuíam acesso à televisão e que as crianças brasileiras ao permanecerem mais de três horas e meia por dia em frente a estas telinhas eram as campeãs mundiais de permanência. Apenas a título e comparação, verificou-se que os pequenos telespectadores da Alemanha, apesar do inverno rigoroso, permaneciam em média apenas uma hora e meia na frente dos televisores.

O estudo também constatou alguns problemas naquelas escolas, nas quais a máquina havia substituído o professor na execução de alguns trabalhos em aula. Nestas situações observou-se um importante desvio no objetivo da tarefa que havia sido proposta, pois, muitas vezes os alunos apenas agilizavam seus trabalhos escolares para poderem dedicar-se aos jogos ou às “brincadeirinhas” de caráter particular.

A pesquisa sinalizou com algumas observações bem pontuais e que podem servir de parâmetros para um melhor controle tanto do uso da televisão como dos computadores disponibilizados para crianças e adolescentes. Na prática, o computador, como principal passatempo, tende a ocupar uma posição semelhante à televisão no dia a dia das crianças e adolescentes. Assim, a utilização moderada de computadores nas salas de aula poderá trazer grandes benefícios, entretanto, o aproveitamento continua beneficiando aquelas escolas que continuam investindo mais em livros do que em computadores para o ensino dos alunos.

O estudo mostrou que a informatização revolucionou o aprendizado, seja em ambiente doméstico seja nas escolas. Entretanto, o uso descontrolado destes equipamentos traz consigo sérios riscos às crianças e adolescentes até a idade dos 15 ou 16 anos. Isto vale tanto para a televisão como para o computador. Por outro lado, na medida em que o jovem aprende a utilizar o computador como instrumento do seu crescimento pessoal e como recurso para a execução da sua futura atividade profissional, seus benefícios poderão se tornar imensuráveis.